Capítulo 8 - PARTE 5

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Sabrina

Depois das aulas, mal podia esperar pelo fim do dia. Hoje foram nos exigidos presença na parte noturna, já que de manhã a faculdade esperava muito barulho por parte dos ensaios de alguns pra o show de talentos no fim de semana. Enquanto isso, eu aguardava minhas duas colegas na porta da biblioteca. O local era o centro, onde todos os corredores principais se encontravam. Um caminho sem saída, fácil de se encontrar. Infelizmente, nos últimos dias, era difícil que mesmo com toda facilidade e paciência Sarah e Isabel viessem me encontrar. Havia um tempo que não íamos embora juntas da faculdade. Hoje de manhã tive a ideia de tentar mudar esse nosso comportamento e convida-las a me acompanhar para conversarmos durante o caminho. Em vão...Elas não viriam.

Depois de meia hora esperando ali plantada, eu tinha certeza de que elas tinham me esquecido de novo. Frustrada com minha tentativa de reconciliação, eu me infiltrei na biblioteca estudantil para me perder nos livros, já que esse ambiente era o último a fechar. Me ajudaria a esvaziar a mente.

Havia tempo considerável que eu não entrava naquele local cultural. O ambiente fechado, ao contrário do que pensei, estava estranhamente me deixando zonza. Os objetos antigos se assemelhavam aos que enfeitavam os meus sonhos de época, o que não ajudou muito. Mal conseguia respirar. Extremamente fissurada em explorar aquele lugar cheio de livros, eu acabei me perdendo no meu próprio percurso.

Eu ouvia vozes que pareciam distantes de alguma das estantes ao meu redor. Mesmo sem que eu pudesse distingui-las, eu fui em sua direção. Estava tonta demais, como se não fosse forte o suficiente para carregar meu próprio peso, talvez eu corresse risco de desmaio então buscaria ajuda.

Duas figuras embaçadas apreciam em minha frente, aos poucos minha visão conseguiu distinguir suas silhuetas. Eram Maya e Sally. Elas tinham alguns livros em suas mãos e discutiam sobre alguma coisa antes de me verem. Elas pararam o que estavam fazendo, se intrigando com minha aparição e vieram até o meu encontro antes que minhas pernas se desequilibrassem. Me segurando para que eu me mantivesse em pé, suas vozes ficaram mais claras perto de mim:

— Caramba, você está bem, Sabrina? O que está fazendo aqui? Achamos que tivesse ido embora com as outras — Sally pontuou em curiosidade.

— Eu não sei direito, aconteceu de repente — respondi, a voz um pouco trêmula — As garotas me deixaram esperando... — expliquei ainda um pouco atordoada.

— Será que sua pressão caiu? — os olhos azuis de Maya examinavam os meus de perto — Você mora muito longe daqui? Tem alguém que possa te observar? — perguntou preocupada.

— Um pouco...

Perante minha resposta, sem responder a sua última, as duas se entreolharam tentando pensar em alguma solução para me ajudar a melhorar minhas condições.

— Já está muito tarde para se andar sozinha por aí... — Maya sugeriu. Sally tentou compreender:

— Daqui a pouco também vamos embora com carona — refletiu — E se... — olhou para mim — Você teria problema em vir conosco? Digo, você poderia passar uma noite na mansão. Nós emprestaríamos o que precisasse, há muitos quartos lá também!

Passar a noite em um lugar o qual eu nunca havia estado antes não me parecia muito confortável, principalmente se este for a casa de uma família que perdura em conversas muito misteriosas das outras pessoas. Eu pensei nos argumentos insistentes da Sarah, mas agora eu estava muito chateada e cansada para pensar que ela poderia ter alguma razão. Aliás, me ignorar durante dias não estava a ajudando a ganhar lugar em meus valores. Maya e Sally estavam tentando me ajudar, pela primeira vez eu me sentia realmente cuidada. Elas não teriam me oferecido dormir na mansão se algo de ruim fosse acontecer. Elas estavam muito bem onde estavam, porque eu não ficaria?

Enfeitiçados pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora