"Não chore nas despedidas, pois elas constituem formalidades obrigatórias para que se possa viver uma das mais singulares emoções da vida: O reencontro.
Richard Bach"
Eu não sabia o que dizer, não sabia como reagir, apenas fiquei parada, encarando seus olhos castanhos. Fazia anos que não via aqueles olhos.
Só conseguia reparar em como ele estava diferente, seu rosto não era mais de menino. Liam havia se tornado um homem, de barba e algumas olheiras. Ele aparentava estar mais alto, mais forte, mais... maduro.
— Quanto tempo, não é mesmo?! — ele sorri. Seus dentes estavam mais brancos e alinhados.
— Sim — ri fraco — muito tempo mesmo — falei. E ele olhou para o Harry, que estava atrás de mim.
— Não vai me apresentar o seu amigo, Ayla — Liam disse.
Segurei a mão do Harry e puxei ele para ficar ao meu lado.
— Harry, esse é Liam, um amigo meu de infância — eles apertaram as mãos. — Liam, esse é Harry, meu namorado — pude ver o semblante do Liam cair e logo em seguida ele disfarçar.
— É um prazer conhecê-lo — Liam disse. — E foi bom ver você Ayla, sempre que puderem, voltem ao restaurante.. Será um prazer receber vocês — ele concluiu e saiu.
— Seu amigo parece que não ficou muito contente em saber que sou seu namorado — Harry disse e caminhamos para fora do restaurante.
— Liam sempre foi assim — ri fraco — mas ele ficou feliz sim. Se eu estou feliz, sei que ele também está — falei convicta. Mas eu não tinha tanta certeza do que eu estava falando.
Seguimos o caminho de volta ao meu trabalho, Harry estacionou o carro na porta.
— Hoje não vou conseguir buscar você, ficarei até tarde na empresa em reunião — ele avisou.
— Tudo bem, eu chamo um carro por aplicativo — sorri e dei um selinho para nos despedir.
Desci do carro e entrei no prédio. Fui para a minha sala.
18:43pm
Organizei minha mesa, peguei minha bolsa e sai da sala. Caminhei em passos largos pelo corredor, quando vi o elevador se fechando, corri.
Pela minha felicidade, a pessoa que estava lá dentro segurou a porta, e pela minha infelicidade, a pessoa era Cynthia.
— Se eu soubesse que era você, não teria me dado o trabalho de segurar o elevador. — ela revirou os olhos.
— Isso mostra que você não é tão megera assim, ainda existe educação em seu comportamento! — falei e ela riu, em deboche, claro. — E só para lhe comunicar, saiba que o veneno que você destilou hoje mais cedo não funcionou. Harry e eu somos muito mais do que isso — sorri para ela que olhou de canto para mim e logo virou sua cabeça de lado.
Peguei meu celular na bolsa e mandei mensagem para o Harry, avisando que já estava saindo e que iria passar no mercado antes de ir para casa. Ele me respondeu com apenas um "Ok" e não ficou mais online.
"Deve estar atolado." — pensei.
Fiz uma lista básica de compras no meu bloco de notas enquanto caminhava para fora do prédio, não vi para qual lado Cynthia foi, mas também isso não me interessa.
— Boa noite — cumprimentei o motorista e logo seguimos nosso destino.
O motorista parou de frente para o mercado, entreguei uma nota de 20 euros e desci do carro.
Fiz minhas compras básicas, e junto delas, uma garrafa de vinho. Depois do reencontro de hoje, eu preciso urgentemente de uma taça bastante generosa de vinho.
Durante o caminho de volta para casa, cogitei umas mil vezes a possibilidade de mandar uma mensagem para o Liam. Mas por fim, decido deixar isso quieto. Desenterrar essa história pode ser bastante prejudicial para muitas pessoas, inclusive para mim.
Cumprimentei o porteiro e fui direto para o elevador. Quando cheguei em casa, larguei as sacolas na cozinha e fui direto tomar uma ducha quentinha. Lavei meus cabelos e tentei relaxar ao máximo. De olhos fechados enquanto a água quente jorrava pelo meu corpo, lembranças minhas com Liam invadem minha mente, sem ao menos pedir permissão.
Nós tínhamos esse costume, invadir a privacidade um do outro sem ao menos pedir permissão. E assim seguimos ao longo de nossas vidas. Mas posso dizer que mudamos muito ao longo dos anos, eu percebi essa mudança em seu olhar. Na frente de outras pessoas, ele se mantém discreto, formal e sem muita indiscrição. Chique e elegante como apenas Liam Payne consegue ser. Mas preciso aceitar que a minha história com o Liam se foi, colocamos um ponto final naquela noite, quando nos despedimos. E se futuramente termos algo, não vamos retornar de onde paramos. Iremos começar uma nova história, com um enredo mais formal e descritivo, exatamente como NUNCA fomos, mas as coisas mudam. Ninguém é o mesmo todos os dias, hoje somos um e amanhã somos outro. E assim seguimos a vida, evoluindo ou regredindo, mas nunca permanecemos iguais ao que já fomos.
O que fomos, já foi, e o que nos resta e o novo!
Termino meu banho e visto uma calça de moletom cinza e uma blusa de manga. Opto por não usar roupas por baixo, quanto mais à vontade, melhor.
Coloquei a água do macarrão para ferver, enquanto isso me servia uma taça de vinho. Vi várias ligações perdidas no meu celular, era o Harry. Sem hesitar, retornei.
"Abre a porta, estou aqui!" — ele disse sem ao menos dizer "alô".
Caminhei até a porta e o recebi. Ele deu um gole no meu vinho, me agarrou pela cintura e me beijou.
Um beijo profundo, carregado de sentimento, de saudade, de amor. Nós línguas dançavam em uma perfeita sintonia e conexão. Ali, eu percebi que Harry estava sendo minha salvação e também minha destruição. O dia que eu perder esse homem, não estarei perdendo apenas um amor, mas estarei perdendo uma parte de mim, a parte mais forte de mim. O que eu sinto por ele é surreal. Não cabe em palavras, em textos ou em pensamentos. Cabe em algo que ainda não foi possível dimensionar. E o dia que encontrarem algo maior que o espaço, meu amor por ele já não caberá mais, porque será maior do que tudo que foi entendido por alguém.
E ser a salvação e a destruição de alguém não é para qualquer um, é somente para aquelas que entenderam o verdadeiro sentido de amar e o sentido da reciprocidade.
...
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A 13° Entrevista De Emprego
FanfictionAyla Keyes McFarlane Uma jovem de 22 anos que sonha em fazer sua faculdade, linda e morena, com 1 metro e 62 de altura, procura um bom emprego para ter uma vida digna de livros de ficção adolescente. Apesar de ter sido "negada" em exatos 12 entrev...