capítulo 28

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Noah Urrea

Aquele desgraçado não havia poupado esforços para me colocar ali.

Desde o começo ele sabia que eu era irmão do Nico e sequer demonstrou.

Um psicopata.

Eu estava andando de um lado para o outro na cela minúscula que haviam me colocado e só conseguia pensar na Any.

Ele a faria muito mal enquanto ela estivesse em suas mãos, em seu domínio...

Fui até as grades e as segurei com força.

Não me deixaram dar um telefonema sequer e não falavam nada.

Se eu tivesse... Se eu tivesse me controlado e deixado de lado a ira, eu estaria com ela e saberia o que de fato aconteceu.

Eu só devia ter ficado quieto, depois eu daria todos os murros que ele merecia.

Mas eu acabei caindo na armadilha escrota dele.

Soltei o ar pela boca com força e soltei as grades, caminhei até a cama e me sentei no colchão duro que era a única coisa "confortável" daquele lugar.

Ele ia mandar me matar.

Claro que ia.

Ia me manter ali até que cansasse e depois mandaria que me matassem para que eu me afastasse da Any.

Filho da puta!

E eu não podia fazer nada, NADA!

Fiquei de pé novamente e tentei pensar em alguma solução, mas não havia saída. Eu já tinha implorado para fazer uma ligação, mas os brutamontes que me colocaram na cela fingiam não me ouvir e ameaçaram me "apagar" caso eu continuasse berrando.

─ Ei!

Levantei a cabeça rapidamente e fitei um dos policiais que me trouxeram até a cela; era um homem branco e muito alto, devia ter o dobro do meu tamanho, que mastigava um chiclete pálido e me encarava como se eu fosse um ser desprezível.

─ Veio me matar por acaso? Se não for isso, melhor me deixar sozinho.

Ele riu e eu senti nojo.

─ Corajoso, né? Deveria ter mais cuidado.

Cruzei os braços rentes ao peito.

─ Não tenho mais nada que perder. - Falei. - A mulher da minha vida deve ter morrido e minha família...

─ Que pena que eu tenho de você... - Zombou. - Deixa de ser idiota e me segue.

O policial abriu a cela e arrastou as grades fazendo um barulho agudo que ecoou por todo o ambiente imundo; caminhei até ele e estiquei os braços, ele me algemou e eu sai. Eu poderia ter tentado fugir, mas não iria longe. Eu daria um passo e ele daria um tiro certeiro.

Não era a hora de deixar a burrice falar mais alto.

Ele me mandou ir na frente e eu obedeci; seguimos por um longo e mal iluminado corredor e, pelo caminho, vi alguns caras sentados nos fundos da cela enquanto outros falavam aos berros; quando os presos nos viram passar, me olharam com um misto de "Tá fodido" com "Quem é esse idiota?", ignorei todos.

Eu tinha agido como um idiota e, claramente, eu estava fodido mesmo.

Se pelo menos eu pudesse vê-la uma última vez...

─ Foi o Joshua Beauchamp que te mandou me matar, não foi? - Indaguei.

Um outro policial abriu uma pesada porta de ferro e passamos por ela.

imoral [noany]Onde histórias criam vida. Descubra agora