capítulo 15

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Noah Urrea

(...) Da sua maravilhosa e inesquecível Gabrielly.

Sorri ao ler o final da carta dela. No meu bloco de notas do celular.

Quando acordei e não a encontrei ao meu lado, eu sabia que era o certo.

Se ela demorasse para voltar, o idiota do marido faria um escarcéu, mas ainda assim, desejei que não fosse sua prioridade voltar para ele.

Guardei o celular no bolso da jaqueta e sai do meu quartinho, mas não sem antes dar uma última olhada para o cômodo. Sorri mais uma vez e foi ridículo.

Quando estacionei minha moto na garagem da mansão, levantei a cabeça e a vi de longe, na janela de seu quarto, me olhando com indiferença para logo em seguida fechar as cortinas e desaparecer.

Passei a mão pelo rosto e balancei a cabeça.

- Foi só sexo, Jacob. Só sexo.

Passei o resto do dia pensando no que tinha acontecido.

Eu só precisava me infiltrar na mansão e articular a melhor forma de fazê lo pagar pelo que fez com meu irmão, mas transar com a esposa do meu chefe não estava nesses planos, muito menos parecia correto.

Era como se, de alguma forma, eu estivesse traindo meu irmão.

Nico deveria ser minha prioridade e não meus desejos mais primitivos.

Eu sou uma pessoa horrível!

Me sentei na beirada da cama e encarei minhas próprias mãos. Talvez ela não fosse como eles, talvez eu a tivesse julgado mal, principalmente depois da forma como ela agiu no orfanato, aquelas crianças haviam ficado tão felizes.

Respirei fundo e peguei meu celular que não parava de tocar.

Era Peralta, o detetive particular que eu havia contratado.

- Sr. Urrea? olha desculpa, eu sei que é natal, mas estive fazendo umas pesquisas e falando com algumas pessoas sobre o que o senhor me pediu...

Senti meu coração bater mais forte no peito.

- E o que você descobriu?

Peralta suspirou do outro lado da linha e depois remexeu em algo que pareciam folhas. Eu até podia imaginá-lo dando uma última tragada em seu cigarro e depois colocando-o dentro do cinzeiro de vidro que havia ganhado da esposa no último aniversário.

- Um dos funcionários da empresa dos Beauchamps não é tão fiel quanto pensam... Depois de algumas bebidas e de umas partidas de baralho, o cara abre o bico fácil.

ele riu para si próprio.

- Parece que ninguém lá gosta muito do trabalho, mas eles pagam o suficiente para comprar até a alma de todos.

Assenti mesmo que ele não pudesse ver e fiquei de pé, fui até a porta do quarto e a abri, olhei o corredor. Vazio. Tranquei a porta e falei:

- Pelo visto eles vendem a alma ao diabo. Então, o que ele falou?

- As obras de arte. Aquelas obras que custam meus rins que eles vendem... São fachadas! Uma puta fachada para o tráfico de entorpecentes.

imoral [noany]Onde histórias criam vida. Descubra agora