Capítulo 21 - 28 dias de contágio

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Tom on 

Quando era criança aos cinco anos meu avô me ensinou a andar de patins, ao menos ele tentou, aos seis decidi que andaria de bicicleta ele com toda calma me levou ao quintal e tentamos novamente, sem êxito é claro. Aos oito queria saber tocar guitarra, fomos a lojinha mais próxima e ele comprou todos os equipamentos, mas para variar o instrumento ficou pegando poeira depois de duas semanas. Só aos dez acordei pela manhã decidido a jogar futebol americano, ele novamente com plena calma me matriculou em uma escolinha, aos doze erguia minha primeira taça. Ao voltarmos para casa, enquanto eu acariciava sem pressa minha grande conquista ele olhou pelo retrovisor e disse ''Não importa quantas falhas aconteçam, se ama alguém sempre confie que um dia todo seu esforço irá valer a pena''.

Eu nunca havia o entendido até estar descendo calmamente os degraus da escada pronto a enfrentar quem seja para protege-los. Eu pensei no fato que nunca mais poderia vê-la, que nunca mais jogaria com Michael, mas valia apena, pela primeira vez me sentia alguém que merecia amor. Alguém que não trocaria tudo por  noites vazias, festas rasas, bebidas sem gosto, mulheres por diversão, drogas por curtição. Eu mataria e morreria apenas por uma.

Chuto a porta com força vendo os três homens a sorrir, mas meu alvo ainda permanecia intacto no capo, como se soubesse que estava apenas a sua procura.

-Eu sempre tive a curiosidade se vocês falam - sorrio ao descer dois degraus - Vamos lá caras, eu tenho tantas perguntas - delicadamente levo minha mão para trás pegando a arma com cuidado e a deixando engatilhada nas minhas costas, enquanto um deles se aproximava furiosamente.

Sinto um soco forte ser depositado em meus rosto e forço meus pés ao chão para não cair, deixo seu corpo se aproximar mais me dando mais um soco, agarro um de seus braços com minha mão livre o grudando em meu corpo. Com rapidez trago a arma a frente e a posiciono no meio de nossas barrigas.

-A primeira é se vocês sangram - olho no fundo de seus olhos pressionando o gatilho, o coice da arma me faz cair ao chão junto de seu corpo, antes que possa me mexer sinto meu cabelo sendo puxado com força me fazendo ficar de joelhos.

O segundo homem prende meus braços dando completa liberdade para o terceiro dar um chute na boca do meu estômago, meus ombros se caem e novamente sinto meu cabelo sendo levantado me obrigando a olhar suas pupilas vermelhas dilatarem ao socar meu estômago novamente.

-Você tem que ter mais cuidado com suas vítimas, irmão - as palavras são ditas junto as gotas de sangue que escorriam por meus lábios - Matar alguém imobilizado é muito fácil - com a perna ainda sobre o chão dou um chute de impulso na panturrilha do moreno a me prender o fazendo se desequilibrar por um segundo, o único segundo que precisava para erguer as duas mãos ao seu pescoço e o puxar para frente, fazendo o cair estirado ao meu campo de visão.

Meus braços correm a uma pedra que estava próxima de nós, miro no rosto do loiro que antes me batia e jogo a mesma o acertando, seu corpo vai caindo devagar até bater a cabeça nas rodas do carro. 

Me levanto e agarro o moreno pelo colarinho da blusa o arrastando pelo chão até dar a volta no carro. 

-Deveria escolher melhor quem te protege - jogo seu corpo no pé de João que agora estava sentado na beira da camionete, seus olhos vermelhos descem de cima abaixo em meu corpo e viro o pescoço para os dois lados os estralando.

Sua mão vai devagar ao bolso tirando um canivete, seu corpo se agacha e grava o mesmo no crânio do moreno, sem tirar os olhos dos meus por nenhum segundo. Engulo em seco e acabo por sentir cada pelo do meu corpo se arrepiar.

Seu corpo se levanta e pisa em cima do homem estirado ao chão - Quem você está protegendo ? - sua voz é grossa, grossa e medonha o suficiente para fazer meus pelos se arrepiarem novamente, como a porra daqueles filmes de terror - Quem eu não posso matar ? - um sorriso surge em seu rosto, mas seus dentes são completamente podres.

- Alguém que nunca irá tocar novamente - corro ao seu encontro depositando um soco em seu rosto , mas logo sinto seu contra golpe. Nossos corpos caem ao chão sem se desgrudar por um segundo, minhas mãos doem pelos incontáveis golpes. 

Fraquejo e sinto minhas costas bateram ao chão, tento abrir os olhos, mais seus socos ao atingir meu rosto impendem. Eu já pensei em morrer de várias formas e definitivamente não era dessa forma que me deixaria morrer.

-Assim que arrancar toda a pele do seu corpo - seus socos param e seu rosto se aproxima ao meu, me fazendo sentir o bafo de carne podre que vinha de sua boca - Eu vou matar quem você tanto protege -  a falta de seus golpes dão a minha mente o tempo de pensar e meus dedos com dificuldade se esticam pela areia e pelo sangue fresco, sinto o vômito a vir quando minha pele encosta na ponta do cérebro do moreno onde o canivete estava enterrado - E como eu quero que seja um mulher - ele atinge um soco no meu estomago e cuspo o sangue  - Eu vou comer ela inteirinha, de todos os jeitos - um sorriso maléfico brota em seu rosto.

- Você nunca mais vai encostar na minha mulher - tiro com rapidez o canivete enterrado o cravando em seu pescoço apenas para depois  desliza- ló por toda sua extensão. Meus olhos vão de encontro ao seu e consigo  ver o vermelho nos mesmo se esvair junto com seu ultimo suspiro.

Seu corpo cai em cima do meu me cobrindo ainda mais pelo sangue, berro ao tirar o mesmo de mim. Me viro com dificuldade e tento levantar três vezes, mas acabo por apagar ali mesmo.

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Percorri dez quilômetros mata a dentro por três dias, pensando em desistir toda noite e enfiar uma bala em minha cabeça, mas pela primeira vez nesses dias o cinza do mundo se desfez aos meus olhos encontrarem o corpo molhado do moreno.

Seus dedos aparecem primeiro percorrendo o peito de Michael, logo após seu rosto foi surgindo delicadamente de trás do moreno. Ali estava minha própria obra renascentista.

- Thomas - sua boca grita meu nome enquanto corre ao meu encontro - Wind - agarro seu corpo quando o mesmo pula em meus braços, tenho a plena certeza que estou a apertar demasiadamente seu corpo - Eu achei que nunca mais o veria - seu corpo se afasta sorrindo para mim, nesse instante nada mais era tão relevante - Eu disse que te acharia - sorrio de volta.

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FALTAM APENAS 8 CÁPITULOS PARA O FIM DA MINHA HISTÓRIA FAVORITA DE AMOR 

DILÚVIO • tom •Onde histórias criam vida. Descubra agora