Bônus: A mãe disse que eu faria amigos rapidinho, em Seul.

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Era tarde de domingo num verão de 2006. Estava tudo mais do que tranquilo, naquela vizinhança de Seul, distante dos altos prédios e da loucura do trânsito movimentado. Uma zona tão residencial que só se viam casas, ao redor. Mais residências do que pessoas, passando de um lado para o outro – e a maioria eram ahjussis caminhando pelo bairro e ahjummas com sacolas cheias ingredientes frescos para o jantar. Motocicletas de serviços de entrega apareciam de vez em quando, assim como gatinhos de rua, passeando pelos muros.

O clima era de calmaria. Falando sobre temperatura, de fato, não era um dos dias mais quentes, daquele começo de agosto. Talvez por conta do horário, o céu já começava a exibir um brilho alaranjado, mas era o clima perfeito para aproveitar o restante das férias escolares do lado de fora de casa. Só parar para contemplar a preguiça veraneia. E era justamente isso o que Bae Joohyun fazia.

Sentava-se ela ao portão de sua casa. A soleira que separava a residência da rua era alta o suficiente para a Joohyun da época usar como assento, confortável o suficiente para Joohyun apreciar de seu salgadinho amanteigado, adocicado pelo gosto de mel, na maior comodidade possível. Joohyun, porém, não aproveitava da guloseima e nem da calmaria sozinha. Tinha como companhia uma de suas vizinhas, Son Seungwan, que sentava à sua direita, mas morava na casa à esquerda.

Son Seungwan era uma de suas melhores amigas. Ao ponto de Joohyun se considerar mais próxima da Son do que de suas colegas de sala, ainda que Seungwan fosse um ano mais nova. Talvez por terem sempre terem brincado juntas antes mesmo de ambas começarem a ir para a escola...? Talvez fosse por isso. E ainda que pudesse parecer estranho Joohyun estar a afirmar tudo isso enquanto tudo que ela e Seungwan faziam era comer salgadinho e observar o nada em absoluto silêncio. Mas era aí que estava a coisa: Joohyun não ficava tão à vontade estando quieta perto de suas colegas de sala, quando comparado à quando estava com Seungwan ou Park Sooyoung.

- Unnies, aqui está o presente que eu falei!

Falando em Park Sooyoung... Park Sooyoung tinha ficado consideravelmente mais legal e esperta desde que entrara para a escola, também, então Joohyun se sentia cada vez mais próxima dela, também. Há um ou dois anos, Park Sooyoung era café com leite demais. Muito bebezão lerdinho para entender as dinâmicas das brincadeiras e com uma fixação por ficar abraçando as mais velhas a todo tempo.

Diferente da menina de uma das casas da frente, Kim Yerim, que ainda era um bebezão, mas, entendendo ou não as brincadeiras, fazia tudo errado apenas para atentar as mais velhas. E batia, quando ficava brava, sem se importar com diferenças de idade. Bae Joohyun não precisava ser adulta para saber que a mãe da menina devia ter que trabalhar duro, em casa, para manter Yerim comportada, sem causar riscos a si mesma ou aos outros. Joohyun nunca conhecera alguém com tanta energia a ser gasta.

Era tão difícil brincar com Yerim quanto era para Joohyun e Seungwan fugirem de ter de brincar com a Kim. Como há um ou dois anos também fugiam de Sooyoung. Hoje em dia, da Park, Joohyun e Seungwan não fugiam mais. Faziam sempre questão de bater no portão de Sooyoung, se a mais nova demorasse muito a aparecer, em tardes como aquela. Sooyoung gostava de brincar, porém, então, na maioria das vezes, aparecia por conta própria.

Como naquele instante. Ao mesmo tempo em que anunciara o tal presente que havia recebido, Park Sooyoung viera até elas a empurrar uma bicicletinha vermelha, com uma cestinha de ferro e duas rodinhas de treino presas ao aro traseiro. A pintura metálica brilhava, de tão nova. Tanto quanto o sorriso da Park, contente com o novo brinquedo.

- Você trouxe isso de Jeju?! – Ah, e como Seungwan havia acabado de lembrar Joohyun... Park Sooyoung era nascida em Jeju, apesar de nunca ter realmente vivido lá. Então, nos verões, chuseok e festas de fim de ano, Sooyoung costumava viajar para visitar os avós. Park Sooyoung voltara da viagem daquele verão na noite anterior. E vinha com lembranças.

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