Enfeitiçados pelo Destino

Capítulo 7 - PARTE 7

De repente, meu estômago começou a embrulhar. O peso no meu peito se intensificou. Eu pressentia estar a beira de um surto!

— Então a Coitadinha descobriu que é uma bruxa... — uma voz soou um pouco atordoada. Perto demais para ter sido da minha cabeça.

Presa em pensamentos conturbados, de relance percebi o vulto que estava falando comigo e eu pulei com mais um susto.

— Drogo! — coloquei as mãos sobre a boca. Eu me afastei dele automaticamente, mas não me esforcei para imaginar o que ele estaria fazendo ali observando silenciosamente a cena — Você não entende... — me levantei da cama ainda tonta — O que pensar disso!? — murmurei comigo mesma. Eu teria acabado de recuperar uma memória esquecida de infância!

Quase instantaneamente, outras memórias afetivas relevantes passaram pela minha mente enquanto minhas mãos estremeciam como se estivessem eletrizadas. Pelo visto, eu tinha uma herança muito mais discutível e interessante do que eu normalmente me recordaria ter! Se antes eu pedia motivos para me fazer ficar, teria acabado de achar!

— Um salve de boas vindas, você parecia estar precisando — Drogo insistia. Há um tempo eu não sentia sua presença tão perto de mim até agora. Esse cara ainda vai me deixar louca! Como ele ainda consegue mexer comigo mesmo depois de tudo!

Essa coisa toda ia contra todas as minhas crenças!

— Decididamente esse não é um bom momento! — eu tentava ignorar toda a tensão que meu corpo emitia e o suor frio que arrepiava minha espinha. (Não tenha medo dele! Não tenha medo de nada disso, Sally!) Com os pensamentos motivacionais, cerrei meus punhos para não ceder minhas preocupações á ele:

— Aproveite enquanto pode, eu não serei indefesa para sempre. Ainda poderei dar a última palavra! — esbravejei para tentar afasta-lo, quase atormentada pelas minhas próprias descobertas e desejos. Infelizmente, sua surpresa com minha revolta durou pouco e ele pareceu perfeitamente confortável, o que me deixou inconstante.

— Você está cheia de revelações. Mal posso esperar pelos próximos dias! — ele deu alguns passos calculados para minha direção. Um turbilhão de energias passavam sobre mim; fortes e poderosas. Todo o medo, paixão e ansiedade pareciam se dissipar, quase se transformar em algo muito maior. Que eu nunca havia sentido antes e não reconhecia como normalidade minha.

Toda aquela energia que vinha se acumulando em mim durante os últimos dias estava finalmente ameaçando me dominar. Eu mal podia respirar, como se estivesse sufocando!

Com toda a informação estocada, as emoções que se ampliavam dentro do meu ser, eu já não tinha mais controle do que poderia vir a seguir.

Eu sentia uma destemida força irradiada no meu interior querendo ser liberada, e então com um clarão subitamente as enormes janelas do quarto se quebraram em vários cacos!

Imediatamente, Drogo não pensou duas vezes, mas me agarrou contra e com toda velocidade sobrenatural que tinha me carregou até o fundo do quarto! Em um canto nós ficamos até que em poucos segundos tudo se acalmou.

Nós havíamos caído no chão, em um canto da suíte. Drogo continuou com seus braços ao redor de mim, me protegendo como um escudo depois do susto. Eu levemente o empurro, em choque por um momento assim que noto alguns cortes em seu rosto!

— Isso...Veio de mim..? — olhei o arredor procurando por indícios de alguma ciência no que havia acontecido. Cheia de receio, meu olhar encontrou o dele que não parecia incomodado pelo incidente, apenas levemente intenso. Estava tao absorvida com a ansiedade que havia me esquecido da sensação de como era quando o Drogo estava perto. Era ainda mais inquietante...

Eu não podia deixar seus serenos, porém magnéticos olhos âmbar. Haviam momentos em que eles pareciam transmitir tranquilidade, o que me trazia conforto de certa forma nessas horas de apreensão. O que quase eu não podia mais negar da sua parte quando estávamos tão próximos, quando parecia que em meu mundo não havia mais ninguém ali por mim.

— Foi um acidente — afirmou confiante enquanto eu ficava em silêncio, logo voltando ao seu humor cotidiano — A Coitadinha vai ter que treinar bastante..!

Seu joguinho me desestabilizou e eu logo voltei a minha razão:

— Eu terei que principalmente aprender a canalizar minhas emoções.

— Isso realmente é uma pena...Adoro quando você fica brava — ele respira quente na minha bochecha. Suas mãos ainda ao redor de minha cintura. Eu tento fugir do seu charme, escapar, mas eu me encontro contra a parede!

— Você poderia... — suspirei desconfortável com nossa posição.

— Certamente que não — sorriu com um ar bajulador. Como aprofundar meu sentimentalismo se ele se encontra sempre a mercê do Drogo Bartholy, algo a se pensar Nicolae! Não tenho escolha a não ser jogar com ele:

— Então você também não se importaria se eu fizesse de novo... — argumentei desprovida de sucessos.

—Como negar? Parece que o destino está tentando brincar conosco...Sempre as mesmas situações: Eu, você e uma parede...— ele levantou uma de suas sobrancelhas desdenhosas (sarcásticas). E então, um barulho repentino do lado do corredor despistou nossa atenção um do outro — E...O Nicolae! Fazer o que... — insinuou dando de ombros, um pouco indiferente. Ele se levantou e me puxou junto para me ajudar a ficar de pé antes que o irmão dele chegasse.

— O que... — Nicolae fez uma pausa enquanto examinava o estrago feito — O que aconteceu aqui? — ele cruzou os braços, mas parecia mais calmo e atencioso do que furioso.

— Fui eu... — me esgueirei detrás de Drogo — Foi de repente e descontrolado, mas foi minha primeira vez experimentando esse poder...

— Desbloqueou sua magia — afirmou intrigado, pisando estrategicamente pelo chão de vidro. Mando como um gato.

— Com a minha ajuda, se me permite dizer — Drogo apontou de canto. Ambos eu e Nicolae reviramos os olhos com a observação do loiro irritante, mesmo assim não pude deixar de sorrir. De certa forma, ele ajudou...Mas...

— Eu também tive um sonho...Quero dizer, acho que uma visão do passado. Como uma memória antiga de infância...Um presságio antes que deixasse minha magia despertar...

— Deve ter sido intenso e de cenário memorável, imagino — Nicolae massageou seu queixo retangular, pensativo e apreensivo. Como se esperasse uma reação significativa de minha parte, e eu realmente tinha. Nicolae era sábio demais para negar, e meu sonho revelador teria aberto meus olhos para como as coisas um dia foram e como seguiriam dali pra frente. Me restava confiar em sua sapiência para me ajudar a resgatar uma parte minha que eu havia perdido, e decididamente encontrado.

— Eu quero prosseguir com seus procedimentos. Como você sugestivamente orientou e a fundo.

Nicolae piscou algumas vezes como se para assimilar minha resposta. Ele suspirou contente e trocou um olhar com seu irmão.

Eu decidi mergulhar de cabeça em um mar desconhecido, porém, dessa vez, eu parecia finalmente pronta para tentar me familiarizar com essa realidade.

...

:)

E com este breve cenário, (completando a atualização passada) também encerramos o capítulo 7! Estamos próximos ao 8°: "Familiarizando o desconhecido"...

Até o próximo capítulo..! 👀✨💋🔮