Capítulo 08

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O caminho até o restaurante não foi muito agradável, ficamos em silêncio o tempo todo e só a música da rádio fazia nosso fundo musical.
Harry estacionou o carro em frente à um estabelecimento que parecia muito com uma cabana. Era feito todo de madeira, as grandes janelas permitia uma visão bem nítida do que ocorre lá dentro, a iluminação é linda e muito... romântica.

—  Vamos? — Harry perguntou, olhei para ele e sorri em confirmação.

Caminhamos em passos largos, porém, devagar, Harry abriu a porta do restaurante e logo fomos recebidos por uma linda mulher deslumbrante, com sua roupa impecavelmente passada e seu cabelo muito bem arrumado.

— Boa noite senhor Styles — ela sorriu para Harry, mas ele não deu confiança. Imediatamente me veio uma súbita vontade de repreende-lo por não cumprimentar a mulher, mas decidi não fazer.

— Mesa para dois, por favor — ele disse e atravessou seu braço por mim, apoiando no meu ombro.

A mulher sorriu sem ânimo e nos guiou até o meio do salão, ela deixou a carta com o menu e saiu.

— Pelo visto você já é bem conhecido aqui — falei assim que sentamos.

— Sou conhecido em muitos lugares — ele sorriu sarcástico.

Revirei os olhos, Harry estava com a carta na mão e muito concentrado no que estava lendo. Aproveitei para reparar em como ele está bem arrumado, porém, nada diferente do seu dia-a-dia.

Ele vestia uma calça jeans escura, não era preta, mas era um tom que se podia confundir facilmente com preto. Uma t-shirt branca e uma jaqueta de couro preta.
De acessórios, ele usada uma corrente prata que ficava por dentro da sua blusa, pulseiras de couro e anéis prata.
Nos pés, ele usava uma bota parecida com a minha, o que era bem engraçado.

Acabei deixando escapar uma risada, fazendo ele me encarar.

— Está rindo do quê?

— Nada demais, apenas um pensamento — olhei para ele e soltei outra risada.

Ele me olhou com os olhos apertados e sorriu sem dentes, passando a língua entre os lábios.

"Caralho."

— Bom, vamos fazer o seguinte — ele colocou a carta de lado. — Pedimos um vinho, a gente conversa um pouco e depois pedimos algo para comer. O que acha?

— Acho ótimo — apoiei um dos meus braços na cadeira e o outro na mesa, vi os olhos de Harry cair sobre meus seios e depois voltar para mim.

— Ok — ele levantou uma de suas mãos, em minutos o garçom apareceu.

Depois que o garçom encheu nossas taças, Harry bebeu sem deixar de me encarar.

— Porque você aceitou trabalhar para minha mãe? — ele perguntou.

— Tenho contas para pagar — rimos.

— Vamos lá Ayla, chamei você aqui porque quero te conhecer melhor, saber quem é a mulher que está cuidando da minha sobrinha — ele deu outra golada em seu vinho.

Será que isso é certo? Quer dizer, acho que não deveria me abrir para ele assim, tão de repente. Ainda não sei com que tipo estou lidando.
Afinal de contas, ele não precisa saber o que há de profundo, apenas, o superficial.

— Me conhecer melhor? — indaguei.

— Sim — ele disse. — Me apresente a senhorita McFarlane — pela primeira vez ouço ele pronunciar meu nome corretamente.

— Uau, depois de ter pronunciado meu nome certo, durante toda noite irei responde tudo que quiser — ri.

— Tudo?

— Quase tudo — concertei. — Meu nome é Ayla Keys McFarlane, tenho 22 anos, sou americana com descendência brasileira, pretendo cursar medicina oncológica e estou trabalhando com a sua mãe porque ela foi a única quem decidiu me contratar, na verdade, ela foi minha décima terceira tentativa de emprego — bebi o restante do meu vinho.

— 22 anos? Descendência brasileira? Medicina oncológica? Décima terceira entrevista de emprego? — ele disparou. — Vamos precisar da madrugada também e de outros dias para que eu consiga entender tudo isso — Harry levantou a mão para chamar o garçom.

— Não precisa entender, vai por mim, você não vai querer se envolver nessa bagunça que eu chamo de vida — ri.

Ele não falou nada, apenas sorriu para mim como quem diz: nunca se sabe.

...

Depois que Harry pagou a conta, caminhamos para fora do restaurante e entramos imediatamente no carro. Já era perto das 00h e o vento gelado parecia cortar minha pele.
Minha jaqueta nova não esquenta tanto como parecia.

— Vamos para casa? — perguntei.

— Já quer ir embora? — ele ligou o carro.

— Não, é que — soltei um riso frouxo de nervoso. — Só achei que você queria ir embora — abracei meu corpo.

Harry pareceu perceber que eu estava congelando e ligou o aquecedor do carro.

— Fique quietinha, eu disse pra você que hoje seria a melhor noite da sua vida — ele saiu cantando pneu com o carro.

...

Harry parou o carro de frente para o calçadão da praia. Isso mesmo, ele me trouxe na praia, de noite e no FRIO.

Observei ele retirar suas botas e acompanhei seu movimento, caminhamos até a areia.

— O que estamos fazendo aqui Harry? — perguntei caminhando ao seu lado.

— Tem um lugar aqui que eu amo, é um pouco mais na frente — ele disse e eu apenas o segui.

Não demorou muito para que ele parasse de frente para uma pedra IMENSA.

— É lá em cima, vamos — ele disse e começou a escalar a pedra.

— EI — gritei e ele olhou para mim. — Você acha mesmo que eu consigo subir esse trambolho? — cruzei os braços como uma criança de 5 anos de idade.

Ouço ele bufar e observo calmamente ele vir em minha direção.

Como toda delicadeza - sintam o sarcasmo - e carinho ele me colocou nas suas costas como se eu fosse um saco de batatas e começou a escalar as pedras. Ainda teve a audácia de dizer:

— Se eu fosse você, me segurava.

Enfim, chegamos no topo da pedra, vivos e inteiros.

A 13° Entrevista De EmpregoOnde histórias criam vida. Descubra agora