A Love In Martial Arts-Chaesoo

11 一個好人

POV Autora

Kim amola sua adaga de forma lenta e pensativa, suspira encarando a árvore enorme a sua frente, ela a faz lembrar das tentativas vergonhosas de Chaeyoung que tentou de várias formas subir, mas não conseguiu em hipótese alguma. Por incrível que pareça, sente medo, medo de se apegar a alguém que tem uma vida incrível pela frente e que tem um coração tão bom. Seu pai a mataria se soubesse dessa sua mínima ligação com Park, não importa se é somente uma aluna. Passou tantos anos obedecendo e tentando de alguma forma agradá-lo que mal percebeu que enterrou o ser bondoso que um dia foi, dando lugar a algo sombrio, uma coisa que nunca foi até os seus 10 anos de idade, depois disso, acreditou que para sobreviver e comer, tudo o que deveria fazer é o que seu pai deseja e deu certo, até sua morte e se sentiu ligeiramente livre, mas ciente o suficiente para entender que só restou ela da família e que provavelmente irá morrer sozinha. Seu único desejo é que não lembrem dela como um monstro e sim como uma pessoa qualquer que apenas morreu, seu pai criou um monstro, mas não significa que morrerá com esse título nas costas.

— Você me fez um lixo... — chuta a cadeira, com raiva por estar com esses pensamentos e sentimentos a tona; e tudo por causa de uma garota qualquer.

Uma garota meiga, sorridente, chata e ligeiramente curiosa que admite mexer com ela, mesmo que não querendo e seu peito queima em busca de soltar o que está reprimindo ao máximo, não sabe o que é, mas entende que não é algo que seu pai gostaria que sentisse. Deixaria de ser quem se tornou por causa de uma pessoa? Não... Foram anos de sofrimento para enfim conseguir ser o que ele desejava, não jogará tudo fora, lágrimas, gritos, dores e sangue assim por causa de uma garota que conhece a apenas alguns meses. Teria apanhado feio se seu pai estivesse vivo agora, assim como sofreu ao dizer que achava uma garota da sua rua bonita, seu pai a castigou por sentir tal coisa e aprendeu a nunca mais falar o que passa por sua cabeça, principalmente se for algo que o desagrada. Não consegue entender como um ser pôde se transformar da água para o vinho depois que sua mãe morrera, antes não era assim, mas depois se tornou a pessoa mais fria e inexpressiva do universo.

10 anos atrás...

— Você é um garoto! — resmunga sério sentando Kim bruscamente na cadeira — E sempre será um garoto e ai de você se discordar, entendeu?

— Sim, senhor! — responde encarando o espelho a sua frente, seus cabelos grandes e lisos formando leves ondas.

O barulho da máquina a faz fechar os olhos passando a língua levemente pelos lábios secos ao puxar bastante ar pela boca. Escuta o som do ranger da tesoura ao ter seu cabelo cortado até a nuca e logo o barulho mais alto da máquina de cortar cabelo contra sua cabeça, acertando cada cantinho para que fique o mais masculino possível. Assim que ele termina, a puxa bruscamente pela blusa a carregando para dentro do banheiro, exigindo que ela tome banho rapidamente e assim Kim faz, saindo encolhida e se enxugando de forma apressada para não aborrecer o mais velho, sai do local enrolada no roupão e observa o Kimono nas mãos de seu pai, esse que estende para ela e a mesma rapidamente se veste, sendo impedida na hora de colocar o sutiã.

— Se vire! — manda grosseiramente, ela obedece e ele prende uma fita dando início nas suas costas, correndo envolta dos seios também apertando bem — Agora vista-se!

— Sim, senhor. — responde obedecendo e se virando para o homem, esse que ajeita seu cabelo e acerta um tapa não tão forte no rosto delicado a sua frente.

— Faça expressão de rapaz e não de uma garota frágil! — manda saindo do quarto, deixando Kim para trás, essa que leva a mão na cabeça e alisa os cabelos bem curtos.