Entrei no quarto e fechei a porta correndo. Logo, o Luca estava atrás de mim, gritando.
- Abre a porta, Amanda! Agora!
- Não vou abrir! – gritei de volta, garantindo que estava trancada.Acabara de ter a pior discussão do mundo com o Luca. A sorte era que meus pais e os pais dele resolveram pescar no lago há horas e, por isso, a casa estava vazia.
Com tantos assuntos para tratar, eu achei melhor começar pelo que mais me incomodava: o trabalho na escola. Contei para o Luca que não era meu sonho, que eu queria trabalhar em uma editora e, finalmente, que eu tinha uma oportunidade na quinta-feira de conhecer um editor. E aí o Luca surtou! Disse que aquilo era um sonho infantil, que eu precisava de um emprego de gente normal, que já passara da época de saber o que eu ia fazer da minha vida.
Aí, eu tive que dizer que eu discordava, porque eu só tinha 21 anos! E aquilo tudo estava indo rápido demais. E aí ele resolveu ficar todo magoado, dizendo que eu não estava feliz com o noivado, que eu não pensava nele, que ele só queria ter uma casa e uma família comigo, que eu era uma ingrata. E eu rebati que amor não tinha nada a ver com gratidão e aquela conversa não estava fazendo o menor sentido, então saí correndo para o quarto.
E agora, eu estava ali no quarto, chorando com o rosto no travesseiro, que nem uma garota boba em um filme. Mas eu sabia que aquilo não poderia continuar, porque nossos pais chegariam em breve e a última coisa que eu quero é magoar mais alguém.
O que estava me deixando mais irritada é que eu nem cheguei ao ponto de que eu não estava preparada para noivar. Eu só falei da questão do trabalho e o Luca começou a pirar já aí. Quem ele pensa que é para querer mandar no meu trabalho? Eu não mando no trabalho dele! Se ele quisesse largar a medicina para fazer qualquer outra coisa, eu não daria esse piti com ele. Para que essa fixação em que eu trabalhe nessa escola idiota?
Enxuguei as lágrimas, tentando me acalmar. Se tem uma coisa que eu odeio é ter as pessoas resolvendo as coisas para mim. Mas, pelo jeito, eu dou margem para isso, porque todo mundo acha que pode sair mandando em mim.
Abri a porta do quarto e encontrei o Luca sentado contra a porta. Me sentei do lado dele, me sentindo derrotada.
- Me desculpa, tá? – eu disse. Sim, esse é um outro defeito meu. Eu não consigo manter uma briga com ninguém.
- Me desculpa também? – pediu ele, passando o braço em volta dos meus ombros. Ficamos assim por alguns segundos até que ele disse: - Acho que estamos um pouco ridículos sentados no chão.
Eu ri e concordei.
- O que acha de abrir um vinho e jogar uma partida de sinuca? – perguntou ele, contra o meu ouvido.
- É sempre um prazer jogar sinuca com você, Luca...
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Amanda, doce obsessão | Degustação
RomanceHá anos, Amanda sonha com o enigmático professor Marco, mas nem imagina que sua atração é correspondida. Prestes a se formar na faculdade, ela já sente saudade das aulas em que mal conseguia prestar atenção, mas é surpreendida quando Marco faz um co...