Maya
Entrei silenciosamente dentro do grande hall dos Bartholy. Sally e eu havíamos avisado ao Nicolae que sairíamos e então que não precisava nos esperar acordado. O que eu supunha que ele não faria mesmo falsamente concordando conosco, ele tendia a exagerar no cuidado com as garotas da casa como toda sua educação e gentileza. Imaginava que a presença do Drogo na festa do Loan explicasse o porquê de ele não ter nos esperado. Drogo devia estar voltando com Sally pra casa, mas ao menos já sabiam que estava ali.
Me aproximando mais da escadaria, uma melódica música alcançou meus ouvidos em instantes. Essa era pesada e bem triste. Peter parecia envolvido demais com o que tocava. Será que cada uma de suas músicas representava alguma sentença específica? Eu matutava.
Exausta pela festa, e ao mesmo tempo, fascinada pelas notas intensas de piano, levei um susto no repentino silêncio que me cercava no topo da escada. A música tinha cessado de repente. Eu franzi o cenho confusa. Talvez eu tenha pisado rápido demais na madeira do chão, porque Peter se perguntou em voz alta;
— Lorie?
O percebendo esperar por uma resposta de alguém do corredor e que eu o tinha atrapalhado com sua música, achei justo responder sinceramente;
— Não. É provável que ela esteja na cama, felizmente. Sou eu, Maya. Desculpe ter atrapalhado você de alguma forma...
— Tudo bem. Não me atrapalhou — sua silhueta apareceu na virada do corredor escuro e em seguida suas feições pálidas e calmas, iluminadas pela luz fraca do andar de baixo.
— Mas é que você se mostrou tão conectado, me perdoe mesmo. Eu só queria ir para o meu quarto — balancei os ombros embaraçada.
— Eu posso ver...Voltou sozinha. Aonde está Sally?
— Com a Sarah.
— E você?
— Como assim?
— Como se sente? Não parece muito bem...
— É. Quero dizer...bem. Ao menos, eu acho que sim.
Um novo silêncio nos envolveu no corredor. Nenhum de nós parecia realmente saber o que dizer um para o outro, até que Peter abriu a boca;
— Você gosta de ouvir meu piano... — afirmou timidamente — Sabe, música me ajuda quando não estou bem. É por isso que eu toco, além de ser o que faz me sentir vivo...
Eu pressenti uma breve ironia em sua voz, mas não me incomodei. Ele disse quase que tão naturalmente que sua sinceridade comigo me emocionou primeiro. Era difícil ter algo tão íntimo que ele compartilhasse comigo. Sempre quis saber o que o motivava tocar e aqui estava ele me contando.
Comovida com sua declaração, mal pude disfarçar a surpresa quando ele perguntou algo ainda mais surpreendente;
— Você quer tentar? — me ofereceu um pouco hesitante. Era também a primeira vez que me chamava para ir ao seu quarto por conta própria. Ele era mesmo encantador.
— Tocar o seu piano!? Oh, não...Eu não sei se poderia...
— Está tudo bem. Acho que poderia — sorriu simpático em convite.
— ... — fiquei sem uma resposta, mesmo sabendo o quanto eu queria aceitar o que ele propunha. Como se percebesse, ele brincou com a situação para me deixar mais tranquila sobre sua proposta amigável;
— Eu posso esquecer que me atrapalhou nas notas quando chegou, se aceitar meu convite... — arqueou uma sobrancelha divertida. Eu sorri com sua brincadeira. Ele riu baixinho e depois relaxou me estendendo uma das mãos frias.
![](https://img.wattpad.com/cover/211665622-288-k946082.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Enfeitiçados pelo Destino
FanfictionEssa é a versão que costura as principais novelas do universo de Mystery Spell, original de Claire Zamora e Studio 1492. Sinopse: Após a morte repentina de seus pais, Sally Wilson, uma das protagonistas dessa novela, arranja um trabalho de babá e...