Capítulo 11 - Aquela voz

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José

    Era 2023, estávamos em outubro e Beatriz estava na sala com top e shorts na frente do ventilador, não parava de reclamar sobre como o calor a estava matando. Preparei uma limonada para nós e coloquei todos os gelos da bandeja em nossos copos, o sorriso que ela me deu bastou para ter valido a pena o tempo naquela cozinha que mais se parecia com um forno.

    - Eu já disse que te amo hoje? – disse ela com um sorriso que deixava seu rosto ainda mais vermelho enquanto pegava seu copo, era fofa.

    - Não, mas pode dizer depois que o sorvete de creme que eu encomendei chegar.

    - Eu te amo ainda mais agora! Te daria um beijo se não tivesse tão calor!

    Rimos os dois e decidimos assistir filme para passar o tempo. Era sábado e não tinha mais nada pra fazer, pois a piscina do prédio estava lotada e na praia estava um Sol atormentador. Beatriz colocou "Ghost – Do Outro Lado da Vida", ela amava aquele filme. Já havíamos o visto um milhão de vezes, mas ela nunca se enjoava. Eu já sabia todas as falas e sabia também que ela choraria, de novo, naquela cena da moeda.

    O sorvete chegou um pouco depois do filme começar, então passamos todo o tempo, enquanto assistíamos, nos entupindo de sorvete. Quando o longa acabou, já estava anoitecendo e ficando um pouco mais fresco, Beatriz até conseguiu colocar uma regata e se sentar ao meu lado.

    - O que achou do filme? – perguntei a ela.

    - Sempre me faz essa pergunta, sabe muito bem o que acho desse.

    - Acho que cada vez que assistimos ou lemos algo, temos diferentes impressões. Sempre vê esse filme, mas aposto que hoje você notou algo que nunca havia notado antes. Seus olhos amadurecem com o tempo.

    - Humm, pensando assim, tem algo que eu notei mesmo.

    - O que?

    - O Patrick Swayze estava ainda mais lindo! É incrível como ele consegue ficar cada vez mais lindo!

    Revirei os olhos, era claro que ela diria aquilo.

    - Não vou nem te responder, tá? Vou tomar banho!

    - Aff, não fique bravinho, estou só brincando! – ela me alcançou antes de eu chegar no banheiro e me abraçou por trás. Eu nem estava bravo, mas entrei na brincadeira.

    - Vá falar com o seu amado Patrick e me deixe tomar banho, tá calor!

    - Você é muito mais lindo que o Patrick, tá bom? Eu vou até fazer um miojo pra agradar meu querido José, o que acha? – pegou no ponto fraco, eu amava aquela coisinha nada saudável.

    - Fui convencido, aceito o miojo. Mas ainda assim vou tomar banho, o querido José realmente está com calor.

    - Tá bom então, vou fazer! – Beatriz me soltou e foi correndo pra cozinha. Sorri ao ouvi-la cantarolando, era boa a vida com ela.

    Meus pais raramente me ligavam, eu tinha um irmão e alguns primos que cuidavam deles lá na cidade onde nasci, então achei muito estranho quando olhei a tela do meu celular após sair do banho e vi três ligações perdidas do meu irmão mais novo, o Nicolas. Liguei de volta e ele logo atendeu, com uma voz de alívio.

    - José? Sou eu, o Nicolas!

    - Eu sei quem você é, tá tudo bem?

    - Bem, eu... eu tô aqui na Praia Grande, queria saber se posso te visitar.

    - O que tá fazendo aqui? Por que está me ligando essas horas?

    - Eu vim de ônibus, precisava te ver.

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