Capítulo 22 - 28 dias de contágio

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Acaricio seu rosto novamente na fula tentativa de fazer esse momento durar mais, o beijo na simples luta de o eternizar em meu corpo. A duvida de sua partida fez meu peito se apertar ainda mais, me fazendo ficar surpresa do quanto alguém pode aguentar uma angustia, devido toda a que já me cercava pelos acontecimentos desse quase um mês.

- Tudo bem, pequena ? - suas mãos passam pelo meu rosto e subo o olhar ao seu encontro, seus olhos pareciam olhar por dentro de minha alma, suas mãos desceram para minhas costas desenhando círculos com as pontas dos dedos, seu rosto tinha pequenas gotas de água e sorrio - Obrigada - vejo suas sobrancelhas erguerem em confusão.

- Obrigada por tudo, Thomas, eu minimamente não sei o que seria viver nesse inferno se você não me desse pequenas doses do paraíso em nossos momentos - seus olhos percorrem agora cada detalhe do meu rosto, delicadamente, como se estivesse a gravar o momento. A brisa bate em minhas costas molhadas pelo rio junto ao balançar da água.

Ele move mais seu corpo para a pedra, nos puxando um pouco mais para fora, fazendo com que apenas nossas pernas estejam em contato com a água, me agarra mais em seu colo e me puxa para um beijo. Um beijo diferente de todos que já havíamos dado antes, todos sempre eram carregados de muito desejo, mas esse era diferente, como se seu toque houvesse mudado. Ao invés do puro desejo, ele me trazia paz, me levava a um lar que nunca tive em toda minha vida. Era como se finalmente depois de anos de batalhas, depois de anos aguentando cada pancada da vida, cada tentativa de desistir, cada pedacinho do meu coração partido a vida finalmente resolveu me recompensar.

- Você é o sopro de ventania mais devastador da minha vida - suas mãos me apertam tão forte - Eu já achei que havia dado toda minha devoção a alguém antes, mas isso, Gaia Wind, supera qualquer passado.

Agarro seus lábios junto aos meus rapidamente e pude sentir sua ânsia pelo meu toque, nunca agradeci tanto por Michael e Raquele  saírem para procurar comida. Suas mãos agarram minha cintura e me viram tão rapidamente, fazendo minhas costas encostarem na pedra, seus lábios descem de meus lábios apara meu pescoço, o toque doce faz um arfar sair de minha boca. 

Seus lábios agora descem pelo minha clavícula, chegando aos meus seios, sua língua começar a fazer movimentos circulares por sua volta e pouco a pouco a paz vai sumindo para dar vez ao desespero que é seu toque, a angustia por mais, o frio na barriga que parece que vai percorrer por todo meu corpo, a respiração que se descontrola facilmente a mínima troca de pele.

As suas mãos descem para a borda da minha calcinha a puxando com força para baixo, seus movimentos são rápidos ao retirar o restante de sua roupa, seu tronco se posiciona por cima do meu e suas mãos abrem com força minhas pernas.

- Eu te desejo até nos meus momentos de quase morte - seu membro se esfrega em minha intimidade já molhada - Eu te desejo em todos os segundos do meu dia - sua voz arfa em meus ouvido enquanto sinto cada parte de seu membro desejando-o por completo em mim - Eu preciso de você - minha voz sai fraca e sem piedade ele entra, tão forte que minhas costas raspam na pedra trazendo a sensação de arranhar a elas, segundos, foi o que precisou, segundos foi o suficiente para minha mente me levar para longe dali, para um lugar muito além que as florestas de uma cidade vizinha, muito mais longe que o toque de Thomas, minha mente me arrastou sem piedade para aquela maldita noite. Para o maldito momento que as mãos do loiro me empurraram ao chão fazendo minhas costas arranharem no chão de concreto.

Sem qualquer permissão as lágrimas inundam meus olhos, respiro fundo tentando as colocar de volta "foram apenas segundos de distração" repetia demasiadamente  em minha cabeça, tentando fazer com que elas voltem, mas não sou obedecida, elas começam por conta a cair dos meus olhos. Tom logo percebe e sai apressadamente de mim.

- Acabou - seu corpo puxa o meu para seu colo - Foi só uma horrível lembrança - como se já soubesse, sem ao menos precisar usar minhas forças ele já sabia, ele já sabia - Ele nem mais ninguém a tocará enquanto eu estiver vivo - suas mãos acariciam meus cabelos.

- Foi só um segundo - digo em pausas pelo choro - Eu sei, meu amor - ele deposita um beijo no topo de minha cabeça e me aperta mais ao seu corpo - Só Deus sabe o quanto deve ser difícil ter o visto novamente, está tudo bem, você deve se permitir sentir essa dor sem culpa - seu toque se intensifica - Infelizmente e felizmente somos humanos capazes de lembrar de quase todos os acontecimentos de nossa vida, alguém tirou de ti o que lhe havia de mais lindo, alguém arrancou a força sua inocência no mundo sem que ao menos permitisse, isso não tem como ser esquecido, por mais que mil anos se passem - Tom levanta meu rosto fazendo com que olhe em seu olhos - Não se culpe por ser humana - ele sorri tão delicadamente que minhas lágrimas parecem que sentem a necessidade de se recolher - Ser humana é o que vai te fazer se lembrar de mim, de nós, mesmo que anos se passem.

Deito em seu peito e respiro profundamente, tirando toda dor e rancor que ainda havia em mim. Eu sabia que Tom o havia matado, não precisava ser um gênio ao perceber isso, a dor que eu senti, ninguém mais sentiria, ele não faria isso com mais ninguém. E só os Céus sabiam que essa era a parte que mais doía, saber que outras passariam por isso, que ele iria em algum momento fazer isso novamente e eu não tive coragem para fazer nada, não tive coragem suficiente para dar um basta em tudo isso.

Mas agora eu sei que ninguém nunca mais terá esse poder sobre mim, sobre minha vida e por mais que meu coração se parta toda vez que lembre, agora eu, apenas eu, sei o quanto sou forte por chegar até aqui, até esse dias, até esse momento, até essa mulher que sou hoje. Não importa o sofrimento eu sou apenas uma humana frágil, fadada a lembrança. 


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Que os últimos seis capítulos comecem 

DILÚVIO • tom •Onde histórias criam vida. Descubra agora