Capítulo 01

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Me abriguei no calor da cafeteria, outono havia chego com toda força. O lugar estava cheio de vida com vozes misturadas e música ambiente, que juntos tinha um ar de mais uma semana começou.

— Ayla querida, bom dia - ela sorriu para mim.

— Bom dia Karen - sorri de volta.

— O de sempre?

— Sim, por favor - falei e Karen caminhou para o balcão.

Karen era uma simpática mulher na casa dos seus quarenta e tantos anos. Todos os dias realizo minha primeira refeição aqui, na sua cafeteria/restaurante/bar.

Retirei meu cachecol e pendurei na minha bolsa, a garçonete intimidadoramente jovem veio até mim e deixou meu pedido sobre a mesa.

— Você é nova aqui? - perguntei curiosa. Eu estou literalmente todos os dias aqui e conheço todos que trabalham aqui.

— Sim, sou - ela respondeu sem jeito.

— Bem-vinda - sorri para ela.

Dei um grande gole no meu café para poder esquentar meu corpo e dei uma garfada no meu bolo de massa branca.

Cada gole de café que eu tomava, mais nervosa e ansiosa eu ficava, em quesito azar para empregos, eu tinha mestrado e doutorado.
Hoje tenho a minha décima terceiro entrevista de emprego, não consigo entender esses empregadores que não contratam gente sem experiência no mercado de trabalho.
Mas se ninguém me contratar, eu nunca vou ter experiência. 

Mas hoje eu acordei disposta a não ouvir "em breve iremos ligar para você", acreditem em mim, eles nunca ligam.

Terminei meu café, peguei minha bolsa e fui até o caixa.

— O café estava ótimo, como sempre Karen - falei enquanto pegava o dinheiro na minha carteira.

— Mais uma entrevista de emprego? - ela perguntou registrando o valor na caixa registradora.

— Sim - conformei sem ânimo.

— Boa sorte querida - ela disse.

— Vou precisar.

Passei meu cachecol pelo pescoço e fiz sinal para o primeiro táxi que apareceu.

— Chelsea - falei o local e o motorista seguiu.

Depois de pagar o taxista, respirei tão fundo que minhas narinas arderam por conta do frio, tomei coragem e apertei a campanhia. Depois de alguns minutos, a gigante porta Pivotante se abre.
A mulher que suspeito eu ser Anne Styles sorri para mim.

— Entre querida, está muito frio - ela deu espaço para que eu entrasse. — Você deve ser Ayla, certo?

—Sim, e a senhora deve ser Anne? - Perguntei receosa dela não ser.

— Eu mesma, prazer - ela me cumprimentou com um beijo no rosto. — Primeiro eu vou te mostrar a casa, depois vamos sentar para conversar, tudo bem?

— Por mim está ótimo!

"Quem sou eu pra dizer que não?"

Depois de fazer uma completa tour pela casa, entramos no seu escritório, Anne serviu uma xícara de café e eu sentei na confortável poltrona de couro escuro.

— Se apresente.

— Meu nome é Ayla Keyes McFarlane, tenho 22 anos e nunca trabalhei de carteira assinada.

— Mas você já fez alguma coisa ou nunca trabalhou?

— Trabalhei apenas como caixa da padaria do meu pai.

— E deixou de trabalhar por quê?

— Porque eu queria algo de fora. Trabalhar para família é a mesma coisa que você não trabalhar, as vezes você não vai receber seu dia trabalhado, mas é sua obrigação compreender por que ele é da sua família, me entende?

— Te entendo perfeitamente - ela sorriu sem dentes, porém, de uma forma compreensiva. — Eu quando tinha um pouco menos que sua idade, trabalhei na fábrica de doces da minha mãe, até que eu cansei e resolvi abrir minha própria fábrica.

— Que incrível - falei.

— Minha fábrica é de bolos, minha mãe era uma pessoa tão implicante, que ela poderia dizer que eu roubei as receitas de doces dela - rimos. — Ayla, o que tenho para te oferecer é um emprego de babá.

— Babá? Que ótimo, adoro crianças.

— Eu só preciso saber se, quando eu precisar que você faça algo além do seu emprego como babá, se você vai poder fazer - ela disse receosa.

— Tipo?

— Tipo buscar café para mim quando eu estiver em reunião aqui no escritório, limpar o quintal ou fazer uma comida - ela disse. — Claro que você será remunerada por esses serviços, é por que acabamos de nos mudar para Londres e até eu conseguir me organizar aqui, eu vou precisar de ajuda - seu tom de voz foi quase de súplica.

— Por mim tudo bem, eu aceito o que for - falei e ela sorriu.

— Amém! - ela suspirou. — Muito obrigada. Quando você pode começar?

— Amanhã mesmo.

— Perfeito! Muito obrigada, de verdade.

— Eu quem tenho que agradecer a senhora, é uma oportunidade e tanto que estou tendo - encarei seus olhos castanhos.

— Vou te apresentar minha neta, venha - Anne segurou minha mão e me puxou pela casa.  — Aggy querida, cadê você?

Aqui atrás vóvó.

— Filha, essa aqui é a Ayla, ela é a sua nova amiguinha.

"Sou?"

A menina estava sentada no balanço, seus longos cabelos loiros voava no ritmo do qual ela se balançava. A velocidade do balanço diminuía e ela pulou e caminhou até nós.

— Oi.

Seus olhos azuis me encararam de uma forma tímida, sua pela branca teve um grande realce de vermelhos em suas bochechas, por conta do frio e do seu exercício no balanço.

— Oi flor, tudo bem? - me agachei para ficar a sua altura.

— Tudo - ela se alinhou nas pernas da avó.

— Você tem quantos anos? - continuei encarando suas íris azuis.

Ela fez um "5" com seus dedinhos.

— Você é muito linda - voltei a minha postura ereta e percebi um sorrisinho tímido em seu rosto.

— Sobe para tomar banho querida, já vamos almoçar - Anne disse e a menina correu para dentro. — Quer almoçar conosco?

— Oh, não! Obrigada, já tenho um almoço de compromisso.

— Então não vou te prender muito, vou deixar com você meu cartão para você me mandar uma mensagem e eu adicionar seu número.

Anne vasculhou sua bolsa que estava sobre o balcão da cozinha e me entregou um cartão vermelho com letras pretas, onde dizia seu nome e número de telefone.

Caminhamos até a porta, nos despedimos. Mantive minha postura neutra durante todo o momento lá dentro, mas aqui fora? Pulei feito uma criança que acabara de ganhar seu doce predileto.

Finalmente consegui, finalmente!

Peguei meu telefone na bolsa e mandei uma mensagem para Natalie, avisando que eu estava a caminho da sua casa.

Caminhei por um bom tempo até o ponto de ônibus mais próximo que o GPS havia me informado.
Após 20 minutos de caminhada, permaneci mais 5 minutos no ponto à espera do ônibus.

Nada vai poder estragar meu dia de hoje, nada!

— Ayla? Ayla McFarlane? É você mesmo?

Me virei para ver quem era e meus globos oculares quase saltaram para fora.

— Daniel Bennett?

Era só o que me faltava.

A 13° Entrevista De EmpregoOnde histórias criam vida. Descubra agora