Capítulo 2 - 6 horas de contágio

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Tom on

Eu já percorri muitas estradas, muitos caminhos diferentes, diferentes situações, por diferentes tempos e em todos os momentos eu senti exatamente isso. O frio na espinha atravessando-a por completo como um rasgo, a tremedeira na mão direita e a sensação de fim do mundo.

Não que grande parte dessa sensação me importava agora, recostado a bancada observo meu melhor amigo pular freneticamente a cada beat da música, a ruiva a sua direita pulava no sofá com a garrafa de vodka em sua mão e a sua esquerda. Ah! A sua esquerda estava ela de olhos fechados mexendo lentamente seu corpo. Conseguia observar daqui todos os seus pelos arrepiados e tenho certeza que é pela droga em seu corpo.

- Você não vai conseguir - Sua risada é anasalada e deu um levo soco em seu ombro - Eu não vou tentar - digo calmante para ele sem desviar o foco uma única vez de seu corpo - Ela está drogada demais para saber o que quer -digo sinceramente, tenho princípios assima de qualquer tesão.

- Seu moralismo me cansa Holland - o moreno vira uma grande quantidade de cerveja - O único motivo pelo qual ela gostava de mim, era que eu sabia enlouquece-la.

- Tanto que ela negou seu pedido de namoro três vezes - rio alto - Será que a namorada e melhor amiga sabe de todas as noites escondidas no quarto? - seu olhar poderia me dilacerar ao meu.

- Eu nunca a trai - seu dedo chega perto do meu rosto - Eu conheço a história inteira, era eu que ouvia todos os detalhes pelas ligações - tiro calmamete o seu dedo do meu rosto - Só estou dizendo que talvez ela não sentiu nada que você sentiu, senão qual seria o motivo de ter recusado? - Você é a porra de um cuzão - Sua risada é sincera, ele sabia que qualquer coisa que ela tenha sentido não foi o suficiente.

Caminho até o andar de cima e paro na sacada de um dos quartos. Era lindo, toda a pequena cidade ali quase que a palma de sua mão.

- Parece que podemos tocar, né ? - ouço a voz doce de Gaia ao se aproximar e apoiar os cotovelos na madeira - É como se quase estivesse na palma da nossa mão - solto um riso nasalado por suas palavras expressarem meus pensamentos.

- Acho que vai ser fácil se acostumar a vista esse semana - sorrio e finalmente me viro para ficar de frente para ela, mesmo que seu corpo ainda estivesse de lado só me dando a vista de seu perfil a observar atentamente todas as luzes - É fácil se acostumar com vistas bonitas - seu corpo se virou para mim. Foi impossível não conter o sorriso de canto, eu entendi aonde ela queria chegar.

- Certas paisagens são tão lindas que é impossível conter a vontade de toca-las - a ponta de meus dedos toca seu queixo fino - Eu não estou com vontade de te beijar, Tom - Sua voz é fraca e sorrio mais ainda - Quem disse em Beijo, querida ? - me aproximo de seu corpo e consigo olhar seu rosto por cima e seu pequeno movimento em levanta-lo para me encarar faz minha respiração se apertar.

- Mas você está com vontade - seu sorriso é tão diabólico e subo meus dedos para seus lábios - Sabe o que me excita, Tom ? - Sua voz é tão calma e minha mente grita "eu quero saber tudo que te faz ficar excitada,querida" - Diga - minha voz sai muito mais grave do que eu gostaria.

- Isso - seus lábios beijam meus dedos lentamente e aperto o batente da sacada com toda minha força, na mais pura tentativa de não jogar toda moral para o inferno e agarrar esse corpo por inteiro - Eu vou te dizer como vai ser - ela sorri e toca meu rosto - Eu vou te provocar a noite inteira, de várias maneiras possíveis, até você sentir que só precisa que seja sua - agarro sua cintura e aperto - Mas eu não vou te beijar, não vou te tocar e nem você vai me tocar. Só vai me desejar, é isso que me excita britânico - seus olhos percorrem o meu antes de sumir pelo corredor.

Gaia não mentiu o resto da noite foi uma completa tortura, suas danças a me olhar, o jeito como levava a garrafa até a boca e me olhava sem tirar o foco dos meus olhos por um segundo.

....

Eu não sei em que momento se chegou a esse estado, talvez foi as centenas de garrafas de álcool pelo chão, ou as balas de êxtase pela mesa ou até mesmo a erva jogada pela casa. Nenhum dos quatro tinha mais seu raciocínio e tive a certeza disso quando em meio aos flash de luz colorido que passavam por minha visão, pude ver Gaia sentada no colo de Michael a rebolar lentamente.

Tento ao máximo percorrer o sofá a procura de Raquele e entender como isso estava acontecendo, mas meu cérebro entende assim que a vejo deitada no chão a se masturbar olhando cena. E nesse instante eu lembrei o quanto amava todas as festas com meu melhor amigo.

Minha atenção volta a morena, qualquer outro olharia para a ruiva a se tocar ali no chão daquela casa, mas esse não era meu foco, meu foco era ela, era fode-la de várias formas, mas só quando ela implorasse por isso. Os dois se beijam lentamente, enquanto a morena esfrega seu corpo em Michael, que por outro lado apertava tão forte a bunda da morena que era nítido que ali teria uma marca ao amanhecer.

Gaia, como a deusa, eu vou te tocar de formas tão mais prazerosas, tão mais violentas. Meus dedos percorrem até a borda do meu jeans para abri-lo, mais meu corpo estava tão fora de si que nem força se existia ali, meus olhos foram fechando aos poucos junto com os flash da morena a rebolar.

..

- Não - meu corpo pula ao ouvir um berro repleto de desespero, mas meus olhos estavam tão cansados que decidir dizer a mim mesmo que era apenas um sonho e poderia voltar a dormir - Amor, fica calma. Eles provavelmente estão exagerando - Eu reconheço essa voz esse merda até nos meus sonhos vem me atormentar - AS PESSOAS ESTÃO MATANDO UMAS AS OUTRAS SEM MOTIVO, MICHAEL? - meu corpo se arrepia esse sonho tá muito real - Eles vão exagerar em fechar todas as estradas?

Nesse instante meus olhos se abrem bruscamente e mesmo com a dor de encontrar a luz do som, posso ver Michael tentando abraçar Raquele que grita e Gaia sentada com as mãos sobre o rosto e nesse instante eles percebem que acordei.

- Irmão alguma coisa séria aconteceu lá embaixo ontem de noite - Sua voz tenta passar calma, porém o conheço o suficiente pra sentir o desespero nela.

DILÚVIO • tom •Onde histórias criam vida. Descubra agora