Capítulo 11

34 5 2
                                    

Faz quase uma hora que Anne saiu. Harry ainda está nos fundos da casa e eu, estou sentada no sofá tentando imaginar como ele devia ser antes do acidente.
Será que ele era um garoto amigável? Foi apenas o acidente que fez com ele mudasse?

Enquanto pensava sobre isso, eu já estava de pé na porta da cozinha e com a mão na maçaneta. Talvez se eu conversar com ele, faça ele se sentir melhor, não custa nada tentar.

— Harry? — chamei por ele, olhei em torno e não o encontrei. 

Passei mais de vinte minutos procurando ele e não encontrei.
Mas isso não é possível, eu não sai da sala um segundo, se ele tivesse passado por mim, eu teria visto.

Subi as escadas e fui em direção ao seu quarto, a porta estava entreaberta, só havia apenas a luz do abajur acesa.
Seu quarto era bem parecido com ele. Acendi a luz central para ter uma melhor visualização.

A cama de casal estava bagunçada, as paredes tinham um tom meio acinzentado, havia um violão no canto e as outras coisas que completavam o quarto eram: um guarda-roupa, uma cômoda e um criado-mudo que sustentava o abajur.

Caminhei até a sacada e a vista era linda, o céu estava escurecendo, a lua mostrava sua grandeza lentamente. A brisa gelada fez meu corpo arrepiar.
Olhei para baixo e vi que seu carro ainda está lá, o que significa que ele está em casa.
Ouço a porta do quarto bater e me encosto na parede e dou uma espiada para ver quem era.

Harry.

De toalha.

Só de toalha.

Na cintura.

Cabelo molhado.

"Caralho."

Eu nunca tinha visto ele sem camisa e eu não sabia que ele tinha tantas tatuagens.
As andorinhas, a borboleta, as folhas, tudo combinou perfeitamente com ele.
Seu tronco malhado, ele era bem definido.

Harry tirou a toalha e ficou de costas para mim, pegou uma cueca em umas da gavetas da cômoda e vestiu, depois pegou uma calça preta de moletom e vestiu também.

— Está gostando do que ver? — ele perguntou e eu gelei.  Por um segundo senti meu coração parar de bater. — Você se esconde muito mal — ele falou do meu lado, me assustando.

— Porra — coloquei a mão no peito. — Me desculpe, eu estava procurando por você e — ele me interrompeu.

— E resolveu ficar me espiando sem cueca, isso é assédio — ele disse. — Se minha mãe não lhe definiu regras, então eu direi. A primeira delas é: nunca, jamais, entre no meu quarto. Está me entendendo? — ele me encarou sério.

— Estou — suspirei. — Eu só queria conversar com você — parei na frente dele.

— Eu não quero conversar com você, procure outro para importunar — ele secou seu cabelo com a toalha, deu uma leve bagunçada e jogou a toalha na cama.

— Não quero importunar, só achei que você queria uma amiga para desabafar — falei baixo.

— Amiga? — ele riu, mostrando seus dentes brancos e alinhados, suas covinhas saltaram para fora de suas bochechas.

Senhor, como pode ser tão perfeito?

— Sobre o que eu iria desabafar com você? Mal te conheço — ele disse.

— Por isso mesmo, as vezes faz bem conversar com quem mal conhecemos, assim, essa pessoa não poderá nos criticar, apenas ouvir — falei.

— Não tenho nada para falar com você, agora sai do meu quarto — ele abriu a porta.

A 13° Entrevista De EmpregoOnde histórias criam vida. Descubra agora