6 Lonely Cat

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POV Autora





Chaeyoung sorri correndo pelo quintal da casa indo atrás de Alice, essa que gargalha tentando fugir e não deixa de gritar quando é pega. Abraça o corpo magro e agitado da pequena, 8 anos de pura bagunça e agitamento. Beija a bochecha da mais nova e a carrega para dentro, ambas sorrir quando avistam duas tigelas com doce que sua mãe fez, se sentam e logo levam advertência da mais velha por não lavarem as mãos. Ambas de bico se levantam e limpam as mãos devidamente voltando para a mesa começando a comer do doce maravilhoso.





— Está muito bom mãe, obrigada. — Park agradece deixando um beijo na bochecha da mulher e sorri quando sua irmã faz o mesmo.

— Obrigada pelo elogio amores da minha vida. — sorri bagunçando os cabelos das duas — Filha? Pode ir ao mercado depois?

— Posso. O que quer? — pergunta terminando seu doce, a morena entrega a lista e Chaeyoung se levanta pegando.

— Acha que consegue trazer? — questiona carinhosa e preocupada, Park afirma sorrindo pedindo licença após fazer uma apresentação de músculos, fazendo não só sua mãe mas também a pequena comilona rir.





A de cabelos platinados corre pelas ruas indo em busca do mercado de temperos, pegaria as coisas leves primeiro. Compra quase tudo e resmunga baixo quando quase esquece do leite, paga por ele e sorri quando vê alguns bolinhos frescos, compra alguns com o troco, explicaria para sua mãe depois. Agradece a vendora e caminha carregando tudo, em seguida resmunga quando crianças praticamente passam por cima dela.




— Precisa de ajuda? — um rapaz loiro aparece de supetão ao seu lado, claramente a assustando — Desculpa a abordagem. Me chamo Park Jimin, e você?

— Chaeyoung. — sorri educada, o rapaz indica as sacolas para pegar e a garota aceita — Nunca o vi por aqui, eu acho.

— Me mudei esses dias, a cidade grande as vezes é horrível! — informa com uma expressão engraçada, Park ri entendendo — Meu filho gostou daqui.

— Você é pai? — pergunta sorrindo abertamente, recebe um aceno positivo e alegre do loiro — Que fofo, como ele se chama?

— Kwan! — responde orgulhoso — O Appa dele é um babão e mima bastante ele, tenho que ficar de olho.

— Appa? — pergunta curiosa, o aparentemente mais velho até então, fica vermelho e sem graça — É casado com um homem?

— Sim. Não é homofóbica, é? — pergunta receoso, Chaeyoung ri negando e ele suspira dramático — Graças a Deus!

— Como o homem da sua se chama? — pergunta. Não ligando para a grande curiosidade da garota, Park rapidamente responde.

— Jungkook! O coelhinho mais fofo e debochado que já conheci! — responde com um sorriso enorme e apaixonado, deixando a mais nova encantada.

— Espero um dia poder conhecer sua pequena família, Jimin! — sorri para ele que afirma contente — Chegamos. Obrigada por me ajudar, de verdade.

— Meu pai me ensinou que sempre devemos ajudar as pessoas, principalmente garotas. — responde sorrindo mas logo se policia — Não que garotas não sejam capazes de carregar suas próprias bolsas, é que...

— Eu entendi. — bate de leve do ombro do rapaz, pega suas bolsas e se curva brevemente — Obrigada mais uma vez, espero te encontrar novamente e com sua família.

— Eu irei adorar lhe apresentar eles. Até mais Chaeyoung. — se despede continuando seu caminho para casa com sua bolsa, enquanto Park adentra sua casa contente por ter feito aparentemente uma amizade.



(...)




Kim estava descendo as curtas escadas da frente da casa e caminhando até o portão, alguém está batendo e tem certeza que não é uma garota sorridente como sempre. Abre a grande madeira e da de frente com um senhor segurando uma bolsa, ela se curva por educação e agradece pelas correspondências. Ainda no portão, lê a frente e a parte de trás encontrando a de luz, a de água logo após, a do gás e um cartão preto, sem nada escrito que lhe responde quem havia a mandado, apenas "Kim Jisoo" na frente do envelope.




Caminha de volta para dentro após fechar o portão, abre o envelope preto e pega o papel branco, suspira vendo que é do governo, precisava renovar a lápide e colocar flores, a pedido do "governo", fazia anos que não visitava seus pais, principalmente sua mãe. Não tem forças o suficiente para encarar aquela lápide, com o nome da mulher que lhe trouxe ao mundo, sua mãe teve meses quando se mudaram para Hong Kong, soube que não teria sua mãe, quando faltava dias para ela ir embora, se despediu de forma dolorosa, ficou ao lado da mulher até o último suspiro, enquanto o pai lamentava a perda, mas não demonstrava tanto sentimento, sentir é sinônimo de fraquezas.
  Suspira jogando as cartas em cima da mesa, pela primeira vez teria que enfrentar sua dor, ao invés de escondê-la, veria pela primeira vez a lápide da mãe e sabe que não estará pronta para isso.





— Vou começar a trancar a casa toda. — informa ao ver o gato adentrar a casa e se rastejar até ela pedindo carinho — Porque não foi para a casa de Chaeyoung? Ela tem carinho para te dar.




O bichano apenas ronrona deslizando a cabeça pelo braço da morena, essa que receosa faz um carinho no felino. A última vez que recebeu carinho, tinha cinco anos, deitada em uma maca, numa sala fria e com sua mãe pálida ao seu lado, que mesmo cansada, não deixou de acariciar seus cabelos castanhos e deslizar seus dedos pelas sombrancelhas delicadas da pequena, sua menina enfrentaria tudo sozinha dali para frente, sem carinho do pai e apenas ela, chorou antes de acolher melhor a menina e fechar os olhos lentamente, se entregando de vez ao cansaço.



— Você parece não ter ninguém...estamos juntos nisso. — continua séria acariciando os pelos macios do pequeno — Somos injustiçados, mas a solidão é um caminho bom, é aonde você aprende a se virar sozinho, sem depender de ninguém. Se cuida, faz tudo e morre sozinho, sem dar trabalho a ninguém, não é?




O gato ronrona se deitando na mesa apreciando toda a atenção que está ganhando, poucas pessoas são capazes de fazer isso, ainda mais com um animal. Kim se senta na cadeira e continua a acariciar o pequeno, esse que em uma leve retribuição, esfrega o nariz da mão da morena, essa que faz careta pelo focinho úmido, mas quase ri quando ganha uma leve mordidinha no seu dedo indicador. Como alguém pode abandonar um ser tão inocente assim? Ela entende do porque foi abandonada, uma garota ensinada a lutar até a morte, defender apenas a si própria e jamais ter sentimentos por alguém, não merece ter ALGUÉM. As vezes na calada da noite pensa como seria se sua mãe ainda estivesse viva. Teria sido obrigada a matar como foi pelo seu pai? Teria sido obrigada a lutar? A ser fria e inexpressiva? Quando enfim se toca das tristezas que a acompanha, trata logo de afastar tudo, sentir é sinônimo de fraquezas.



— Você pode ficar aqui, desde que não faça sugeira e invada meu espaço! — ordena apontando para o felino que a encara como se entendesse — Jamais entre no meu quarto! Está avisado.

A Love In Martial Arts-ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora