Vou te deixar sabendo, se tudo der certo.

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- Ei, Joohyun...

Como explicar as primeiras doze horas daquela terça-feira em poucas palavras? Para Bae Joohyun, isso parecia quase impossível.

Primeiro, porque foi difícil acalmar os nervos e silenciar os próprios pensamentos para conseguir pegar no sono, na noite anterior. Tão difícil quanto foi acordar pela manhã com o som do despertador, após uma noite mal dormida.

Depois que... bem. Bae Joohyun teve que encarar Kang Seulgi logo no início do dia. Não tinha como fugir. Sempre se encontravam todas no portão, iam até o ponto de ônibus juntas e se agrupavam no meio de transporte até a faculdade. Talvez porque estivesse com sono demais, mas Joohyun não se lembrava de muito mais do que evitar contato visual com a Kang. E evitar opinar demais no que quer que Seulgi dissesse. Na verdade, o caminho até a faculdade mais lhe parecia um monte de fragmento de memória confuso, já àquela altura do dia, quase tarde.

Mas, ainda assim, era estranho. Porque Joohyun não era alguém que fugia de contatos visuais ou que se continha quando queria muito dar a própria opinião sobre um assunto. Só de ter que se censurar desta forma já era esquisito. Mas, forçar normalidade... Joohyun não estava nem com o humor para isso e, só de se imaginar, pelo menos por ora, numa interação normal com Seulgi...

Só de se imaginar numa interação normal com Seulgi, uma reação nervosa se desencadeava por todo o seu corpinho.

Não era culpa de Joohyun se o seu subconsciente gritava "Rowoon!" – ou "gay!" – toda vez que seu olhar cruzava com o da Kang. O que no fim era quase a mesma coisa, mas aish, tanto faz. Era inevitável e...

Bizarro. Era muito bizarro. E servia de gatilhos para suposições que eram inevitáveis de se fazer.

Kang Seulgi definitivamente era Rowoon. Kang Seulgi só podia ser Rowoon, porque Kang Seulgi também era um ano mais nova do que Joohyun, universitária, de Seul, nascida em Ansan. Ouvia Dosii – por indicação de quem fosse -, tinha uma gata laranja chamada Bokki – também por conta de uma amiga que compara a felina a um tteokbokki -, e quem Joohyun descobrira escrever num estilo que ela gostava.

Na verdade, era tudo tão óbvio que dava raiva.

Joohyun tinha demorado tanto para perceber que ser tão óbvio lhe dava muita raiva.

Mas era que Seulgi nunca tinha dado sinais de nada! Como Joohyun iria saber?

Ou Joohyun não tinha percebido porque havia se negado à possibilidade?

Nada fazia sentido.

Ao mesmo tempo em que outras começavam a fazer.

Estava óbvio que Kang Seulgi era Rowoon. Isso queria dizer que, se Bae Joohyun lia as histórias de Rowoon desde seu primeiro ano na faculdade, isso queria dizer que, no mínimo, Kang Seulgi já tinha algo a dizer sobre o tema desde o último ano do colegial. E isso era estranho de se pensar. Porque, enquanto Joohyun pensava estar lendo algo escrito por alguém de sua idade ou mais velho, havia uma garota de uniforme escolar escrevendo do outro lado da tela. E Joohyun conseguia imaginar perfeitamente a cena. Era o mesmo uniforme que Yerim usava, que Joohyun um dia usara, também. Era Seulgi, vestida nele.

Isso fazia a mente de Joohyun explodir. Ou Seulgi era muito boa em esconder as coisas, ou Bae Joohyun era muito lerda.

E pensar que teria descoberto mais cedo se tivesse tentado uma aproximação antes... Era muita coisa para processar. Talvez, se tivesse lido a publicação de Seulgi pela faculdade no semestre passado, teria percebido algo? Ou não? Tinha sido um poema, não tinha? Rowoon não publicava poemas, então talvez não. Mas, como iria reagir se tivesse descoberto aquilo antes? Teria sido pior ou melhor? Joohyun não sabia. E nem adiantava pensar muito numa probabilidade que não faria diferença alguma diante da situação atual.

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