Ukarra
A vida de casada foi melhor do que Carla esperava, não que foi mil maravilhas, mas podia ser bem pior, logo após o casamento foi levada até o palácio dos porteiros que era parte do muro da cidade próximo ao portão, estranhou o fato daquele palácio na parte de dentro não ter nenhuma porta e ter finas tábuas pregadas em todas as paredes, mas logo descobriu que essas coisas era para que seu marido pudesse se mover sozinho pelo palácio, mas por isso não tinha privacidade nenhuma, além de não haver portas ainda dividia o quarto com um irmão de seu marido e a esposa dele, lá também não havia tantos empregados quanto o palácio real, nas refeições Carla tinha que se servir o que não estava acostumada.
Até a comida era diferente completamente sem sal, este muito caro na Mompólia, mas apesar disso tudo seu marido a tratava bem, gostava de andar de mãos dadas com ela sobre o muro da cidade e sempre a elogiava, ela olhava para os campos verdes e para as árvores e imaginava onde será que Eric estaria, seu marido apesar de ser cego era atencioso e sempre percebia quando ela estava triste, também permitiu que ela treinasse com espadas, pois dizia: - Alguém de nós tem que saber lutar, eu não posso. - não que ela fosse muito boa nisso, mas pelo menos aprendeu como segurar uma espada firmemente, Carla passou a gostar dele e aos poucos foi se esquecendo de Eric, gostava mais dele pelo fato de ser o único marido do palácio que não batia em sua esposa, se sentia azarada e sortuda ao mesmo tempo.
Os porteiros tinham algumas vinhas fora da cidade, então as refeições quase sempre eram regadas a muito vinho e seu marido bebia até desmaiar, estavam a quase um ano casados, quando num jantar seu marido como sempre bebeu e caiu sobre a mesa, ela não gostava daquela cena, mas não tinha o que fazer, já estava acostumada, e fez como sempre nessas situações decidiu se retirar da mesa de jantar e foi para o quarto dormir, logo depois veio o irmão de seu marido e a esposa, na escuridão ouviu ele bater nela e o choro dela e como sempre ignorou, na vez que interferiu acabou muito mal para ela, no dia seguinte o sol entrou no quarto e a acordou, seu marido não estava na cama, não estranhou, muitas vezes ele não aparecia depois de tanta bebedeira dormia sobre a mesa do jantar, se levantou e desceu até a sala de jantar, a família dos porteiros toda estava reunida ali:
- O que está acontecendo? - perguntou Carla a uma das mulheres que estavam ali.
- Seu marido morreu, qual era o nome dele mesmo? - respondeu a mulher, como se tivesse dando uma notícia qualquer.
Não deixaram Carla participar da cerimônia fúnebre, normalmente os porteiros queimavam seus mortos e jogavam as cinzas por sobre o muro, diziam que o morto iria guardar a muralha no mundo do além, mas ela duvidava que tivessem feito isso com ele, e por não ter tido filhos, simplesmente enviaram ela de volta ao palácio real.
Foi complicada a reabilitação dela a vida no palácio real, seu pai a considerou como "Filha desonrada por não ter provido um herdeiro a seu nobre marido" e a aceitou de volta ao palácio como empregada, após uma greve de fome de uma semana da rainha, ele decidiu devolver a Carla seu quarto e o título de princesa. Carla descobriu que o casamento de sua irmã mais velha já estava marcado antes mesmo de seu casamento, faltava pouco mais de um ano, e seria no dia do aniversário de 16 anos da menina, o noivo dessa vez era dos saleiros, uma família entre as mais nobres de Notam, eram extremamente ricos, mais ricos até que a família real, além das salinas de Notam, essa família tinha imensas fazendas no sul da Mompólia onde produziam quase tudo, talvez fosse a família mais rica de toda Mompólia, claramente era um casamento por aliança o rei precisava do apoio dessa importante família e com certeza sua irmã não passaria pelo que ela passou, sendo assim sua irmã estava ansiosa com o casamento, falava o tempo todo sobre seu príncipe encantado, só não estava ansiosa para a cerimônia macabra dos casamentos nobres ukarrianos, mas estava feliz por ir morar em Notam, Carla sentia inveja de sua irmã.
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Crônicas de Medepéia
FantasíaSeja bem vindo a Medepéia, um mundo cheio de magia, lendas, criaturas, estórias e pessoas, entre elas quatro crianças: Davi e Eric são 2 irmãos filho de um comerciante pobre da cidade de Iraka, Davi de 12 anos tem um amigo que só ele viu, mas certam...