Capítulo 5 - Consequências

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— Que menina esquisita.

— Olha o cabelo dela.

— Ela que explode tudo que toca.

Sussurros de todos os lados invadiam a mente de Sakura. Via-se sozinha em um balanço no meio do parque; sua visão era turva e escura, afastada de todas as crianças que brincavam e se divertiam no parquinho, enquanto em alguns cantos pôde ver meninas juntas fofocando e rindo, apontando para ela.

— Por que ela não é expulsa?

— A mãe dela é uma das diretoras do colégio.

— Hm, não era para menos.

Sakura tampou os ouvidos, mas os sussurros penetravam a mente de um jeito que não podia explicar. Ela balançou a cabeça.

— Bomba ambulante.

— Quando vão se tocar que ela não é igual a gente?

— Ela não serve para nada além de destruir.

— Inútil.

— PAREM!

De repente, as adultas e crianças que estavam ali pararam o que estavam fazendo e direcionaram os olhares para ela. Todas começaram a rir. Não aguentando mais, Sakura começou a correr, até que, de tanto se afastar, a paisagem se estendeu ao escuro. O lugar era gélido e tinha apenas um feixe de luz como guia. Agachou-se e abraçou os joelhos, mergulhada em pensamentos.

Por que ninguém brinca comigo?

Por que todos me rejeitam?

Por que nasci diferente?

Sua voz ecoava no local; estava sozinha. Não sabia o que fazer.

— É chato, não é?

A outra voz que ecoou ali a assustou. Levantou a cabeça e viu uma pessoa quase da sua altura, era uma criança na qual o feixe de luz não iluminava parte de seu rosto.

— O quê? — perguntou ela.

— Ser diferente.

Sakura baixou o olhar, com lembranças invadindo a mente.

— Mas tudo bem, isso vai passar. Vou cuidar de você, eu prometo.

— Quem é você? — perguntou com receio.

O menino virou-se de lado, o que deu para ver a outra metade de seu rosto. Sakura se assustou, a metade dele era totalmente desfigurada.

O menino sorriu e então começou a correr.

— Ei, espere! — Sakura tentou segui-lo; na blusa dele conseguiu ver um símbolo de um leque. Era estranho, já teve a sensação de ver aquele símbolo em algum lugar. O garoto parecia cada vez mais distante até desaparecer.

Um barulho vindo da mesma direção a fez estranhar, não era desconhecido. Parecia uma cachoeira ou uma pequena cascata, era reconfortante, mas o som foi-se esvaindo até Sakura não sentir mais o chão sob seus pés e despencar na escuridão.

Quando Sakura abriu os olhos, se deparou com algo totalmente borrado. Rapidamente os fechou por conta da claridade, piscou várias vezes até conseguir focar. Quando conseguiu, pôde ver um teto branco. Estava deitada e ofegante.

— Que sonho estranho.

Sua cabeça latejava de dor e seu corpo ardia, principalmente a sua mão direita. Olhou em volta e percebeu que estava na enfermaria do colégio. Já tinha ido tantas vezes que era impossível não reconhecer. Não conseguia mexer a cabeça, mas conseguiu sentir a presença de duas pessoas perto dela.

Rainha do HarémOnde histórias criam vida. Descubra agora