24 - Rosas vermelhas

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"Com carinho, Miranda."

ℍavia uma luz branca intensa a sua frente, um brilho tão forte que ela não conseguia distinguir muitas formas. Andrea olhou para baixo e viu que seus pés estavam na borda de um precipício. Deu dois passos para trás e ouviu a voz de Miranda, ao longe, chamando-a.

Virou somente a cabeça na direção da voz e se deparou com um campo florido, repleto de margaridas, podia sentir o cheiro das flores, podia sentir até mesmo um aroma de mel. Miranda estava lá, no centro do campo com um vestido branco, um sorriso no rosto e chamando por ela.

Havia tanta luz, tudo estava tão claro, que seus olhos ardiam e ela tinha que fazer um esforço para mantê-los abertos. E então, a imagem de Miranda começou a parecer distorcida, apertada em uma calça justa e uma jaqueta de esportes.

"O que está fazendo?" Perguntou Andrea, tentando abrir os olhos.

"Oh, querida, você acordou. Estou indo ao pilates. Você quer ir?" Sentou perto da jovem, afastando o cabelo dela do rosto.

"Que horas são?"

"Agora são cinco e vinte."

"Está louca, mulher, pilates à noite? Nem pensar." Bocejou, esfregando os olhos.

"Tudo bem." Miranda riu, antes de beijar carinhosamente sua bochecha. "Volte a dormir, princesa."

"Princesa." Andrea cantarolou sorridente, já adormecendo.

Algumas horas se passaram e quando ela abriu os olhos novamente, viu as panturrilhas firmes de Miranda desfilando contraídas de um lado para o outro no quarto, embora em sua mente parecia que ela só havia piscado os olhos e a mulher havia aparecido com scarpins, saia tulipa, e blusa social de manga longa.

Esticando os membros do corpo, deu uma longa olhada no entorno dos lençóis destroçados. Miranda estava tirando a filmadora do tripé quando notou o olhar dela, oferecendo um caloroso e incandescente sorriso.

"Bom dia, querida. Você dormiu bem?"

"Uhn-hum."

"Vejo que ainda tem sono, não vou ficar surpresa porque é você." Depois de uma piscadela, ela saiu do quarto levando consigo o equipamento de filmagem.

Tentando escapar da luz incômoda que adentrava pela fresta das cortinas, Andrea escondeu o rosto sob as cobertas, e quando estava quase capturada pelo sono novamente, Miranda retornou e removeu o tecido de sua face, sentando perto dela na cama. 

"Eu gostaria de poder ficar, mas preciso ir trabalhar. Vou deixar um aviso para a arrumadeira não entrar no quarto, assim ela não incomoda você. Fique à vontade, certo?" Disse ela, enquanto sua mão macia e carinhosa tocava a bochecha marcada pelo travesseiro.

A jovem assentiu, maneando a cabeça com olhos tristes. Miranda colocou um beijo casto e demorado nos lábios dela, cuidadosamente para não borrar seu batom, e depositou outro em sua fronte, deixando uma marca cereja na pele dela.

"Volte a dormir, querida."

"Tenha um bom dia de trabalho, Mira."

°°☉°°

Fechando a pasta que estava em suas mãos, Miranda pegou uma nova e abriu sobre a mesa, conferindo as fotos que continha dentro dela. Seus olhos vagaram por cada milímetro e, por fim, seus lábios franziram e se inclinaram. Pegou o telefone em um movimento rápido e discou uma chamada interna.

"Oui?"

"Claude, você tem as fotos da campanha de São Valentim com você?" 

Stay With Me - Cartas Esquecidas (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora