Stay With Me - Cartas Esquecidas (Mirandy - Intersexual)

13 - Envelope azul

"Descobri que seguir em frente quando se está a amar não é tão fácil."

𝕆 peso confortável contra suas costas havia sumido, o calor da respiração não atingia mais seu pescoço e não tinha nenhum braço emoldurando sua cintura. Andrea abriu os olhos e rolou para trás, encontrando o outro lado da cama vazio, com os lençóis perfeitamente arrumados.

"Eu não me canso de achar você peculiar." Murmurou com a voz rouca, estirando os membros de seu corpo de forma preguiçosa.

Ainda com o corpo pesado e os músculos doloridos, Andrea levantou, acompanhada de sua lentidão matinal. Ela arrumou seu lado da cama e saiu do quarto em busca de Miranda. Sua primeira surpresa ao abrir a porta foi a claridade no corredor principal, parecia ser mais tarde do que ela imaginava. Encontrar uma mulher estranha arrumando as almofadas do sofá foi sua segunda surpresa.

"Olá…" Ela comprimentou com timidez e a mulher a fitou com o cenho franzido. "Uh, bonjour?" 

"Bonjour, mademoiselle." A outra respondeu de forma seca e voltou aos seus afazeres, ignorando a presença de Andrea.

Foi então que ela olhou para o relógio na parede e teve sua terceira surpresa, já se passava das dez horas, e pelo que ela havia percebido, as duas na sala eram as únicas em toda a casa.

"Tu sais où est Miranda?" (Você sabe onde Miranda está?)

"Elle n’est jamais là quand je rentre." (Ela nunca está quando eu chego.) Respondeu sem olhá-la.

Andrea fez uma careta e deu as costas, se retirando para a cozinha.

Em cima da bancada, ela encontrou um pequeno envelope azul com seu nome, dentro havia um bilhete escrito à mão com uma caligrafia perfeita de traços ligeiramente inclinados para a direita.

"Espero que sua noite tenha sido agradável, a minha certamente foi. Lamento ter que deixar-te sozinha, mas precisei sair cedo para uma reunião. Espero que um café da manhã preparado por mim sirva como compensação, você pode encontrá-lo no forno.

M.

P.S. - Não estou competindo com Tara, mas tenho certeza que meu croissant é melhor."

Andrea finalizou a leitura com seu mais brilhante sorriso tornando o canto de suas bochechas doloridos. Mordendo o lábio, ela guardou o bilhete cuidadosamente de volta no envelope e depositou novamente na mesa, de maneira alguma esqueceria de levar ele consigo quando saísse.

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Sua caneta fazia anotações sobre um portfólio enquanto modelos trajando alta costura desfilavam na passarela de ensaio. Miranda assistia o desfile e rabiscava suas considerações sobre o que via. Lucía Follett, sentada ao lado dela, tentava assistir a apresentação e ao mesmo tempo espiar sorrateiramente o que Miranda escrevia.

"O que você está achando?" Ela finalmente perguntou para Miranda.

"Não está perfeito, mas acredito que com as modificações certas se torne um trabalho apresentável." Respondeu sem desviar o olhar de suas anotações. "Ele precisa ousar um pouco mais."

Nesse momento, o desfile foi encerrado e o estilista aguardou ansioso o parecer de Lucía, ela era a editora-chefe, decidia o que publicava ou não na revista, embora Miranda fosse a pessoa que ele realmente queria ouvir, pois suas considerações diriam se seu trabalho tinha potencial e quais alterações o colocaria em notoriedade.