Enfeitiçados pelo Destino

Capítulo 10 - PARTE 2

Sabrina

De repente, pude ouvir passos muito próximos da porta onde eu escutava os abafos da conversa entre os irmãos. Tive que me afastar depressa enquanto tentava disfarçar boa parte de minha reação diante do que foi ouvido.

Drogo passou por mim totalmente neutro, como se irrelevante ao diálogo que teve com Nicolae. Mesmo que ele estivesse absolutamente naturalizado, por algum motivo, eu senti que ele havia me pego no flagra. Culpada por ter me escondido atrás da porta.

Assim, muitos pensamentos passaram pela minha cabeça mesmo que eu tentasse ser intocável. Abaixei a cabeça de vergonha e comecei a retomar rapidamente as minhas principais surpresas. Eu havia sido tão incoerente e desnecessária com as garotas? Elas realmente estavam ligadas ao sobrenatural e reveladoramente a família Bartholy agora...E eu tinha sido injusta, não compreendi que era devidamente certo que elas ficassem sabendo antes de mim sobre quais eram as figuras dos Bartholy. E eu nem podia imaginar que Sarah e Isabel também não tivessem relação parecida com Maya e Sally já que sabiam e conversavam sobre tanto juntas. Eu precisava pedir desculpas...Mas antes...Me estava vindo mais um pensamento, um pouco mais incômodo e de sentimento constante de ser prioridade:

Havia Drogo sentido mesmo algo a meu respeito que me ligasse ao Viktor? Isso deixaria tudo mais estranho, mas entendível em certo ponto...Apenas pelo fato de ele estar ligado com o processo de luto de Nicolae para com minha eu do passado Amélia.

Não pude mais me questionar sozinha, assim que me vi compartilhar ainda do mesmo espaço que o homem dos meus sonhos. Tive um vislumbre de sua silhueta elegantemente alta e harmoniosa antes de ser chamada por sua voz baixa e clara:

— Tudo bem, minha querida Sabrina. Podemos continuar de onde paramos...

Sensitivamente fui me aproximando da porta da sala novamente. E, tímida com as informações recentes que eu guardava em minha mente, demorei um pouco para conseguir me manter olhando diretamente para seus olhos acinzentados e tentadores.

— Lamento pelo que o meu irmão disse...Ele tem um temperamento realmente difícil e as vezes pode acabar exagerando, mas...Sei que já deve compreender o que penso sobre essa situação — insinuou vagamente, o que me pegou de surpresa. Finalmente ele fisgou minha atenção com tamanha precisão. Suas sobrancelhas estavam arqueadas, revelando que eu não poderia esconder nada dele. Realmente um vampiro muito habilidoso e experiente...

— Eu não me sinto tão indiferente com o que ele disse...

— Acontece quando não se conhece o Drogo em seus estágios. Veemente há uma constante motivação em ser teimoso e persistente em certas questões quando ele compartilha um desejo emocional com nosso pai. As emoções acabam ficando um tanto quanto instáveis...E eu sinto por ele.

— Parece tão seguro em crer que seu criador esteja interessado em um espelho raro e não em uma pessoa com a qual ele conhecia...

— Viktor nunca conheceu Amélia. Ele se ambientou e se aproveitou do meu lamentável luto com único objetivo de me usar a favor de suas demandas que, ocasionalmente, coincidiram com as dele.

Eu quis reparar sobre o fato de ele ter aparecido em sua vida de repente, mas decidi me direcionar a um argumento que me parecia mais adequado e certeiro:

— Sally e Maya nunca disseram uma palavra sobre terem conhecido Viktor Bartholy. E mesmo assim ele parece ser perigo para elas.

— Esse é um argumento inválido, já que as garotas, apesar de nunca terem o conhecido, têm uma carga hereditária que sempre o interessou em toda sua existência. E por isso não se pode dizer que ele tenha interesse em todo mundo. E por isso não se pode dizer que ele tenha interesse em você, principalmente — certo de suas palavras, Nicolae foi metodicamente me alinhando aos seus pensamentos apenas com a força de sua confiança. Em instantes me deparei pegando em sua mão, assim que ele me conduzia até próxima as vidraças do espaço. Os raios de luz do lado de fora pintaram imediatamente nossos rostos e o calor das proximidades da grande janela deixavam a frieza do toque de Nicolae leve e fresco — Não se há nada que prove o contrário, exceto os anseios do meu irmão que ainda está se trabalhando nessa questão...Não se preocupe com o que ele disse. Confie em mim, Viktor não poderia ter qualquer coisa relacionada a você — por intuição talvez, ele levou uma das mãos a acariciar meu rosto enquanto eu o permitia fazê-lo, como jamais antes tendo experimentado tanta ternura e carinho que seu gesto de conforto trazia para mim. Ele estava realmente se dedicando às minhas questões — Não precisa ter medo, nós vamos cuidar de você e de seus sonhos. Juntos — ele complementava com uma certa suavidade nos olhos.