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Na verdade... eu já estou me sentindo especialmente sortuda.

Era, de novo, sexta-feira e, mais uma vez, estava atrás do balcão da biblioteca. Para Kang Seulgi, seria um pouquinho difícil resumir a última semana em poucas palavras, mas, até então, vinha sendo positiva.

Comecemos por partes, então.

Em relação à faculdade, vinha sendo tranquilo, finalmente. A professora de Literatura cumprira com a promessa e a entregara o rascunho do conto ainda na segunda-feira. Com algumas correções e sugestões que Seulgi levou em conta ao reescrever, durante a semana. E como editar era muito mais simples – ou nem tanto – do que escrever do zero... Kang Seulgi não teve tantas noites mal dormidas daquela vez.

Ah, e também tinha boas notícias dadas por Srta. Kwon. O tradicional evento acontecia sim, naquele ano, entre meados e o final de novembro. Ainda sem data definida, mas a professora lhe prometera avisar assim que as inscrições fossem abertas. E isso era ótimo, por diversos motivos. Primeiro, a administração da universidade não fora tão... retrógrada quanto Seulgi achou que fosse ser. Foram bastante inteligentes em tratar rumores apenas como rumores, que, com alguma dose de sorte, são esquecidos tão rapidamente quanto surgem.

Depois, o evento era uma forma de Kang Seulgi publicar algo com o próprio nome, já que contos selecionados por professores eram reunidos em uma publicação com o selo da Universidade Nacional de Seul. Algo relevante para além da vida acadêmica. Por último, dava a Seulgi a oportunidade de checar o trabalho dos colegas. Havia muita gente boa, nos departamentos de Línguas e Literatura. Meio nerd, mas a Kang gostava de checar e aprender com diferentes estilos. No mínimo, sairia do evento com ótimas epifanias.

Quanto à faculdade, portanto, Seulgi tinha bons motivos para estar aliviada.

E, para não sairmos das dependências do campus, também havia Shin Seungho. Seguiam mais ou menos na mesma. Conversando por mensagem, mas os encontros "ocasionais" estavam sendo mais frequentes. Encontros do tipo "nossa, você por aqui?", pelos corredores, e "olha que engraçado, viemos comer na mesma hora", em filas da cafeteria ou do restaurante. Seulgi não se importava tanto com as conversas ocasionais, porque ao menos Shin Seungho a fazia se sentir confortável, sem forçar a barra. Mas, justamente, o fato de não ter tomado nenhuma atitude ainda... aquilo estava deixando Seulgi maluca de tanta ansiedade.

Então, no que se tratava de Shin Seungho, era como se Seulgi estivesse descobrindo um novo gênero literário para retratar em futuras histórias: suspense romântico; ou terror-romântico-psicológico. Meio creepy, de fato, se fosse pensar daquele jeito.

"O garoto vai te chamar para sair, você só não sabe quando... não abaixe a guarda, o convite está sempre à espreita!"

Daria uma ótima história, de fato. Com um cara, claro. Se fosse com uma garota... lá se ia a sensação de medo. Na verdade, Seulgi já teria feito o convite, se fosse daquele jeito. Sim, Seulgi estava comparando Shin Seungho a um papel de perseguidor comicamente bizarro que acabara de inventar em sua cabeça, mas não havia nada de errado com a personalidade dele! De verdade! Só... era um cara. E Seulgi não estava muito a fim de sair com caras. Independentemente do quão gentis fossem. Vocês já sabem disso.

Falando em histórias... a última atualização da dela vinha indo bem. Tivera a chance de ler alguns dos comentários entre as aulas, e mais um tantinho desde que chegara a biblioteca. Ainda não havia um de Tokkibi, mas... ah, sim, Tokkibi. Elas vinham se falando todos os dias desde a última sexta. Mesmo que fosse um pouquinho por dia, normalmente durante à noite, após o jantar. Ainda deixava Seulgi embasbacada como o assunto sempre fluía bem entre as duas. E olha que Seulgi era péssima mantendo conversas. Principalmente com desconhecidos.