Capítulo 16

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Karla foi uma mulher incrível, forte e guerreira em todos os momentos. Por cinco anos, criou sozinha, sua filha Ayla. Hoje nos despedimos dela, minha querida irmã, que eu amo e amarei por toda eternidade.

Meu tio secou seu rosto com a manga do seu cardigã e caminhou para o seu lugar, ao meu lado. Observei atentamente o caixão da minha mãe descer, a esposa do meu tio não me soltou em nenhum momento, desde quando chegamos aqui.

— Eu vou cuidar de você princesa, como se você fosse minha filha — ela beijou o topo da minha cabeça e meu tio nos guiou até o carro.

Durante todo o caminho para casa deles, eu fui chorando baixinho no banco detrás. Eles não falaram nada, mas sabiam que eu estava chorando, mas resolveram me deixar à sós, com a minha imensa dor.

— Ayla? — a voz do Harry soou baixinho, me fazendo resmungar. — Ei — ele me balançou, me fazendo abrir os olhos.

— O que houve? — perguntei com a voz um pouco rouca.

— Você estava chorando enquanto dormia — ele disse e meu coração apertou, não queria que ele presenciasse minhas crises noturnas.

— Oh — me virei para ele, — estou bem — acariciei seu rosto.

— Mesmo? — ele me analisou cuidadosamente.

— Sim — sorri para afirmar o que eu disse.

Harry beijou minha testa e, em seguida, os meus lábios. Ele apagou a luz do abajur e me alinhei no seu corpo.

É um pouco estranho, mas não tão estranho como deveria ser. A quase três semanas eu estava entrando naquela casa e ficando extremamente incomodada com a presença dele.

Hoje ele está aqui comigo, dormindo no meu quarto e me beijando para me acalmar de um sonho.

As coisas estão acontecendo tão rápido!

***

O meu despertador do celular toca e me vem uma subida vontade de zunir esse telefone no meio da rua. Só não faço, pois sei que terei prejuízo.
Levanto com cuidado da cama, para não acordar o Harry, que dormia feito um anjo.

Caminhei até a cozinha e comecei a fazer o café para o Harry e um suco para mim.

Eu até gosto de café, mas só quando preciso ficar acordada por um longo período, mas diariamente, não sou fã. Prefiro um suquinho gelado.

Deixo tudo pronto em cima do balcão e caminho em direção ao banheiro. Retiro a blusa do Harry e coloco no cesto de roupas sujas, faço uma nota mental para não me esquecer de lavar essa blusa e devolvê-lo.

Faço um coque no topo da minha cabeça, para evitar de molhar o cabelo e ligo o chuveiro no morno.
Enquanto estou tomando banho, lembro do acontecimento de ontem, entre eu e Harry.

Será que devo contar para Anne?

Acho que não, melhor deixar como está. Apenas eu e ele ciente desse assunto.

"Você precisa falar para Nat e Louis." - minha mente estala.

Lembro-me de estar em falta com eles e me sinto horrível por isso, faço uma segunda nota mental de ligar para eles hoje e marcamos algo.

Batidas uma atrás da outra na porta do banheiro, me assusta, cortando meu transe.

— Eu preciso fazer xixi, pelo amor de Deus — Harry diz do outro lado da porta.

— ESTOU TOMANDO BANHO — gritei para que ele pudesse me ouvir do outro lado.

— SÓ DEIXAR A CORTINA FECHADA, AYLA EU VOU ME MIJAR — ele gritou e eu ri.

— EU VOU ABRIR A PORTA, MAS VOCÊ ESPERA EU TE AVISAR PARA ENTRAR — gritei novamente.

Fui até a porta e girei a chave, voltei para o box.

— ENTRA — gritei e rapidamente ele abriu a porta e se aliviou.

Ele gemeu, em alívio, me fazendo rir.

— Não ria, por favor, minha primeira urina do dia é uma loucura — ele falou.

— Percebi isso — rir.

— Sabe, você está um pouco atrasada e como sou eu quem irei levar você, poderíamos tomar banho juntos para adiantar — vi a mão do Harry segurar a cortina, pronto para puxar.

— Enlouqueceu — dei um tapa na sua mão. — Seu café está pronto, vai lá tomar — falei.

— Prefiro tomar banho com você — ele disse e senti a malícia em sua voz.

— Anda Harry, vaza daqui — falei.

— Ayla — ele suplicou.

— Harry, um...

— Por favor.

— Dois...

— Ay.

— Não me obrigue a falar o três — ameacei.

— Tudo bem, estou saindo — ele disse e ouvi a porta do banheiro abrir e, em seguida, fechar.

Abri levemente a cortina para ver se ele tinha saído e revirei os olhos ao vê-lo encostado na pia, sem blusa. Ele sorriu malicioso para mim.

— Tchau Harry — falei e ele abaixou a cabeça feito um cachorrinho que acabara de levar esporro da dona.

Ele abriu a porta e olhou para trás, sorrindo, eu olhei para ele como quem diz: "Já foi?" e ele finalmente saiu do banheiro.

Depois de terminar meu banho, Harry foi tomar o dele enquanto eu me arrumava.

Para o segundo dia, decido usar calça jeans preta, um pouco apertada, blusão feminino branco, pouca coisa transparente e o mesmo scarpan preto de ontem. Não tenho variedade de saltos.
Decido usar meu cabelo solto, faço uso do baby-liss que forma alguns cachos, passo os dedos para deixá-los soltos.

Finalizo com uma maquiagem bem básica, feita apenas com pó, delineado discreto, um pouco de blush e gloss.

Procuro minha bolsa pelo quarto e só depois lembro que deixei ela na sala. Antes de sair do quarto, passo um pouco de perfume e caminho para a cozinha.
Harry está lá bebendo seu café e comendo biscoitos.

— Estou pronta — falei para chamar atenção dele.

Ele me olhou de cima a baixo e deu um gole exagerado no seu café. Harry levantou do banco e me puxou pela cintura.

— Você está linda — depositou um selinho nos meus lábios.

Sorri sem dizer nada, ele me soltou e foi para o banheiro, eu acho.

Bebi um pouco de suco e roubei alguns biscoitos do prato dele. Logo ele aparece novamente na cozinha.

— Podemos ir? — ele pergunta, ajeitando sua t-shirt cinza e segurando sua mochila.

— Você trouxe seu estoque de blusas pra minha casa? — perguntei rindo.

— Não tenho mais roupas, vou embora hoje — ele disse e senti uma ponta de tristeza, mas decido não falar sobre.

— Hoje você não trabalha? — perguntei.

— Sim, mas trabalho de casa mesmo — ele falou e pegou minha bolsa que estava em cima do sofá. — Vamos pequena — Harry me chamou já com a mão na chave presa a fechadura da porta.

Ele estava de costas para mim, por isso não viu meu sorriso quando me chamou de "pequena".

A 13° Entrevista De EmpregoOnde histórias criam vida. Descubra agora