Se tiver a chance, olhe para a lua hoje.

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- Por que diabos você anda com um pedaço de papel na carteira?

Era noite de sábado, o último de outubro. O parque que se estendia ao longo do Rio Han estava movimentado, às mais de sete horas da noite, mas não o suficiente para tornar o passeio de alguém inconveniente. A brisa também era agradável, menos fria do que nos outros dias. Havia jovens fazendo piquenique pelo gramado, crianças andando de bicicleta pela parte pavimentada, casais andando de mãos dadas ou trocando palavras de afeto nos bancos com vista para o rio.

Era uma noite estrelada de outono, e as pessoas haviam saído de casa para aproveitar. Kang Seulgi sentia-se agradecida, portanto, pelo seu convite, mesmo que feito por motivos escusos. Era bom aproveitar um fim de semana mais tranquilo antes que as coisas voltassem a apertá-la, quanto à faculdade. Era com um coração leve, portanto, que esperava na fila para um carrinho de hot-dogs no palito, com Bae Joohyun à sua direita.

Quem havia feito a pergunta que Seulgi acabara de se lembrar de responder, aliás.

- Ah, isso aqui? – Seulgi acompanhou o olhar da Bae e arrancou o pedacinho de papel sulfite, que havia deixado junto às notas de dinheiro, para exibi-lo para Joohyun. – Yerim que fez. Eu ajudei com um trabalho e ela me agradeceu com um vale-sorvete. Infelizmente ainda não tive a oportunidade de resgatar meu prêmio.

- Sério, por que vocês são assim...? – Joohyun franziu levemente a testa para enxergar o que havia escrito no papelzinho. Os dizeres "resgate com Kim Yerim" fizeram a Bae rir juntamente com a Kang. – É bobinho, mas é fofo.

- Kim Yerim é fofa. Quando ela quer ser. – Seulgi se lembrou de acrescentar a última parte ao devolver seu vale-presente à carteira e Joohyun riu ao aquiescer, sabendo muito bem ao que a Kang se referia.

- Quando ela não está aterrorizando todo mundo, ela é. - Quando Kim Yerim se propunha a pegar no pé de alguém, conseguia ser a pior de todas. Foi a vez de Seulgi rir em concordância, antes de Joohyun prosseguir. – Você não pode falar muito. Era do mesmo jeito quando ainda estava na escola.

- Aí eu cresci e virei uma velha resmungona? – Seulgi perguntou. Retoricamente, mas Joohyun respondeu, ainda assim.

- Mais ou menos por aí. Algo deu errado e a parte de ser fofa se perdeu no meio do caminho. – Joohyun provocou com uma expressão séria, mas deixou escapar um sorriso ao ouvir uma risadinha baixa vinda de Seulgi. – Guarde o seu vale-sorvete e a carteira. O cachorro-quente é por minha conta.

- Não precisa, eu que te convidei, eu pago pelo menos o meu. – Seulgi rejeitou a oferta. Não que tivesse adiantado, pois Joohyun rapidamente negou com a cabeça.

- Você pagou meu café da outra vez, deixa eu retribuir. – Joohyun contra-argumentou. Outra vez, não serviu para fazer Seulgi se calar.

- Eu tinha perdido uma aposta, é diferente. – Seulgi insistiu uma última vez e Joohyun revirou os olhos em resposta.

- Eu já disse que nem tinha levado a aposta à sério... Aigoo, só deixe eu pagar dessa vez. Você banca a próxima. – Joohyun reclamou. O tom de resmungo, junto à testa franzida, deixando óbvio para a Kang que seria melhor não insistir do contrário. Seulgi sorriu amarelo como pedido de desculpas ao devolver a carteira ao bolso do casaco. – Relaxa, essa é por conta da unnie.

- Por favor, não fala isso de novo. É muito cringe quando você diz. – Seulgi provocou e Joohyun riu ao empurrar a Kang para o lado, como repreensão. Com força o suficiente para Seulgi dar um passo para o lado, ao se desequilibrar.

A briga não se estendeu, já que foram as próximas a fazerem os pedidos. Uma senhorinha bastante familiar foi quem lhes atendeu e quem não tardou a entregá-las ambos os cachorros-quentes já fritos, devolvendo o troco devido à Joohyun logo em seguida. Talvez a Kang e a Bae não fossem tão reconhecíveis para a senhora o tanto que ela o era para as duas mais novas. O carrinho familiar ficava no mesmo lugar há anos. Os assistentes sempre mudavam, mas a mulher continuava ali. E não devia ser o cachorro-quente favorito de Joohyun, apenas, pela pequena fila que sempre se formava, quando aberto, e por como as poucas mesas deixadas ao redor estavam sempre cheias.

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