Capítulo 35 - A batalha das Sombras

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Vulcotro

Nos muros da cidade, Matias observava com atenção a passagem, estava muito escuro, não tinha lua e a neve que caía não deixavam ele ver quase nada, as tochas dos soldados estavam sendo apagadas pela neve, a única coisa que continuava a brilhar era o rio de lava que escorria rente ao muro.

Davi também tentava observar a passagem, mas além da escuridão, o frio o atrapalhava e ficava dando pequenos pulos para tentar se aquecer, mesmo coberto com camadas de roupas e duas cobertas ainda sentia muito frio.

Olga fechou as janelas do quarto de Sofia assim que escureceu. - Aqui é muito frio a noite quando neva. - se justificou para mãe e filha, depois disso não falou mais nada, apesar da janela fechada, olhavam constantemente para ela, o silêncio antes da batalha a deixaram apreensivas.

Já Eric achou uma forma aquecida de esperar a suposta morte eminente, deitado numa cama em um dos quartos do palácio enrolado no máximo de cobertas que achou.

Na frente de Batalha os soldados encararam as sombras com suas espadas flamejantes, quando golpeavam-os as sombras se dissipavam, a vitória inicial logo deu lugar ao desespero quando as espadas apagaram, as sombras avançaram e as espadas simplesmente as atravessavam, mas quando um soldado do exército sombrio encostava em um homem o paralisava, ainda continuava lá, mas como sem vida, ao verem essas coisas, começou uma correria em direção contrária, no corre-corre as sombras golpeavam os que ficaram para trás, outros caíam e eram pisoteados por seus companheiros, no meio da confusão estavam Luiz e Sandro, o primeiro estava focado apenas em salvar sua vida, mas o segundo tinha outros planos.

Nos muros da cidade, gritos podiam ser ouvidos: "Desçam a Ponte", "Ajude-nos" mas não dava pra ver nada na escuridão, Matias começou a ver vultos na escuridão, não conseguiu distinguir o que eram até que estivessem quase no fosso de lava. - Abaixem o portão para esses homens entrarem. - Ordenou Matias, tarde demais para os primeiros soldados que acabaram sendo empurrados sem querer por seus companheiros na lava fervente.

Davi se esqueceu do frio ao ouvir gritos vindos da escuridão da noite nevada, sentiu um calafrio subindo pela sua espinha, mas respirou aliviado ao ver que eram homens, quando estes começaram a cair no fosso de lava pensou: " Sacrifícios necessários numa guerra", mas para seu espanto o portão estava sendo abaixado.

Sofia, Olga e Filha do Paraíso ouviram os gritos de dentro de seu quarto, sem saberem exatamente o que estava acontecendo, Filha do Paraíso sussurrou que estava com medo para sua mãe, Olga ouviu-a e decidiu contar uma história para acalmar a criança:

- Você sabe como Vulcotro foi fundada? - A criança fez sinal de não com a cabeça e olhou para a janela, já que mais um grito foi ouvido. - Não faz muito tempo foi na época de nossos avós, Hugo, o estrategista rei de Ukarra foi amaldiçoado, sua pele ficou cheia de bolhas e isso causou revoltas contra o rei amaldiçoado, ele não gostou muito e mandou matar todos que acreditavam que ele fora amaldiçoado, então nossos avós fugiram em direção ao norte, mas todas as cidades os rejeitaram.

- Por que? - perguntou Filha do Paraíso que ouvindo a história tinha se esquecido do que acontecia do lado de fora.

Luiz gritava: - Recuar. - Para os soldados, enquanto o desespero tomava conta de todos ali, o afunilamento em alguns pontos esmagava os soldados desesperados, enquanto os últimos eram paralisados ao toque das sombras, Luiz estava no meio da confusão, tropeçou, os soldados saltavam por cima do rei que temia morrer pisoteado, alguém estendeu a mão e o ajudou a levantar, era seu fiel escudeiro. - Meu rei, você tem que sobreviver, vamos. - O escudeiro, um homem de quase 2 metros e muito forte, o arrastou abrindo passagem entre os homens desesperados, Luiz já podia ver os muros de Volcotro e o portão abaixado, quando seu escudeiro o soltou devido ao empurra-empurra, caminhava com dificuldade quando sentiu uma espada perfurando suas costas, suas pernas estremeceram e caiu de joelhos, seu algoz o contornou, era seu rival Sandro, rei de Karma, abaixou-se e disse em seu ouvido: -Vida longa ao rei Luiz. - E o deixou ali morrendo com a espada atravessada em seu corpo.

Crônicas de MedepéiaOnde histórias criam vida. Descubra agora