14 - Seda preta

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"A pujança dos meus sentimentos não me permite passar um dia sequer sem pensar em ti."

𝔸 sobremesa foi colocada em cima da mesa, duas porções de crème brulée servidas em pequenos potes de porcelana.

As duas mulheres estavam sentadas lado a lado, flertando constantemente com toques discretos e beijos furtivos. Miranda olhava ocasionalmente ao redor, não querendo ser flagrada em momentos tão íntimos.

"Você prometeu se comportar, lembre-me de nunca mais confiar em suas promessas."

Andrea sorriu mordendo o lábio, enquanto pegava uma colher da sobremesa, levando em seguida aos lábios de Miranda. A mulher aceitou a oferta, degustando o sabor adocicado sem perder o contato visual com a jovem.

"Você fica me olhando desse jeito, como quer que eu resista? Não consigo, não posso ficar perto de você, ver sua boca linda e não querer beijá-la, ver sua pele…" Seus olhos correram para as pernas de Miranda, ela tocou o joelho e circulou o polegar suavemente na pele macia de sua coxa. "E não querer tocá-la. É impossível."

Miranda vagou os olhos pelo salão mais uma vez, seu corpo sendo tomado por um arrepio prazeroso enquanto lutava para não externar seus desejos. Então ela sentiu a mão de Andrea deslizar para o interior de sua saia, caminhando sorrateiramente por sua coxa.

"Andrea…" Interrompeu o toque segurando em seu pulso. "Por favor, veja onde estamos."

A mão dentro da saia migrou para a cintura de Miranda, e seu rosto se aproximou para beijá-la, tomando para si os lábios com sabor de baunilha. Sem forças para resistir, o corpo de Miranda amoleceu e seus dedos entranharam no cabelo da jovem, puxando-a para mais perto.

"Andrea…" Os lábios carnudos traçaram uma trilha por seu pescoço e ela se sentiu ferver por inteira. "Certo, pare!" Recobrando o controle, Miranda se afastou, sempre olhando em volta. "Vamos terminar a sobremesa."

Andrea revirou os olhos e respeitou a vontade dela, pegou de volta a colher e começou seu doce. Miranda, por sua vez, respirou fundo e prendeu seu cabelo fazendo um coque alto para afastar o calor queimando seu corpo.

"Miranda, eu vou fazer uma pergunta e você pode responder com sinceridade, eu não vou ficar chateada, certo? Você tem vergonha de mim?"

"O quê?" Perguntou assustada, mas não demorou muito para compreender. "Oh, minha querida, é claro que não. Escute, eu sou uma pessoa muito conhecida por aqui, muita gente do meu círculo frequenta esse lugar e os arredores. Você entende que com a minha situação…"

"Claro! Eu sinto muito, não devia ter feito essa pergunta." Interrompeu, arrependendo-se imediatamente. "Eu não tenho o direito de…"

"Não, não. Eu compreendo perfeitamente. Também não é como se eu tivesse o costume de trocar carícias íntimas em público, não é algo que eu faça." Tocou com carinho o rosto de Andrea e sorriu compreensiva.

"Achei que as pessoas aqui fossem mais liberais."

"Não é para tanto, não é como se fizéssemos orgias em praça pública."

Andrea finalmente riu e Miranda sentiu um alívio tomar conta de seu corpo, não desejava de modo algum machucar a jovem.

"Eu entendo seu sentimento, eu também quero muito te tocar e ser tocada por você, mas uma de nós precisa ser adulta e se controlar, já que a criança não consegue manter suas mãos longe."

"É difícil quando meu doce favorito está ao meu alcance!" Andrea sorriu, revirando os olhos. "Quando você vai parar de me chamar assim, hum?"

"Nunca. É um apelido carinhoso, aceite isso, é algo bom já que eu nunca uso apelidos."

Stay With Me - Cartas Esquecidas (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora