CAPÍTULO 7 - PARTE 3

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Autora Narrando

Naquela mesma hora em que a presença de Sally foi notificada, Maya se dirigiu ao corredor do andar em que estavam e apanhou o braço da amiga confusa. Sally levou um susto com o contato repentino e de quem ela menos esperava. Essa olhou para a loira atordoada, mal imaginava o que ela estaria fazendo ali tão cedo. Com uma das mãos sobre o peito ela se forçou a se acalmar enquanto escutava Maya dizer:

— Sally se acalme, está tudo bem! Não sei o que você viu ou ouviu...mas eles não são um perigo!

— Eu te disse...Espera, como assim!? Eu vi... — antes que pudesse completar a frase que refletiriam nas visões que a moça teve naquela manhã, a figura de Peter se esgueirando e surgindo das sombras atrás de Maya a fez se arrepiar, e como nunca antes, duvidar da companhia de Peter — Ele te hipnotizou..? — cogitou.

— O que..? — Maya olhou para trás até entender — Não, Sally! Ele não fez nada comigo e não fará...

— Não faz ideia do que está falando! — impaciente, Sally se recordava das imagens peculiares que ainda rondavam sua mente — Seja o que eles forem, quero que fiquem longe de mim! — cansada, impediu Maya de prosseguir em defesa contra as quase certeiras acusações de Sally. Correu até sua suíte e fechou a porta atrás dela. Todos pareciam loucos para ela e Maya não podia entender o que ela havia visto. Estava tão assustada que quase não podia pensar retamente em alguma outra coisa, como para onde ela iria.

Enquanto a moça arrumava o que via pela frente dentro de sua pequena mala de viagem, do outro lado da porta, no corredor, os outros hóspedes presenciavam a chegada do Bartholy responsável pela casa com a irmã menor.

Com lentidão e esperteza, ele não poderia ter deixado de notar o silêncio incomum na sala principal. Uma ruga de preocupação marcou levemente sua branca testa lisa. Lorie, uma criança, porém cheia de séculos de experiência, também não estava alheia a situação e logo sua curiosidade foi atiçada.

Nicolae focou apenas nos sentidos mais expostos: barulhos de móveis, respiração acelerada, piano parado. Depois, foi a vez da razão colaborar. O que chamaria a atenção de todos tão rapidamente? Só poderia significar uma coisa.

Subindo as escadas, o irmão mais velho já se preparava mentalmente para o que viria a seguir. Aprontou Lorie para mandá-la ao seu quartinho rosa e após ser atingido pelo olhar ferido de sua querida irmã, avaliou as circunstâncias da situação diferente que lhe pesava a consciência.

Nicolae encarou os dois no corredor em um silêncio quase inquietante. Seus olhos cinza cristalinos analisaram as feições de Maya, percebendo nitidamente sua calma cotidiana, estranhou dada suas suposições sobre o que estava acontecendo, mas mesmo assim tinha a sensação de que ela poderia realmente ter compreendido tudo aquilo. Quem precisava de um auxílio era Sally, por hora ela era o importante.

Antes que Nicolae pudesse se virar em direção ao quarto da moça, o astuto e direto Peter lhe pronunciou a certeza que Nicolae procurava ter:

— Elas sabem.

— Eu compreendo. Obrigado, Peter. Se Drogo chegar, peça que ele fique aqui e na dele até segunda ordem — agradeceu, e então resgatou os olhos tranquilos e um pouco intrigados de Maya — Preciso conversar com a sua amiga. Pode me esperar aqui, Senhorita Miller?

Sem hesitar, Maya balançou a cabeça positivamente e sorriu confiante da palavra do Bartholy mais velho da casa. Com isso, Nicolae arregaçou as golas de suas mangas bufantes e colocou uma das mãos preenchidas por joias na maçaneta da última suíte do corredor.

Se adentrando do quarto, mal pode ter a recepção de Sally, pois a mesma não havia se quer o notado ali. Sua presença era automaticamente ocultada pela sua ocupação demasiada com as malas, que na verdade também preenchiam o vazio que ela sabia existir sobre o que faria em seguida.

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