25 - Noite escura

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"Ps: Em alguns meses estarei morando em Nova Iorque, logo não seremos mais tão impossíveis."

"𝕆lá, David."

"Estive fora por quase três semanas, chegar atrasado no dia de rever minha razão de viver seria suicídio." A emoção genuína em seu rosto estava refletida nos olhos brilhantes e no grande sorriso incandescente.

"Como foi seu voo, querido?" Ela jogou os braços em volta de seu pescoço e sentiu o perfume amadeirado invadir suas narinas.

"Muito tranquilo. Consegui chegar a tempo de passar em casa, descansar um pouco e vestir-me adequadamente para você." Disse calorosamente, antes de entregar o buquê para ela. "Isso é para você, meu amor."

"Obrigada, são adoráveis!" Pegou as rosas de suas mãos, colocando-as sobre o móvel. "Tire os sapatos e o casaco, eu acabei de colocar o jantar na mesa."

"Oh, Cristo, que saudade da sua comida. Tenho comido no hotel por todo esse tempo." Disse ele, distraidamente, enquanto pendurava o casaco, mal percebendo que Miranda já se afastava. "Hey, espere por mim!" Correu atrás dela, puxando-a pela cintura. "Relaxe um pouco, por que tanta pressa? Acabei de chegar e senti tanto a sua falta, meu amor." Sua voz soou suave e amorosa, enquanto tocava o rosto dela com carinho, os olhos mapeando cada detalhe enquanto admirava seus traços delicados.

Aproximou-se lentamente de seus lábios e beijou-a demoradamente, penetrando os dedos em seu cabelo sedoso e abraçando suas costas com seu braço forte, quase erguendo seus pés do chão.

"Você está tão linda, querida." Sussurrou sem fôlego, afastando uma mecha do cabelo dela e colocando atrás da orelha. Ela olhou diretamente em seus olhos negros, notando que ainda estava lá o brilho de adoração de sempre. "Cristo, como eu te quero agora."

Miranda fechou os olhos, encostando a testa na dele, logo sentindo suas mãos longas e quentes tentarem explorar seu corpo, apertando o seio, tocando a polidez de sua coxa. Uma delas alcançou os botões de sua blusa, enquanto ele capturava seus lábios mais uma vez.

Ela sequer se lembrava de que era assim, de como a boca macia dele dominava os lábios delicados dela parecendo grande demais, ou de como a língua se tornava grosseira no interior de sua boca, até mesmo aquela rigidez pressionando sua barriga lhe causara estranheza.

A respiração dela travou, seu coração disparou contra o peito e seus olhos se abriram. Agarrou os pulsos de David com força e afastou seu rosto.

"Agora não, Dave." Disse de repente, desvencilhando-se de seus braços e escorregando para longe com certa agilidade. "Acho que devemos comer ou o jantar vai esfriar."

"Certo, eu preciso... Dê-me um segundo aqui."

Limpando a garganta e ajustando a roupa, ela se direcionou até a sala de jantar, tentando reordenar seus pensamentos. Foi tomada por um súbito impulso de pescar no fundo de sua gaveta o maço de cigarros há tanto tempo esquecido.

Durante o jantar, enquanto David comia, Miranda olhava fixamente para o prato à sua frente. Não que seus pensamentos estivessem na comida, mas perdidos em todo o erro cometido, a culpa que a consumia e em como resolveria tudo.

"Você está bem, meu amor? Parece distante?" Ele abandonou o talher e pousou a mão na coxa dela, causando um leve tremor em seu corpo.

"Só estou cansada, foi uma semana difícil. Deu tudo certo com o caso, afinal?"

"Sim, foi bastante trabalhoso, mas eu estava otimista desde o início."

"Fico feliz que as coisas estejam fluindo para você." Disse ela, sorrindo com sinceridade.

Stay With Me - Cartas Esquecidas (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora