Capítulo 9 - PARTE 2

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Maya

A voz milagrosa de Peter restaurou minha confiança. Ele claramente não estava indiferente com a situação. Eu agradecia mentalmente por sua audição super apurada, caso contrário acho que teria sido condenada. Loan em compensação, fechou os punhos.

— É uma ameaça bastante promissora vindo de você Peter, deveria ter cuidado com suas palavras.

— Você não sabe nada sobre mim. Quem tem que tomar cuidado é você, em todos os sentidos — replicou.

— Eu não tenho medo de você — o jogador de futebol americano cerrou os dentes.

— Você quer ter? — Peter perguntou, o satirizando. Após um silêncio suspeito de Loan, completou em sério ênfase — Deixe-a em paz.

Embora Loan estivesse pronto para cair para cima de Peter, ele, por algum motivo misterioso, deu meia volta e saiu da sala vazia. E agora Peter e eu estávamos sós.

— Você está bem, ele tocou em você..? — chegou perto, um tanto demais que ele reparou e se distanciou perceptivelmente.

— Eu não deixei... — o respondi, deixando minha comoção por sua ação contra Loan se transformar em incômodo por seu repentino afastamento.

— Eu vejo — afirmou, comprovando sua duvidosa confiança em mim.

— Ele sempre me pega desprevenida. Assim vou acabar não sabendo mais como respondê-lo em próximas... — tentei prolongar nosso diálogo curto.

— Se depender de mim... — engasgou em hesitação antes de contornar sua frase com um significado similar porém distante: — Enfim. Não deve acontecer mais. Mas você tem que tomar cuidado, ele não bate muito bem da cabeça.

Eu imaginava se Peter chegava a sentir ciúmes de mim, mas não havia nada muito bem destacado em suas linhas de expressão para que eu pudesse identificar aquele tipo de sentimento. Então, resolvi aproveitar a oportunidade para explorar seu possível e confuso afeto por mim:

— Ele disse que estava nos observando... — fiz uma observação realista — Ele anota coisas enigmáticas em um caderno, quase como se fosse um diário dele...Pareceu suspeito para mim.

Peter mostrou certa impaciência no assunto, silenciosamente matutando sobre as ocorrências. Enfim ele respondeu:

— Não é ruim que ele tenha um diário...Não acho que tenhamos que nos preocupar com ele. Principalmente porquê, nesse caso, ele é só mais um enxerido... — e então se afastou novamente. O que ele queria dizer com "nesse caso"? Ele estaria familiarizado com pessoas anotando coisas sobre ele ou ele naturalmente se identifica por anotar coisas pessoais também?

— Eu confio em você, Peter — afirmei. Tentando deixar claro que suas palavras importavam para mim.

— Certo... — disse de aspecto frio, se virando para ir embora depois das cenas que compartilhamos. Havia um tempo em que eu não o via daquela forma para comigo e por isso me feria. Instantaneamente, não pude evitar de ficar magoada e retrucar:

Certo? — deu ênfase em sua insensível resposta — Desculpe...Eu não entendo. Nada me parece certo quando você age assim comigo.

— O que você quer dizer? — Peter arregalou levemente os olhos, indicando que minha ração teria sido inesperada por ele, enquanto me examinava atentamente — Não complique nossa relação, Maya... — mordeu os lábios pálidos em função de despistar meus apontamentos. Mas eu gostaria que ele entendesse o meu lado depois das ações que ele tomava: uma hora me aproximando dele e na outra me evitando.

Enfeitiçados pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora