capítulo 31

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Any Gabrielly

Josh era muito mais imbecil do que eu pensava. Ele achava mesmo que eu iria acreditar que aquela velha colorida estava ali para me ajudar?

Claro que não!

Ele a tinha posto ali para me testar. Eu não podia confiar.

Nunca.

─ E eu tenho cara de quem ajuda maluco, por acaso? - Margô indagou quando eu falei que não acreditava nela.

Fiquei de pé e cruzei os braços.

─ Até parece que meu marido iria contratar alguém para me ajudar a enganá-lo...

─ Ele se casou com uma mulher que o traiu a vida inteira. Você ainda estranha a pouca inteligência dele?

Abri a boca e voltei a fechá-la.

Encarei-a bem e quis me defender, mas era a verdade.

Passei anos da nossa vida de casados traindo o meu marido e ele sequer imaginou... Quão inteligente eu estava achando que ele era?

─ Como sabe de tudo isso? É vidente? - Murmurei.

Margô sorriu como se sentisse pena de mim e depois se sentou na beirada da minha cama.

─ Criança, uma coisa eu te digo, eu sei muito mais do que você e qualquer pessoa possa imaginar. - Ela me olhou nos olhos. - Já ouviu falar da Babá Mary Poppins?

Eu ri.

Ri não, eu gargalhei dela até me curvar para a frente e ficar sem ar.

Uma lunática.

Josh havia contratado uma lunática.

─ Por acaso você anda com um cajado e bate ele no chão para a magia acontecer? - Gracejei.

Margô riu também.

─ Você é muito amarga para uma jovem tão bonita e que tem tanto pela frente, sabia? - Parei de rir. - Não tenho um cajado ou magia, mas tenho um bom coração. E quando falei da Mary Poppins, eu me referi a algo que ela sempre dizia: Quando precisarem de mim, mas não me quiserem, é quando eu devo ficar; mas quando me quiserem, mas não precisarem de mim, então eu irei embora.
(autora: falou tudo)

Balancei a cabeça. A graça havia acabado.

─ Não me imagino como aquelas crianças do filme. Nunca precisei de ninguém, sempre me virei sozinha.

─ Ah, é verdade? Tudo bem. - Ela se levantou e passou a mão pela saia. - Então não vai precisar de ajuda para ir visitar seu homem, né?

Arregalei os olhos.

─ Como sabe do Noah? Como? Me responda!

─ Calma, Criança. Calma... - Margô respirou fundo. ─ Quando entrei aqui, você parecia distante e muito triste. Aquele seu marido não é o amor da sua vida, está nítido. Está na cara que o seu verdadeiro amor não está aqui, mas que você anseia para tê-lo por perto. Estou errada?

Eu queria estar perto dele...

Queria estar nos braços de Noah e que ele me desse forças para passar por esses momentos.

Inconscientemente levei a mão até a barriga.

Nosso filho.

─ Ele se chama Noah Urrea. - Sorri ao lembrar dele. - E eu o amo, Margô.

─ Pelos seus olhinhos apaixonados eu não tenho dúvidas desse amor... Quer saber? Eu vou te ajudar a encontrá-lo. Hoje mesmo.

Por um momento meu coração se acelerou, fui até a janela e sorri para mim mesma, mas logo em seguida o gosto amargo da realidade me açoitou com força.

imoral [noany]Onde histórias criam vida. Descubra agora