Abro a porta entrando sentindo as memórias voltarem. Tudo parecia tão recente, mas já tinha quase um ano desde a última vez que entreguei café naquelas mesas sendo uma garçonete, tinha meses também desde que vi o Wilson quase morrer aos meus pés e Sebastian o salvando. O pânico ainda estava ali e eu podia me visualizar como se estivesse exatamente no mesmo dia, mas vendo tudo em terceira pessoa.
Com as memórias eu me sentia tão criança ainda, sem experiências na vida e tão assustada. Engraçado como tudo mudou mais rápido do que normalmente era comum.
Os antigos funcionários também estavam marcados em minha memórias, me fazendo rir e me ajudando nas novas tarefas que sempre surgiam. Eu não podia negar que ali me sentia acolhida. E era diferente...
Eu gosto de trabalhar na empresa isso não posso negar, mas eu sempre gostei tanto do contato com a diversidade do público que sentia a falta de estar na lanchonete, na empresa eu me sentia rodeada por robôs tristes e cansados.
— Mary, quanto tempo eu não vejo você. — Wilson saiu do corredor que levava até sua sala, ele estava com a aparência cansada e parecia mais velho. Mas ele sorriu pra mim e eu retribui.
— É muito bom te ver bem. — Me aproximei segurando meus dedos entre minha palma meio nervosa. — Soube que quer vender aqui, o que houve?
— Não tenho mais forças para administrar um local lotado como o coffee house era, sabe que não tenho herdeiros e vou apenas me afundar. Por isso decidi que vender aqui e viver em calma vai ser a melhor coisa a se fazer. — Arrastando-se um pouco, ele se sentou em uma cadeira provando que realmente estava cansado.
— Está mais do que certo ao se preocupar com sua saúde. — Disse sincera.
— Então, do que devo a honra de sua visita? — Tinha uma pitada de humor em sua voz, mas nenhum de nós riu.
— Eu tenho interesse no espaço. — Fui direto ao ponto. — Quero abrir minha própria loja e não posso negar que adoro aqui. Foi um dos meus primeiros lares.
— Gosto de como você é determinada, podemos negociar...
[...]
— O que? Está falando sério? Sério mesmo? — O choque em Alice era visto pelos seus olhos arregalados, não consegui não rir.
— Mais sério do que nunca.
— Então vamos ter um espaço pra gente?
— Vamos, mas vai demorar até ser aberto pois vamos fazer umas mudanças, quero pintar para cores mais vivas e colocar novas cadeiras e fazer aberturas aqui e ali, tenho um projeto todo então vamos continuar com as encomendas em casa mesmo.
— Isso não importa! Podemos mudar muito e cara, isso é incrível Mary. — Ela correu para me abraçar, beijando minha bochecha várias vezes. — Eu quero ouvir tudo que você decidiu!
— Bom, vai passar um tempo até que nós consigamos pagar pelo espaço, mas eu pensei em fazermos uma abertura grande para uma área de fora na cafeteria, iluminar mais e colocar mesas com cadeiras individuais para as pessoas que querem paz, além disso podemos ter uma prateleira de livros para as pessoas lerem enquanto tomam café.
As ideias surgiram ainda quando eu era criança, naquela época pareciam distantes de mim mas agora estavam mais perto do que nunca.
— Mas e o barulho? Eu odeio ler com barulho. — Protestou.
— Por isso pensei em fazer a abertura, para uma área mais de paz e silêncio para leituras e até mesmo reflexão. Tudo foi planejado acredite.
— Claro que foi, te conhecendo como conheço já deve ter decidido até as cores que quer e o nome...
Era onde estava o problema eu não tinha escolhido um nome, a parte que dificultava em todo o trabalho escolhido. Escolher um nome era escolher a marca e o conhecimento do meu trabalho. Isso assusta qualquer um, pois uma vez que o nome é escolhido ele pega pra sempre.
— Não decidi um nome ainda, mas tudo vai ser feito devagar, não há com o quê se preocupar.
— Tem razão, assim como meu casamento, nossa cafeteria vai ser aberta devagar. — O sorriso lançado em minha direção foi o suficiente para me fazer esquecer muito dos meus problemas.
Era o começo de uma realização do meu sonho e nada poderia estragar, nada mesmo.
— Mudando de assunto rapidinho, como você está? Deve ser bem difícil né quando isso acontece.
— O que aconteceu? — Perguntei em um franzir de testa.
— O Sebastian não te contou? — Alice pareceu ficar vermelha.
— Contou o que? O que houve?— Dei um passo até Alice que evitando me olhar nos olhos, virou o rosto. — Alice o que aconteceu?
Falei dessa vez mais alto, impaciente e curiosa. Os olhos de Alice encontraram o meu mas ela negou com a cabeça.
— Desculpa mas não tenho o direito de lhe contar, se ele escolher não dizer então não sou eu que tenho que espalhar.
— Ele está com outra, não é?!
— O quê, Mary? Não! Escuta, não tenha curiosidade sobre isso. Talvez seja melhor realmente que você não saiba.
— Eu não estou gostando nada disso.
— Sinto muito, não era meu direito te deixar na dúvida. — Alice segurou sua bolsa, mas sem dar nenhuma informação saiu da minha casa me deixando sozinha.
E curiosa.
Capítulo revisado!
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Temporary Fix [Concluída]
Teen FictionMary Anne é uma funcionária novata em uma das melhores cafeterias de Londres e logo de cara ela se vê em problemas ao que percebe que um dos clientes é um bilionário mesquinho o que faz que ambos percebam que eles são inimigos. As trocas de farpas d...