Capítulo 1 - Prólogo

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Chuva caía na vila oculta de Amegakure. Os aldeões já tinham se acostumado, pois era normal chover todo dia. As crianças brincavam em toda poça que se formava; era o divertimento delas, e os pais já não ligavam mais. Afinal, por mais que pegassem chuva, não ficavam doentes.

— Mais um dia de merda na nossa linda cidade! — exclamava um bêbado na rua com uma garrafa na mão, esbarrando-se nos outros. — Que o nosso deus de merda nos abençoe!

Ele levantou a garrafa rindo alto. Os que passavam por ali não ligavam, mas outros o olhavam com reprovação por fazer tal ofensa.

Enquanto o bêbado continuava com suas ofensas, bateu de ombro com uma mulher com chapéu de palha. Virou-se para ela com a sobrancelha arqueada e a olhou com desdém.

— Ei! — chamou. Ela continuou andando em passos leves, não lhe dando atenção. — Estou falando com você, sua vadia!

Ela parou.

— Isso mesmo! — Ele deu uma cambaleada para trás, dando depois três passos em sua direção. — Qual o seu problema?

A mulher, que estava de costas para ele, virou a cabeça. Alguns que estavam ali começaram a olhar, já sabendo que aconteceria alguma coisa.

— Não ouviu?! — ele gritou mais uma vez, dessa vez agarrando seu ombro.

Sua mão rapidamente foi retirada e a mulher sumiu. Olhou em volta e se perguntou onde ela foi parar, quando sentiu uma dor aguda no braço. Percebeu que tinha sido puxado para trás, onde ela estava.

Teve silêncio por um momento. Os que estavam vendo rapidamente se ajoelharam assim que o chapéu dela caiu. Ele, sem entender, com relutância, aos poucos olhou para trás. Sua garrafa caiu e se quebrou em fragmentos pelo chão assim que viu seu rosto. Começou a tremer enquanto seus olhos começaram a lacrimejar.

— Ten-Tenshi-sama...

Ela o olhou friamente, sem expressão. Na chuva, um raio apareceu por detrás dela, refletindo seu cabelo roxo e seus olhos âmbar.

— Não deveria falar tais blasfêmias contra nosso deus... — disse, seu tom era neutro, não demonstrando emoção. — Devo castigá-lo?

— Nã-não, Tenshi-sama, eu juro que não sabia o que estava falando! — riu em desespero, temendo tal palavra. — Nosso deus é glorioso! Ele nos deu a oportunidade de nós, Ayakashis, sermos livres! Ele é o nosso salvador!

Os demais olhavam com relutância, não sabendo o destino trágico que ele poderia levar, mesmo sabendo que sua Tenshi era misericordiosa.

Ela não disse nada e apenas cerrou os olhos, não acreditando em suas palavras. Por mais que a aldeia fosse religiosa, ainda existiam esses ''parasitas'' que, na opinião dela, não deveriam existir.

— Por favor, Tenshi-sama! Tenha piedade de um homem humilde como eu — implorou mais uma vez. A chuva tinha engrossado. Ela olhou para cima e deu um suspiro, se perguntando se deveria mesmo deixar um herege perambular pela aldeia. Quando pensou, uma lembrança voltou à tona.

Ela apertou o braço do homem e colocou o pé em suas costas. Tal lembrança a fez não pensar mais.

— Infiéis não merecem misericórdia! — Ela então se preparou para arrancar o braço do bêbado, mas assim que iria fazer, ouviu uma explosão ao norte.

Ela parou e olhou para onde tinha vindo a explosão. Os habitantes olharam espantados e, logo depois de alguns segundos, começaram a correr. Ela largou o bêbado que, desesperado, começou a correr com os outros.

Se desfez em papel e voou pela aldeia em direção à explosão, onde ali existia uma sede que agora só era um monte de entulhos. As pessoas que estavam perto dali correram, outros foram engolidos pelo metal pesado.

Rainha do HarémOnde histórias criam vida. Descubra agora