3 - Escuro fumegante

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"Nós não começamos da forma certa, ignoramos o fato de que eu era comprometida e tu estava prestes a ir embora."

𝕄iranda abriu vagarosamente a porta do quarto de hóspedes e sorriu ao ver Andrea enterrada nos cobertores, tentando fugir do frio da manhã de janeiro.

"Andrea?" Ela se aproximou, mas a jovem não se moveu. Então ela se colocou ao lado da cama, de frente para o belo rosto amassado da morena, se inclinou mais próxima e chamou mais uma vez, bem perto do ouvido, o ar quente tocando o pescoço da outra: "Andrea!". Com um sobressalto, Andrea abriu os olhos assustada, demorando alguns segundos para compreender onde e com quem estava. "Você precisa levantar, preciso sair em meia hora." Proferiu objetivamente.

"Humm" ela grunhiu "Okay." Andrea massageou os olhos com os dedos e bocejou preguiçosamente.

"Aguardo você na cozinha." Miranda saiu do quarto e sorriu para si mesma, caminhando pelo corredor. Ela não entendia essas coisas estranhas que sentia perto de Andrea, e essa ligeira atração era uma completa novidade. Mas ela preferia afastar esses pensamentos, a jovem iria embora de qualquer modo, não havia porquê se preocupar.

Andrea adentrou a cozinha e sua primeira visão foi uma Miranda de costas em frente ao fogão, seu belo quadril envolvido por uma saia tulipa cinza e as panturrilhas fortes contraídas pelo salto doze. Miranda virou-se depositando a omelete em um prato no balcão e, por fim, fitou Andrea.

"Sente-se! Não tenho muito tempo." Andrea aproximou-se um pouco tímida e sentou sobre a banqueta, provando da omelete. Havia também, sobre o balcão, torradas, geleia e uma xícara de café.

Miranda atravessou a cozinha até a cafeteira e serviu-se de café, sentando-se, em seguida, frente à Andrea, com uma pequena distância de cinquenta centímetros. A jovem observou o rosto dela sendo escondido pela xícara, ao sorver um gole de sua bebida, com apenas seus olhos azuis à mostra, brilhando intensamente e focados em Andrea.

"Você dormiu bem?" Miranda inclinou ligeiramente a cabeça para o lado.

"Com a quantidade de vinho que tomei, você poderia ir trabalhar que ainda me encontraria dormindo quando voltasse." Miranda soltou um riso e voltou a sorver de seu café. "Você não come?"

"Não pela manhã."

"Que cheiro é esse?" Andrea sentiu uma necessidade de continuar instigando uma conversa.

"Omelete de ervas?" Ergueu as sobrancelhas.

"Não. Sua casa tem um cheiro doce, muito agradável."

"Bom, eu não sei o que é, mas se é agradável, minha casa será uma memória boa."

"Como assim?"

"Eu acho que cheiros são mais mnemônicos do que imagens visuais. Por exemplo... Se eu te perguntar um cheiro de infância?"

"Humm" Andrea fechou os olhos e inspirou suavemente. "Cheiro de campo, grama verde, hibisco... Quando eu visitava meu avô na fazenda."

"Um aroma de amor?"

"Canela. As guloseimas que minha mãe fazia todas as manhãs." Andrea sorriu e abriu os olhos.

"Um cheiro desagradável..." Arqueou a sobrancelha.

"Fácil! Odores cítricos... sempre me lembra alguém com quem saí."

"Ela devia ser muito azeda." Andrea sorriu e moveu a mão sinalizando um mais ou menos. "Certo! Eu estou quase atrasada e não posso deixar você em minha casa, então..."

Stay With Me - Cartas Esquecidas (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora