capítulo 37

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Any Gabrielly

O dia estava demorando a passar e isso me deixava agoniada.

Joshua não chegava e, para completar, eu não sabia se Lionel havia conseguido levar a carta até Noah.

Eu queria que ele lesse até a noite. Seria melhor que ele soubesse antes que eu não havia feito aquilo usando de egoísmo e que meu maior desejo era que ele cuidasse do bebê que estava na minha barriga.

Eu queria que ele soubesse que eu o amava, para o caso de eu não poder dizer nunca mais.

Levantei da cama e fui até a janela, olhei o jardim por entre as grades escuras e respirei fundo. Eu daria tudo para ir até o jardim e sentir o cheiro das rosas.

Em pensar que dias antes eu daria tudo por jóias e dinheiro...

Não que isso tudo não fosse importante, porque era e muito, mas naquele momento... Naquele momento eu não arriscaria minha vida por tão pouco.

Até porque, mesmo que eu me fodesse, havia um belo hotel no meu nome em Cancún e uma boa quantia em dinheiro que eu havia conseguido desviar das contas do Josh.

Eu não iria sair daquilo tudo de mãos vazias. Além do mais, o futuro do meu filho estava em jogo.

Se bem que...

Caminhei até perto da cama enquanto me lembrava de Noah falar sobre ser dono de uma rede de lojas... Dinheiro.

Ele tinha muito dinheiro...
(autora: ai não any para pfv)

Sorri para mim mesma.

No fim tudo caminharia para o melhor.

Ouvi a porta ser destrancada e olhei de soslaio para o travesseiro onde estava a tesoura, mas quem entrou não foi meu marido imbecil, mas sim a estúpida da mãe dele.

Numa cadeira de rodas.

Um dos seguranças a deixou no meio do quarto e saiu.

Eu a encarei demoradamente e abri um sorriso.

Ela estava péssima e isso era maravilhoso.

─ Ora, Ora... - Sentei na beirada da cama e cruzei as pernas. ─ Você está... Péssima.

Mesmo claramente debilitada, vi o brilho do mal cintilar em seus olhos escuros.

─ E você não parece muito melhor.

Assenti.

─ Uma desfigurada e uma aleijada... - Suspirei e balancei a cabeça. ─ Seria até cômico, se não fosse trágico, não acha?

Ursula sorriu e seu corpo magro pendeu um pouco para o lado.

Ela parecia estar sumindo dentro daquela cadeira enorme.

─ Talvez seja cômico depois que passar isso tudo e eu puder cuspir em cima do seu caixão. - Retrucou. ─ Mas penso em convencer meu filho de te enterrar num buraco mesmo, sem caixão, sabe? Evita gastos desnecessários.

Aquilo soou morbidamente engraçado e eu ri.

Levantei-me e caminhei até a janela, girei nos calcanhares e a encarei.

─ Ainda bem que eu não tenho medo de morrer, não é? Mas enfim... Não acho que é a minha hora ainda.

─ Sua sorte é estar grávida deste bastardo! Josh é um idiota de assumir esse fedelho que nem é dele.

─ Não é dele?! - Fingi surpresa e arregalei os olhos. ─ Caramba! Sério? Nossa! Eu... Eu estou completamente ofendida com a sua acusação, sogrinha. De verdade. E quer saber? Seu netinho vai ficar bem triste com isso quando crescer... ─ Me apoiei no balaustre da cama e a encarei. ─ Mesmo que eu sinta que você não estará viva para vê-lo crescer. Uma hora ou outra esses seus ossos velhos vão esfarelar e você não será nada além de um estorvo jogado num canto da casa... Até que seu coração nojento irá parar de bater e seremos obrigados a fingir tristeza. Quando, na verdade, estaremos tão felizes que mal poderemos disfarçar os sorrisos triunfantes!

imoral [noany]Onde histórias criam vida. Descubra agora