Capítulo 28

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Nunca mais, na vida, nem em outra encarnação irei jogar bola.

Ok.

Harry quis me ensinar a jogar futebol, e quando ele gritou para chutar, eu chutei. O vento. E torci o outro pé. Cai no chão. Me machuquei, porquê chutei o vento. O VENTO.

Ok.

Agora estamos aqui, ele com uma bolsa de gelo no meu pé que está inchado, parece uma bola. Literalmente.

— Precisamos ir ao hospital, isso aqui está horrível — Harry se referiu ao meu pé.

Sabem o que é isso? Castigo. Castigo por eu ter mentido para o Liam. Sabia que não deveria ter feito isso, merda.

— Foi apenas uma torção, mais um pouco de gelo e analgésicos, e isso estará resolvido — falei e gemi de dor quando ele apertou o gelo sobre meu pé.

— É médica agora? Doutora McDonald's — ele debocha.

— Só para te lembrar que, o meu outro pé está em perfeito estado. Para eu dar um chute no meio da sua cara, não vai ser tão difícil — falei.

— Ui ui, agressiva ela — Harry debocha.

Juro por Deus que vou arrebentar esse garoto.

— Deixa eu ver se consigo pisar no chão — falei e ele me ajudou a levantar.

E para minha surpresa, não consegui, meu pé dói muito. Olhei para ele, que ainda estava me segurando.

— Amor, agora é sério, deixa eu te levar ao hospital. Não é longe daqui — ele disse, quase implorando. E eu cedi. Eu estou sentindo muita dor.

Harry pegou minha bolsa e foi abrir a porta do carro, voltou e me pegou no colo. E fomos para o hospital.



— Foi uma luxação — o doutor disse.

— E ela não queria vir ao pronto-socorro — Harry me olhou em repreensão.

— Foi bom terem vindo, uma luxação é quando os ossos que formam uma articulação saem da sua posição natural. E se você tratasse apenas com gelo e não viesse ao pronto-socorro, a senhorita poderia ter danos piores — ele disse. — Seu namorado fez muito bem em traze-lá até aqui.

— Ele não é

— E o que será feito agora? — Harry perguntou, me interrompendo.

— A torção dela não foi uma das piores que já vi, analgésicos e o uso da bota ortopédica será o suficiente — o homem moreno de um metro e oitenta escreveu algo na prancheta, suponho eu, que esteja prescrevendo os analgésicos.

Eu não prático esportes e quando tento pelo menos aprender algum, isso acontece.

Assim que chegamos, Harry foi tomar banho e eu fiquei deitada na cama, com aquela bota azul escuro na minha perna. Ótimo final de semana Ayla.
Pego meu celular e vejo que tem algumas ligações perdidas do meu tio Bob e da minha tia Beth.

Minha caixa de mensagem também está cheia. Meu coração aperta. Imediatamente retorno para o meu tio, que atende no terceiro toque.

"Oi minha filha."

— Aconteceu algo tio? Perdão, sofri um acidente e não vi suas ligações nem mensagens.

"Acidente?? Que acidente Ayla? Você está bem??"

Ouço a voz da minha tia no fundo, perguntando a mesma coisa.

— Estou sim, apenas tive uma luxação no pé esquerdo. Fiquem calmos, estou bem.

"Graças a Deus." ele suspirou em alívio. "Bom, eu te liguei porque seu primo Jason vai casar."

— Quem é a louca tio? — falei e eles riram.

"O telefone está no viva-voz Ayla sua cretina." Jason gritou ao fundo e ri.

Harry saiu do banheiro e sentou ao meu lado, o cheiro maravilhoso do sabonete cobriu todo o ambiente.

— Não me chame de cretina Jason, eu ainda ganho se você na lutinha — falei.

"Estamos com saudades querida." meu tio disse após as risadas ao fundo se dissipar.

— Também estou tio e pode deixar, que irei ao casamento do Jason. Um momento histórico desse, claro que não iria perder. —   falei e ele riu.

"O casamento é daqui a duas semanas, iremos mandar o convite." ele disse.

— Manda dois, por favor. — falei e olhei para o Harry.

"Vai trazer alguma amiga?" ele perguntou.

— Amigo, tio. - corrigi.

"Amigo ou namorado?" ele perguntou.

— Namorado — Harry respondeu.

O telefone não estava no viva-voz, mas ele colocou o ouvido no aparelho para ouvir toda a conversa. Então tive que colocar no viva-voz.

"Oh, ele está ? Olá rapaz, sou Bob, pai da Ayla."

— Olá senhor Bob, sou Harry, namorado da sua filha — ele disse.

— Ele não é meu namorado tio, não teve pedido algum — falei e Harry semiserrou os olhos para mim.

"Quando vocês chegarem aqui Harry, Jason e eu queremos ter uma conversa com você."

— Sim, senhor — Harry respondeu e ri da cara de assustado que ele fez.

"Filha, dê notícias. Não some mais."

— Desculpa tio, irei ser mais presente — falei e senti a culpa tomar meu peito. Eu realmente estou muito distante deles. Da minha família.

Nos despedimos e joguei o telefone na cama.

— Seu pai ou seu tio? — ele perguntou.

— Meu tio, mas ele foi um pai para mim e minha tia Beth foi uma mãe — falei. — Fui morar com eles depois que minha mãe morreu — concluí.

Harry ficou em silêncio, agradeço por ele não perguntar mais nada. Esse assunto ainda é uma cicatriz aperta no meu coração.

Harry me ajudou a tomar banho e depois fomos deitar. Amanhã já é domingo, vamos embora de noite. Confesso que queria ficar mais um pouco aqui com ele.

Apesar desse acidente de hoje, o final de semana foi maravilhoso. Longe de toda negatividade, dos problemas e isso é maravilhoso demais.








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