Capítulo 12

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Papai virou uma estrelinha filha — minha mãe disse, seu vestido preto arrastou no chão quando ela se ajoelhou na minha frente.

Quer dizer que ele morreu? Nunca mais vou ver o papai? — comecei a chorar.

Sim filha, sinto muito, mas agora será eu e você — ela me abraçou, chorando.

NÃO, MEU PAI NÃO — gritei. — PAI, VOLTA!

— Ayla.

MEU PAI NÃO!

— Ayla, acorda! — abri meus olhos assustada, senti o suor pingar do meu rosto, a luz do quarto estava acesa e Harry estava sentado na minha cama, com as mãos no meu braço.

Continuei encarando ele assustada, mas depois que minha mente recobro tudo o que havia acontecido no sonho, eu comecei a chorar. Senti os braços do Harry me envolver e chorei com mais intensidade.

Depois de me recuperar e parar de chorar, ele foi até a cozinha e trouxe um copo de água para mim.

— Teve um pesadelo com o seu pai? — ele perguntou.

— Como? — ele me interrompeu.

— Você gritou por ele — Harry disse e eu suspirei. — Quer falar sobre isso?

— Não — respondi rapidamente. — Eu vou ficar bem — forcei um sorriso.

— Ok — ele pegou o copo da minha mão e caminhou em direção a porta. Agradeço mentalmente por ele não insistir.

— Harry — chamei e ele se virou. — Obrigada — agradeci e ele sorriu sem dentes, logo em seguida, desligou a luz e fechou a porta.

Harry pediu para dormir aqui, pois já era quase 4h da manhã e ele não queria voltar dirigindo tão tarde. E eu não pude negar. Então, entreguei a ele alguns lençóis, colcha e travesseiro, e ele foi se aconchegar na sala.
O vento lá fora fazia minha cortina balançar e pude ver uma frecha de luz. O sol logo irá nascer, ainda bem que hoje é domingo. Me virei para o lado, de costas para janela e me concentrei em esquecer aquele sonho, logo o sono chega.

***

O cheiro forte de café vindo da cozinha me fez despertar, procurei pelo meu telefone e quando encontrei, me atentei em ver a hora. 9:25am. O mais tarde que já acordei, porém, esperava acorda lá pelas 14h.
Me arrastei para fora da cama, fiz um coque frouxo no topo da cabeça e sai do meu quarto.

Harry estava na cozinha, usando a mesma roupa de ontem, a sua altura cobria completamente minha visão, então não pude ver o que ele fazia no fogão.

— Bom dia — falei para chamar sua atenção, apesar dele já saber que eu estava ali, eu percebi quando ele olhou levemente para o lado onde eu estava.

— Bom dia — ele continuou de costas para mim. Sobre o balcão, havia bolo de massa branca, muffin e biscoitos.

— Você fez tudo isso? — perguntei assustada.

— Não — senti um riso em sua voz. — Comprei na Karen, ela me disse que você gosta — ele disse.

— Precisava trazer os três? — ri.

— Não sabia qual iria preferir comer hoje — ele repousou sobre o balcão duas canecas de café, uma amarela que ele estendeu para mim e a preta ficou com ele.

Harry se apoiou no balcão, ele continuou do outro lado, na cozinha. Eu estava sentada sobre o banco alto, bebericando meu café.
Terminamos nosso café em silêncio, agradeço por isso, por ele não ter tocado no acontecimento de ontem.

Tivemos uma leve briga sobre quem iria lavar a louça, por fim, eu venci, óbvio.

— Estou indo — ele disse colocando seu telefone no bolso da sua calça jeans.

— Mas já? — deixei escapar, sinto que não deveria ter dito isso. — Quer dizer... vai lá, se quiser voltar, sabe o caminho e será muito bem-vindo — falei um tanto desconcertada.

— Ok — Harry soltou um sorriso quase imperceptível, abriu a porta e antes de sair, me olhou de cima a baixo. Fechei a porta e respirei fundo.

Será que finalmente tivemos um momento de trégua?
Estranhamente eu acabei gostando dele ter passado a noite aqui e também de ter tomado café da manhã com ele.

Sei que quando Nat souber disso, ela literalmente vai querer me matar, Louis vai surtar e questionar sobre o porquê de não termos transado.
As vezes ele é MUITO pra frente, um ponto onde não consigo chegar.

São quase 12h, então decido chamar um táxi e ir até o shopping center fazer compras. Reformar a casa e/ou renovar meu guarda-roupa.
Preciso sair da monotonia, agitar um pouco. Nada que compras e uma reformar não resolva.

A 13° Entrevista De EmpregoOnde histórias criam vida. Descubra agora