Capítulo 15

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O dia passou tão rápido que nem paramos para almoçar, ligamos à manhã com a tarde e ainda um pouco da noite.
Se não fosse por Harry vir me buscar, acho que Anne e eu estaríamos trabalhando até agora.

— Será que já posso levar Ayla embora? — Harry perguntou para Anne.

— Pare com isso! Ela é minha chefe, não posso sair a hora que quero, ainda tenho carga horária para cumprir — falei, repreendendo Harry.

Anne riu para nós.

— Fique tranquila querida, está liberada, você trabalhou muito hoje e nem almoçou — Anne disse.

— Como assim ela não almoçou? — Harry olhou para Anne e depois para mim.

— Não tivemos tempo, foi tanta coisa que acabamos indo direto sem perceber o tempo — falei. — Vamos embora! — o puxei pela mão antes que ele pudesse dizer qualquer grosseria para mãe.

— Tchau querida, até amanhã — Anne disse para mim. — Vai dormir lá em casa ou no seu apartamento Harry? — ela perguntou.

— No meu, mãe — ele disse e saímos do escritório.

As imensas janelas de vidro do corredor me mostravam com clareza o céu escurecendo, aqui de cima, a visão era linda.
Entramos no elevador que nos deixou diretamente no estacionamento.

— Por que não deixou o carro lá fora, como fez mais cedo? — perguntei enquanto caminhávamos pelo estacionamento.

— Achei perigoso deixá-lo lá fora, afinal, se existe um estacionamento aqui, é para deixarmos os carros. Certo? — ele sorriu sem dentes para mim, em deboche, claro.

— Foi por conta do perigo ou você não queria encontrar aquela mulher novamente? — parei e cruzei os braços.

Harry continuou caminhando até perceber que eu havia parado, ele voltou e me puxou.

— Não viaja! — ele continuou me puxando.

Entramos no seu carro e saímos do prédio.
Harry dirigiu direto para o meu apartamento, ele entrou no estacionamento do meu edifício.

Entramos no elevador e soltamos no meu andar.

— Imagino que esteja com fome — Harry disse e caminhou até a cozinha, ele puxou as mangas do seu blusão e lavou as mãos na pia.

— Faminta! — joguei minha bolsa ao lado do sofá e retirei meu scarpan. Por mais que eles fosse confortáveis, passar 12 horas os usando não era nada confortável.

— Deixa que eu preparo algo para comermos, vai tomar banho — ele disse.

— Comermos? — perguntei. — Vai jantar aqui?

Harry virou-se para mim e riu, como se não acreditasse no que eu acabei de perguntar.

— Claro, ou você acha que irei cozinhar aqui e ir para minha casa e cozinhar lá? — ele voltou sua atenção para o fogão.

— Oh — foi a única coisa que eu disse, então, caminhei até o banheiro.

Coloquei a banheira pra encher enquanto eu me despia. Com cautela, fui retirando meu vestido branco e minhas peças íntimas.
Retirei o elástico que prendeu meu cabelo durante todas essas horas.

Olhei para o meu corpo e observei a minha barriga saliente de grávida de dois meses. Olhei para minhas pernas grossas e passei levemente a ponta do meu dedo indicador nas marcas do meu passado.
Aquelas cicatrizes que subiam da minha coxa até minha barriga, me fazia lembrar, todos os dias, das noites em que passei chorando,  me perguntando o por quê da minha vida ser aquela maneira.

A 13° Entrevista De EmpregoOnde histórias criam vida. Descubra agora