Capítulo 3 - PARTE 3

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Sally

Rapidamente, chequei o corredor. Continuava vazio. Meus olhos encaravam a maçaneta. Levei uma mão a ela. Hesitei por um momento, mas depois repousei a mesma sobre a ferrugem. (Relaxa, Sally, será só uma rápida olhadinha!)

Suspirei e mordi o lábio, me preparando. Segurei firme a maçaneta e a pressionei para baixo, meus pelos se arrepiaram com o toque. Com ajuda da outra mão eu empurrei a porta. (Não está trancada!)

Abrindo a porta, me deparei com o breu. Instintivamente, serrei os olhos na falha intenção de discernir o que quer que fosse que estivesse ali em meio a escuridão, que rapidamente se mesclou com a do corredor apagado.

Ainda não satisfeita com minha escassa descoberta sobre a circunstância em que se encontrava o cômodo escuro, pequenos sinais internos e autônomos me fizeram almejar por mais daquele lugar, descobrir o que havia lá. Tomada por alguma força, estiquei um braço, sem sair do batente da porta, para procurar na parede do lado de dentro qualquer interruptor. Com sucesso na procura, cliquei algumas vezes no botão. Uma luz fraca velozmente se acendeu, mas logo queimou, antes que eu pudesse se quer conferir o que ela iluminará.

Dando um passo atrás, abri caminho para a luz do andar de baixo, que abrangia a escadaria principal, para iluminar a porta. Sem resultado, decidi ligar as luzes do corredor já que continuava sozinha.

Nem precisei avançar muito, já novamente ao lado da porta, pude entender que ali dentro não havia um quarto como os outros. (Deus, eu poderia ter caído!) Uma longa escada de madeira velha se estendia para baixo e então, era tomada pelo vasto breu do lugar. (Um quarto em particular que foi esquecido?) Inclinei a cabeça para examinar melhor, em uma distância que parecia segura. Arrepios percorreram minha espinha, aquilo era assustador, mas intrigante.

Senti algo alcançar o meu ombro atrás de mim. Distraída, Pulei assustada na intenção de me virar, escorregando no batente, fechei os olhos assim que me via caindo de costas para escadaria sombria. Por pouco, mãos fortes me seguraram antes que isso acontecesse. Abri os olhos rapidamente e dei de cara com o Drogo, me pus a agarrar firmemente o tecido de seu traje casual.

Estava surpresa demais, tanto com a minha quase queda quanto com velocidade com a que ele agiu para me segurar. Que sorte! Minha respiração estava acelerada. Envergonhada, não ousei me mexer, mas o encarei de boca ainda entreaberta, desacreditada. Seus olhos cor de avelã encaravam os meus depois de terem examinado a porta pensativos, suas mãos mudaram de lugar, agora seguravam meus braços com firmeza para garantir que meus pés já haviam tocado o chão.

Ele não tirava seus olhos serenos dos meus. (No que ele está pensando..? Não sei se agradeço ele por ser tão prestativo como nunca foi ou se peço desculpas por estar espiando a casa)

Não me importei com o quão próximos estávamos até ele me acordar com o som da sua voz rouca e debochada;

— Olha o que temos aqui...uma Coitadinha curiosa... — suas mãos ainda presas a mim.

— Aí Drogo, você me assustou..! — ignorei a pergunta, minhas bochechas queimando. Me endireitei rapidamente como quem levou um choque, tirando suas mãos dos meus quadris, tentando manter uma postura segura e finalmente...uma distância entre nossos hálitos.

— Horas...De nada!  — deu de ombros e fechou a porta — O que pensou que estava fazendo, coitadinha?

E agora!?

— Eu ouvi um barulho.., quis certificar que estava tudo bem... — engoli nervosamente em seco. Olhei para algum ponto da porta com vergonha da mentira que acabara de inventar.

Enfeitiçados pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora