10 - Luz vermelha

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"Se estiver disposta a isso, basta ligar para mim ou responder esta carta, dizendo que queres tentar, então pensaremos juntas uma forma de fazer dar certo."

𝔸inda no corredor, o aroma do café da manhã já podia ser sentido. Miranda entrou na cozinha e encontrou Tara, sua cozinheira, cortando legumes. A ilha estava repleta de frutas e guloseimas, no canto do balcão, a cafeteira suava com a alta temperatura.

"Bonjour, Miranda." A mulher negra de olhos verdes, estatura baixa, avental e touca branca, sorriu com simpatia.

"Salut, Tara. Ces fruits sont frais?" (Oi, Tara. Essas frutas são frescas?) Ela puxou uma uva do cacho e levou até os lábios.

"Oui. Je l'ai acheté ce matin. David vient pas aujourd'hui?" (Sim. Comprei esta manhã. David não vem hoje?)

Non, non. Mais j'ai de la visite, prépare le petit déjeuner." (Não, não. Mas eu tenho uma visita, prepare o café da manhã.)

"Bom dia." Andrea entrou na cozinha com a voz rouca e o pijama amassado. Ela olhou confusa para Tara e depois para Miranda.

"Bom dia, Andrea. Conheça Tara, minha cozinheira." Disse, servindo-se de uma caneca de café.

"Bonjour." Cumprimentou-a, um pouco tímida. Então seus olhos foram para a pilha de croissants em cima da ilha, cheirando absurdamente bem. Suas bochechas ficaram vermelhas quando seu estômago denunciou sua fome.

"Sente-se, Andrea. Sirva-se à vontade." Tara disse, com a voz doce e sotaque britânico."Pelo menos alguém nessa casa tem que comer as coisas que preparo com tanto amor." Olhou, provocativamente, para Miranda.

Por sua vez, Miranda revirou os olhos e sorveu um pouco de seu café, voltando seu olhar para Tara.

"Eu sempre como, apenas não como pela manhã, deixa-me enjoada. Ah! Daqui para frente, quero meu café com algumas gotas de óleo de avelã." Ela olhou para Andrea e deu-lhe uma piscadela. A jovem sorriu como resposta, antes de morder o croissant e praticamente se desfazer em milhares de moléculas com a perfeição do sabor.

"Deus! Onde você consegue os ingredientes? No olimpo? Isto está absolutamente divino."

"Não fale de boca cheia, minha querida." Miranda sussurrou ao passar por ela e sair da cozinha. Os olhos castanhos e admiradores de Andrea acompanharam a mulher e seu rebolado elegante até que sumisse de vista. Quando ela se virou de volta, Tara a olhava fixamente com um sorriso leve e misterioso.

°°☉°°

Miranda organizava seus designs dispostos na mesa em pastas de arquivos e guardava no grande armário. Os álbuns espalhados também precisavam ser colocados em seu devido lugar, e como ela era a única a entrar naquele cômodo, logo era a responsável por sua organização.

Ela já havia trocado de roupa, usava uma blusa regata branca e uma saia plissada de tecido leve, na altura dos joelhos.

Somente a cabeça de Andrea surgiu na moldura da porta, Miranda olhou ligeiramente em sua direção e voltou sua dedicação aos seus afazeres, fingindo indiferença. Embora ela quisesse rir dos olhos brilhantes e do sorriso infantil da jovem.

"É seguro entrar, ou você vai me reduzir a pó com seus olhos de laser?"

"Entre, mas não toque em absolutamente nada." Sussurrou, sem desviar a atenção do que estava fazendo.

"Então a sua cozinheira é chefe, tem seu próprio bistrô, e ainda cozinha para você? Uau!"

"Eu sou bastante exigente com minha alimentação, muitas pessoas tentaram trabalhar para mim e não funcionou. Conheci Tara quando almocei no estabelecimento dela, então propus que viesse duas manhãs por semana para preparar porções de refeições."

Stay With Me - Cartas Esquecidas (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora