Eram onze horas e cinquenta e nove minutos da noite de uma quinta-feira, e Kang Seulgi se encontrava preparada, sentada na cadeira da escrivaninha, ao encarar atentamente o relógio ao canto da tela do notebook. Já tinha tudo preparado. O capítulo de sexta já estava devidamente revisado, o título já fora previamente selecionado. Só esperava a hora virar para meia-noite. Até o cursor do mouse já se encontrava sobre o botão de enviar.
E foi justamente o que a Kang fez quando os quatro dígitos do relógio se alinharam em zeros. Era sexta-feira e, pronto, o capítulo da semana estava postado. Sem atrasos, apesar da semana atribulada. O sorriso que Seulgi tinha, após o envio ser concluído, era orgulhoso, portanto. Satisfeito, também. E foi com esse mesmo sorriso que Seulgi esticou os braços para cima, ao se espreguiçar, e então tirou os óculos do rosto, os deixando sobre a mesa. Tinha encerrado seu trabalho por ali, e seus olhos ardiam e pesavam por conta do cansaço. Por isso, fechou o navegador e desligou o computador no segundo seguinte. Esfregou ambos com as costas das mãos e decidiu encerrar seu dia por ali. Apesar da curiosidade, deixaria para ver as reações dos leitores apenas na manhã seguinte. Ainda seria um dia útil da semana, afinal de contas.
- Aí, unnie, boas notícias!
Seulgi pensava, sim, em ir se arrumar para dormir e, depois disso, ir direto para a cama. Mas mal conseguiu se levantar da cadeira, já que Kim Yerim chegou invadindo seu quarto sem pedir muita licença. E àquela hora da noite. Provavelmente no caminho de volta para casa.
- Ué, quem te deixou entrar? – Seulgi girou a cadeira até estar de frente para a mais nova, que lançara a mochila pesada em sua mesa sem pensar duas vezes.
- Seu pai ainda estava acordado e disse que a luz do seu quarto ainda estava ligada, então... vamos ao importante. Lembra do projeto que eu te mostrei como estava ficando? O pra aula de coreano? – Yerim perguntou e, apesar de já fazer quase uma semana desde o dia da lanchonete, Seulgi aquiesceu, recordando-se das fotos. – Nós tiramos nota máxima!
- Sério?! Uau, nice, eu disse que estava muito bom! – Seulgi ergueu ambas as mãos, em um high-five duplo que foi instantaneamente correspondido por uma Yerim bastante entusiasmada.
- Valeu, unnie! Na verdade, eu que te agradeço pelas sugestões. Ah, e eu tenho algo para você, em troca. – Apressada, Yerim abriu um dos bolsos da mochila. De dentro de um estojo, retirou um pedado de papel, dum tamanho semelhante ao de um cartão de crédito. A caligrafia que ali se encontrava era da Kim, como Seulgi pôde reconhecer.
- Isso é um vale presente? – Seulgi riu. As palavras eram bem óbvias, apesar de sua pergunta: "Este cupom equivale a um sorvete. Resgate com Kim Yerim. Uso único". Quanto à validade, havia um símbolo de infinito, logo após os dois pontinhos.
- Sim, mas tenha cuidado. Se perder, já era. – Yerim avisou e Seulgi assentiu, guardando cuidadosamente aquele seu "cupom" debaixo dos óculos. Preguiça demais de se levantar para buscar a carteira, que era onde certamente o deixaria. – Mas o que você ainda tá fazendo acordada? Não tem aula amanhã? Eu, se pudesse, já estava dormindo há tempos.
- Ah, eu estava fazendo trabalho. – Seulgi explicou. Já Yerim, na verdade, não parecia nada sonolenta. Ainda mais depois de ouvir aquilo. A cara de decepção da Kim foi bem óbvia.
- Pensei que estava falando com o seu crush. – Yerim torceu o nariz, desapontada, na mesma hora em que Seulgi arregalou os olhos. O que não passou despercebido pela Kim. – Não faz essa cara para mim, a Sooyoung unnie me contou tudo, já.
- Não é assim, também, a gente só está se falando... – Seulgi resmungou, ao revirar os olhos. Claro que Sooyoung falaria. E claro que Yerim brotaria em seu quarto, mesmo passado da meia-noite, ao ficar sabendo daquilo. Para simplesmente entregar um vale-sorvete que não seria.
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FanfictionKang Seulgi tinha motivos para manter seu hobby em segredo. O da escrita, para ser mais específica. Histórias originais que eram postadas por ela sob o nome de Rowoon. Podia não ser a melhor escritora do mundo, mas, pelo menos, suas histórias quase...