capítulo 26

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Josh Beauchamp

Aqueles filhos da puta!

Eu sabia a cara de cada um que havia invadido a exposição.

Eu conhecia aqueles infelizes.

Eles eram os que faziam o trabalho sujo para o Marcos García, o cara que jamais aceitou que a minha família se tornasse mais próspera que a dele e incessantemente tentava foder com todos nós.

Mas desta vez ele tinha ido longe demais.

Ele poderia ter apenas tentado me matar, mas decidira jogar muito baixo.

O salão da exposição tinha sido quase todo destruído pelo fogo e algumas pessoas haviam ficado feridas; um de seus capangas tinha invadido a sala onde eu estava e eu mal conseguia me lembrar direito das coisas, pois estava muito escuro, apenas saquei minha arma e atirei, depois fugi para procurar minha esposa.

E foi ai que o mundo parou.

Any não estava em lugar nenhum do andar de cima, por isso sai correndo aos tropeções para o andar de baixo, me embrenhei na multidão que tentava a todo custo quebrar as portas de vidro para sair, pois haviam trancado tudo.

Tentei atravessar o salão para encontrá-la, mas ela não estava.

Parecia um inferno.

Fui empurrado para todos os lados e ouvi senhoras berrando por ajuda.

O fogo tomava conta do teto e ameaçava fazê-lo cair sobre nossas cabeças a qualquer momento.

Ordenei que meus seguranças procurassem minha mãe e Sabina, mas apenas as encontrei depois que as ambulâncias e a polícia chegaram ao local.

Tínhamos conseguido sair pela porta dos fundos que dava para um jardim e, assim que as gotas de chuva caíram em cima dos nossos corpos desesperados, o alívio percorreu nossas veias.

Estavam a salvo.

Mas eu não estaria a salvo até encontrar minha esposa.

Tentei voltar para o salão, mas os bombeiros impediram que qualquer pessoa entrasse.

Gritei por Any, mas ninguém respondeu.

─ Senhor Beauchamp! Senhor Beauchamp! Por Deus!

A voz que berrava por mim era de uma senhora que eu pouco conhecia, mas que freqüentava todas as minhas festas, pois seu marido era um dos meus sócios.

Ela segurava a barra do vestido outrora elegante e me fitava com desespero no olhar.

─ O que aconteceu?

─ Sua mãe! Sua mãe foi baleada!

─ O quê?

Engoli em seco e olhei ao redor.

Isso não é possível!

•••

Noah Urrea

O sangue de Any escorria pelas minhas mãos e manchava minha roupa quando atravessei a recepção do hospital com ela em meus braços.

Seu corpo magro e pequeno estava pálido e havia menos cor ainda em seus lábios que eu havia beijado minutos antes.

Eu não podia deixá-la morrer.

Ajeitei-a melhor nos meus braços e chamei por seu nome, mas seu rosto não me dava nenhum sinal de que ela tinha me ouvido, principalmente porque boa parte dele estava coberta de sangue e caco de vidro.

imoral [noany]Onde histórias criam vida. Descubra agora