capítulo 33

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Noah Urrea

Eu fui um imbecil!

Eu devia ter contado tudo antes.

Deveria ter aberto o jogo e dito tudo o que eu senti e tudo o que pensei em fazer com ela antes de ficar perdidamente apaixonado.

Foi um erro atrás do outro.

Quando cheguei no saguão do hotel, ela já havia entrado no táxi e quando corri atrás do veículo, ela ignorou meus gritos.

Fiquei parado no meio da pista esperando que o táxi fizesse a volta e ela tentasse me ouvir, mas nada aconteceu.

Nada.

E eu sequer podia culpá-la por me odiar. Eu mesmo me odiava.

Abaixei a cabeça e enxuguei as lágrimas. Não adiantava mais.

Mas isso não queria dizer que eu iria desistir. Eu iria atrás dela e do meu filho nem que pra isso eu tivesse que atravessar o inferno.

Um carro buzinou e eu me assustei e só então me dei conta que ainda estava no meio da pista; corri para a calçada e precisei de alguns segundos para me situar de onde estava e de que precisava voltar para o hotel.

Pessoas passavam por mim de forma apressada e por alguns segundos me desliguei do mundo a minha volta.

O jeito que Any me olhou antes de ir embora não saia da minha cabeça e eu tinha a impressão que passaria a vida inteira tendo pesadelos com aquele momento.

E a culpa era apenas minha.

Quando passei por uma barraquinha de doces e faltava pouco para entrar no prédio, senti meu corpo ser levemente empurrado para a frente e em seguida uma voz baixa sussurrou para que eu ficasse em silêncio e continuasse andando.

Nas minhas costas, o cano de uma arma.

Os capangas do maldito haviam me encontrado.
(autora: fudeu k)

Sabina havia me alertado inúmeras vezes para não sair do hotel, pois era arriscado, mas eu não havia pensado nisso.

E como eu iria pensar quando o que estava em jogo era o amor da minha vida?

O homem atrás de mim ditava ordens sutis, mas eu podia sentir o cano da arma amassar minha pele.

Um arrepio subiu pela minha espinha e se alojou na minha nuca.

Fui guiado para longe da movimentação dos carros e das pessoas e por um momento pensei em gritar, mas e se eles fossem atrás dela? E se ele se vingasse nela?

Não. Antes eu do que a Any e o meu filho.

─ Se você fizer qualquer movimento diferente, eu mato você aqui mesmo, filho da puta.

Eu esbocei um sorriso frio.

─ Eu não sou idiota.

─ Eu acho que é sim. Tipo, foi comer logo a mulher do patrão? Que burrice, cara. Que burrice.

Fechei a mão com força e tranquei os dentes.

O ódio estava pulsando nas minhas veias.

─ Cala a boca.

Ele riu e me empurrou na direção de um carro que estava estacionado perto de um beco.

─ Entra ai, Vagabundo.

Olhei ao redor e, como eu já imaginava, mais capangas saíram de dentro do carro.

É claro. Claro que teriam muitos deles.

imoral [noany]Onde histórias criam vida. Descubra agora