Capítulo 23

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Pov's Ayla

O vento gélido cortou minha pele no instante em que desci do carro, Harry pareceu perceber meu estado e me ofereceu sua jaqueta, que não combinou nada com o meu vestido verde claro.

Entramos lado a lado na empresa e atravessamos o salão em direção ao elevador, recebemos os mesmo olhares que da primeira vez. Mas agora, estranhamente eu parecia não me importar. Queria mesmo que todos olhassem para nós.

Assim que chegamos ao meu andar, Harry me acompanhou até minha sala.

— Vou falar com a minha mãe — ele depositou um beijo na minha testa e saiu, me deixando na porta da minha sala.

Antes que eu pudesse entrar, Cynthia apareceu, provavelmente para tornar o meu dia mais agradável. Só que não.

— Você está tão convicta não é? — ela sorriu em deboche.

De fato, a sua altura, sua pose, seus olhos incrivelmente azuis e seus cabelos loiros na altura do ombro, era de se intimidar qualquer uma. Ela é linda, infelizmente não posso negar.

— Convicta? — arqueei uma de minhas sobrancelhas.

— Sim — ela riu, — convicta que o Harry é seu — ela concluiu e minha garganta deu nó.

— O que faz você acreditar que ele é meu? — perguntei encarnado seus olhos.

— A forma como ele te trata — ela deu uma pausa. — Ele tratava todas nós assim, como se fossemos únicas. Mas acredite garota, você não é — ela deu um passo a frente. — Quando ele cansar de você, vai descartar como um brinquedo velho e apagar você completamente da sua vida — ela fitou meus olhos com intensidade. — Não se iluda e nunca se esqueça, de que você não é a única — Cynthia rodopio na ponta dos seus saltos e saiu, fazendo seu caminhar ecoar pelo corredor.

Ela não me deu a oportunidade de falar, simplesmente jogou tudo em cima de mim e saiu.

Eu sei que não sou a única, afinal, Harry e eu não temos nada sério. Apenas... ficamos.
Mas só de pensar na possibilidade dele ter outra, meu estômago embrulha e sinto ânsia de vômito.
Abri a porta da minha sala e corri em direção ao pequeno bar que tem no canto da parede, enchi um copo com água e bebi tudo de uma vez.

— Quanta cede — ouço a voz do Harry.

Tento me recompor antes de encara-lo. Bebo mais um pouco de água, respiro fundo e finalmente me viro para ele.

— Aconteceu algo? Você está bem? — ele rapidamente se aproxima de mim, segurando meus braços como se a qualquer instante eu fosse cair.

Talvez eu fosse.

— Eu estou bem, foi apenas uma queda de pressão — sorri para ele e caminhei até minha mesa.

— Tem certeza que foi só isso? Quer que eu a leve para casa? — ele perguntou.

— Não precisa, eu estou bem — falei firme.

Harry me analisou por alguns minutos e esfregou o seu polegar no dorso da minha mão. Ele estava em pé na minha frente, encostado na minha mesa, acariciando meu cabelo e me forçando a encara-lo.

Ficamos assim por um bom tempo, ele me acariciando sem retirar seus olhos de mim.

— Não acredite no que ela fala — ele finalmente disse. Fiquei surpresa.

Será que ele ouviu algo?

— Como? — ele me interrompe.

— Eu já lhe disse que você é boa demais para elas, não permita que elas envenenam você — ele continuava me encarando. — É só isso que eu te peço, Ayla.

Decido não perguntar se ele ouviu algo, se ele está dizendo isso, é porque ele conhece a índole delas ou dela. Seja lá quem ele esteja se referindo, eu prefiro acreditar e confiar nele.

Apenas balanço a cabeça em concordância. Harry se inclina e me beija de uma forma lenta e carinhosa. Ele me puxa pela mesma mão onde ele acariciava há alguns segundos atrás, me fazendo ficar de pé.
Me encaixo entre suas pernas e logo envolvo meu braço na sua nuca e com a outra mão, acaricio suas costas.
Ele segura meu rosto com uma mão e com a outra ele deixa repousada sobre minha cintura.

A língua dele invade minha boca e sinto o gosto de menta se misturar com o gosto de café da minha boca. Essa é a primeira vez que nos beijamos assim, tão lento e tão... apaixonados?

Ele encerra nosso beijo e mantém sua testa encostada na minha, sua respiração quente bate contra o meu rosto.

— Fica bem — ele depositou um beijo na minha testa e caminhou para fora da minha sala. Sem dizer nada, ele saiu.

Creio que ele não quis quebrar o clima que ficou entre nós, por isso não disse "tchau",  apenas o seu "fica bem" e sua partida sem adeus, me fez querer que esse dia termine logo para que eu possa vê-lo.

A 13° Entrevista De EmpregoOnde histórias criam vida. Descubra agora