Capítulo 09

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A vista aqui de cima é absurdamente linda.
O céu estava salpicado de estrelas, a lua estava cheia e brilhante. Se olharmos para trás, podemos enxergar as luzes da acesas dos prédios.

— É lindo, não é? — ele perguntou.

— É maravilhoso — falei encantada com a vista.

— Eu simplesmente amo esse lugar — ele sentou.

— Está maluco? Você vai sentar? — perguntei nervosa.

— Sim.

— Mas não é perigoso? — perguntei e senti meu corpo arrepiar, não sei se foi pelo frio ou medo. Talvez pelos dois.

— Sente-se — ele segurou minha mão. — Confia em mim — seus olhos verdes penetraram os meus, senti o frio dissipar por segundos e meu corpo esquentar.

Fiz o que ele me pediu, sentei sobre a pedra e cruzei as pernas. Ficamos por alguns minutos em silêncio, apenas observando a bela paisagem que estava na nossa frente.

Por um segundo começo a pensar no Harry que conheci há uma semana, estúpido e grotesco, completamente diferente desse Harry de agora. Gentil, engraçado e guia de lugares incríveis da cidade de Londres.
Como alguém pode mudar tanto em dias?

— Harry.

— Sim.

— Desde quando nos conhecemos, até o dia do hospital, porque você foi tão estúpido comigo? — eu juro que lutei com todas as forças que há dentro de mim para não lhe fazer está pergunta, mas eu não conseguiria dormir hoje à noite se não a fizesse.

— Quer mesmo falar sobre o passado? — ele continua olhando para frente.

— É um passado não distante, quero mesmo falar sobre isso. O Harry de agora não tem nada haver com o Harry daqueles dias — continuei olhando para ele.

— O que vale não é como estou agora? — ele finalmente me olha.

Ele está me rodeando, enrolando para não responder a minha perguntar e eu odeio isso.

— Sem rodeios Harry, responde logo! — eu já estava ficando estressada.

— Não tem o que te responder, deixa de ser chata — ele se levantou e fiz o mesmo.

— Chata? Eu estou sendo chata por querer uma simples explicação do por quê me tratava mal.

— Que inferno, odeio quando me pressionam!

— E eu odeio quando me enrolam para responder as coisas!

— Quer saber, essa noite pra mim já deu — ele disse e foi descendo a pedra.

— Sério mesmo que você não vai me ajudar descer? — perguntei incrédula.

— SE VIRA — ele gritou.

"Filha da puta." - que Anne me perdoe.

Tentei arrumar o melhor jeito para descer, com sucesso, fui descendo. Prestes a chegar na areia, eu acabo escorregando e caindo com tudo.

— Ai — gemi.

— Meu Deus, Ayla, você está bem? — senti as mãos grandes de Harry envolver meu braço. Rapidamente puxei do seu aperto.

— Não encosta em mim! Essa merda toda é culpa sua — levantei com dificuldade.

— Minha? Você quem age como uma louca lá em cima e a culpa é minha? — ele abre os braços.

— VOCÊ ME DEIXOU DESCER SOZINHA. SE EU CAI, A CULPA É SUA SIM! — gritei.

Cheguei no calçadão e chamei um táxi.

— O que está fazendo? — ele perguntou ao meu lado.

— Além de cafajeste é burro também? Não  ver que estou chamando um táxi — calcei minhas botas, com um pouco de dificuldade.

— Eu vou levar você para casa, vêm — ele me puxou pelo braço.

— Me solta! — puxei meu braço. — Irei de táxi.

— Eu quem te trouxe, eu quem te levo. Vamos logo! — ele disse.

Olhei para ele e respirei fundo, caminhei em direção ao seu carro.

O caminho até minha casa era longo, a raiva havia passado, mas eu estava chateada.  Chateada por ele não querer me responder e fazer um fuzuê por isso, e por me deixar descer da pedra sozinha, causando meu acidente.

Vi que ele acabara de entrar na minha rua, me preparei para descer do carro. Quando ele parou, imediatamente abri a porta, mas vi seu longo braço se esticar e fechar a porta.

— Qual é seu problema? — olhei para ele.

Harry acendeu a luz do carro, fazendo com que eu tenha uma melhor visão do seu rosto e seus olhos. Ele tirou uma mecha de caracol que caia sobre seu rosto e me olhou fixamente.

— Me perdoa — ele disse.

— Só isso que você sabe dizer? — perguntei. A raiva estava voltando.

— E o que você quer que eu diga?

Nem eu sabia.

— Só me deixa quieta, ok? Estou cansada, machucada, com dor, preciso de um banho — falei. — Boa noite Harry — desci do carro e antes de fechar a porta, escutei ele dizer um: Boa noite.

Quando entrei no meu apartamento que pude enxergar com clareza a minha real situação.
Meus cotovelos e joelhos estavam ralados e saíam uma pequena quantidade de sangue.

Larguei minha bolsa no sofá e fui diretamente para o banheiro. Me despi e liguei o chuveiro no quente.
A água caía sobre meu corpo e quando escorriam pelos machucados, ardiam.
Finalizei meu banho, me enrolei na toalha e fui para o meu quarto.
Vesti uma calça moletom roxa e uma blusa amarela do Bob Esponja, passei uma pomada nos machucados.

Fui fechar a janela e vi que o carro do Harry ainda estava ali, parado. Estranhei.
Decido então mandar uma mensagem.

"Onde está?
A"

A mensagem foi enviada, continuei em pé observando o carro, para ver se via algum sinal dele.
Já se passaram 5 minutos que a mensagem foi enviada e nenhum sinal de resposta.

"Harry? O que ainda faz parado aqui na rua?
A"

"Por favor, me responde!
A"

O carro liga e sai em disparada. Logo em seguida, ele responde.

"Estou bem. Boa noite.
H"

Sério mesmo que ele vai dar um de ofendido? Quem devia estar ofendida sou eu.
Se amanhã ele me tratar com indiferença, irei atestar a sua infantilidade.
Esse garoto está me dando mais dor de cabeça do que a Aggy.

A 13° Entrevista De EmpregoOnde histórias criam vida. Descubra agora