Capítulo 5 - PARTE 7

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Maya

A atenção que partilhávamos um pelo outro desviou os dedos de Peter das demais teclas do piano, ele mantinha um ritmo diferente dessa vez, apenas em uma região do instrumento, clicamos seguidas vezes gentilmente nas mesmas três teclas abaixo de nossas mãos.

Por um momento, me senti mais confiante do que nunca. Restava que eu me aproximasse um pouco mais dele assim como estava dos meus sentimentos.

Eu olhei para seus finos e maravilhosos lábios, antes de fechar os olhos momentaneamente.

Levada pela minha paixão, rapidamente tentei fisgar meu objetivo.

Mas aí, um a nota diferencial se destacou falsamente entre as outras e acabou com a sintonia da música, me assustando. Eu abri os olhos e em seguida observei Peter se afastar com a mesma agilidade da qual  eu me aproximei de seu rosto.

Foi quando eu percebi a besteira que tinha feito. Ele estava me dando uma oportunidade de conhece-lo e eu o apressei!

Depois da surpresa, suas feições logo tomaram a cara da vergonha. Todo desconcertado, ele desviava algumas vezes seu olhar para o chão escuro.

Enquanto a mim, estava perplexa, imóvel como uma estátua. Que inconveniente eu fora! Por fim, ele sabia que mais do que apenas suas composições, eu também estava muito interessada nele.

Imediatamente, assim como meus movimentos, as palavras começaram a travar na minha garganta. Peter, por sua vez, conseguiu falar bem claramente;

— Está ficando tarde...É melhor você ir para o seu quarto. Mesmo sendo sábado, amanhã será sua vez de ficar com minha irmã, certo..?

Ele estava me mandando ir embora e eu achava que nunca mais poderia voltar depois que fosse. Por dentro, eu estava devastada pelo que tinha feito, sabia que ele não se aproximaria de mim novamente tão cedo. Por fora, eu encarava sua sentença como uma lógica tarefa que deveria cumprir, afinal, eu ainda era cuidadora da Lorie.

Após deixá-lo, ao fechar a porta de seu quarto, quase desorientada por ter sido expulsa, parei de esconder minha mágoa e culpa as deixando transparecerem diante de minha falseta profissional. Algumas lágrimas se aglomeraram nos meus olhos.

Talvez eu não devesse ter ido tão longe de primeira vez...A tragédia em seu quarto se repetiu e se reproduziu como desleixo dessa vez.

Enquanto perdida em meus pensamentos dramáticos, e sensível pelo ocorrido, quase pulei de susto quando vi Sally pisando no corredor com a cara pior que a minha.

— Sally...O que aconteceu?

— Estava me perguntando o mesmo sobre você...

— Algo vergonhoso... — cochichei.

— 3, 2.., 1... — Sally iniciou a contagem e depois dela revelamos nossas angústias juntamente, ainda cochichando — Eu bei...— quase beijei — ...o Drogo — Peter...

Aí meu fios louros!!!

— Okay. Eu não sei quem está pior...Para mim, não da pra ser otimista agora. Desculpa.

— Nem pensar! ...Você quase...Meu pai...Com o Peter..! — Sally ressaltou.

— É o Drogo..! — eu enfatizei a ela. Nós riamos nervosamente.

As duas estavam em maus lençóis. Peter era o único Bartholy que eu quase não tinha contato e eu estraguei toda a possível amizade que teríamos formado, e Sally que prometia confrontar o Drogo, acabou o tornando mais íntimo dela do que a própria irmã dele. Algo quase que surreal. Estávamos descobrindo dentro de nós uma parte que antes mantínhamos guardada.., nossos desejos interiores. Eu buscava muito mais do que a amizade de Peter e Sally desfrutar muito mais do que apenas a atenção do Drogo.

Enfeitiçados pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora