Capitulo 1 - PARTE 2

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Sally

Como todos os espaços da casa antiga, o corredor do andar de cima era extenso,  nas paredes estavam pendurados alguns quadros de paisagens que eram iluminados pelos dois lustres do corredor, um em cada ponta, e nele haviam diversas portas. Perdi a conta. Chutei umas dez, pelo menos!

Nicolae não brincou quando disse que tinham quartos o suficiente para cada uma ter seu próprio. Cada uma delas pertencia mesmo a um aposento? Eram muitos cômodos!

Mas aí, naquele mesmo momento perdida nas minhas suposições, eu presenciei uma sensação estranha. Meus dedos começaram a formigar de um jeito esquisito e meu coração parecia estar querendo se sincronizar com algo. De repente, ainda andando, me senti obrigada a olhar para uma das portas ao meu lado. Ela era como todas as outras, de madeira, alta, sua maçaneta um pouco enferrujada...Mas ainda assim, diferente. Seria o quarto de alguém?

Isso seria loucura! Uma porta não poderia estar me chamando! Devo estar exausta depois de minha viagem pra cá, é só isso.

— O quarto de nossa irmãzinha, Lorie, fica logo ali na outra ponta desse corredor. Normalmente, um pouco depois dessa hora da noite, costumamos desligar as luzes do corredor após ela dormir. Então se por acaso esquecerem de desliga-las, eu as desligarei — Nicolae me tirou do transe — Mais uma coisa. Não hesitem se por acaso precisarem pegar um copo da água na cozinha ou algo assim, as portas vão estar abertas. — Dizendo isso, ele nos guiou ás últimas portas do corredor, o primeiro quarto na ponta foi designado por ele para Maya.

O último de todos que ficava ao lado do de Maya e de frente ao de Lorie do outro lado, foi apontado para mim.

Sugestão de música para os próximos parágrafos: Is It Love Drogo (Soundtrack) - Kiss of the Dead

...

O quarto, na verdade, era uma suíte. Apesar da decoração básica e antiga, as cores pastéis entravam em harmonia com o papel de parede e os espelhos.

Antes de tudo, decidi instalar minhas coisas no quarto.

Arrumando os retratos em cima da pequena cômoda, me peguei chorando olhando para uma foto dos meus pais que havia trazido junto comigo. Com as lágrimas escorrendo pelas bochechas, forcei a mandíbula para acalmar meus soluços, sem sucesso, meu coração ficava cada vez mais apertado.

Tirei a fotografia de dentro do objeto que eu segurava e a pressionei contra o peito desabando na cama. Como eles me fazem falta!

Assim como parte de meu corpo sobre aquele colchão macio, tentei afundar a lembrança da morte trágica deles.

Me restaram somente memórias boas, ao menos! Espero que meu futuro me traga coisas melhores depois dessa desventura!

Suspirei exausta. Fechei os olhos e fiquei parada daquele jeito sem deixar a foto. Meus ouvidos emitiam um som baixo e agudo por causa do silêncio no casarão. Acho que todos já deviam ter ido dormir.

Algumas vezes e lentamente inspirava, o ar entrava nos meus pulmões e logo depois, soltava um longo suspiro. Com a calma, minhas lágrimas pararam de cair e outras secaram. Aos poucos meus músculos relaxavam.

Lembrei-me de quando eu sentia que estava sozinha e minha mãe me reconfortava com suas palavras acolhedoras. Agora estou apenas só...

Enfeitiçados pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora