capítulo 35

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Noah Urrea

Mesmo com a mão em cima do ferimento, o sangue escorria por meus dedos e descia pela minha barriga, manchando a calça e a camisa.

Me apoiei no cara que Sabina mandou e permiti que ele me guiasse pelo corredor cheio de lodo que vez ou outra nos fazia escorregar.

Eu não sei se acreditava em Deus com toda a fé, mas se eu havia conseguido me salvar, tinha algo muito maior por trás de tudo aquilo.

O tiro havia pegado em Joshua, de raspão na barriga, mas como ele já estava fraco, havia desmaiado e eu consegui me levantar, apesar do ferimento causado pelo canivete; peguei a arma e sai.

Quando cheguei no outro cômodo, não encontrei segurança nenhum e quase respirei aliviado.

Segui por alguns corredores e me dei conta que eu estava no caminho para o inferno.

Quando me escondia por trás de uma estante velha, ouvi vozes e me encolhi. Eu precisava agüentar a dor e evitar que me ouvissem, mas as vozes ficaram mais altas e próximas, então eu reconheci uma delas.

Falaram que a Sabina enviou um homem para me ajudar.

Mas eu não podia confiar, até onde eu sabia, ele poderia ser um dos capangas...

Observei enquanto o sangue continuava escorrendo e segurei a arma com força. Eu atiraria. Atiraria em qualquer pessoa.

Mas, para a minha surpresa, ele começou a chamar por meu nome e a dizer que estava ali para ajudar. Em um primeiro momento eu duvidei, mas por conta de todo o sangue que estava perdendo, senti minha visão escurecer e pendi para o lado fazendo com que a estante velha fizesse barulho e eu fosse descoberto.

Tentei levantar a arma quando o vi, mas eu estava muito fraco.

─ Deus do céu! Precisamos ajudá-lo! - Era uma voz feminina.

Abri bem os olhos e senti um gosto ruim na boca, engoli.

Uma senhorinha.

─ Se apóia em mim, Noah. Eu vou te ajudar. A Margô e eu estamos aqui pra te ajudar, mas você precisa fazer um esforço, tá? Você consegue andar?

A voz do homem era calma e extremamente baixa.

─ A Any... - Murmurei e tossi. ─ A Any...

─ Você precisa me ajudar, Noah... - ele insistiu como se não estivesse me ouvindo. ─ Vamos, eles vão voltar logo e a gente não pode estar aqui.

Eu não tinha forças para me negar a obedecê-lo, então permiti que me guiasse, mesmo que vez ou outra eu quisesse questionar o motivo daquela ajuda tão inesperada.

E quem era aquela mulher?

E se eles estivessem ajudando o Beauchamp?

Iriam me matar...

Outra onda de dor passeou por meu corpo e eu me contorci.

Margô me segurou do outro lado.

─ Ele está com muita febre, precisamos levá-lo até a minha casa. Eu tenho umas ervas e vou poder ajudá-lo.

O homem apontou para uma porta a frente e fez sinal para continuarmos.

─ Eu acho que seria melhor levá-lo para a emergência. O ferimento parece que foi bem profundo.

─ E você acha que o imbecil não irá procurar no hospital? Garoto, respeita meus cabelos brancos e me obedece! - A mulher protestou. ─ Eu tenho experiência com esse tipo de coisa e posso ajudá-lo.

imoral [noany]Onde histórias criam vida. Descubra agora