Capítulo 10 - 10 dias de contágio

306 26 11
                                    

As luzes lá embaixo já se acendiam menos a cada dia, menos traços de esperança, menos traços de felicidade na minha vida. Tudo era como um borrão cinza, nenhuma sensação de paraíso. Como se estivesse trancada a sete palmos da terra.

- Seu jantar estava ótimo - a grossa voz invade meus pensamentos me fazendo virar para o moreno sem camisa e com o corpo molhado, exatamente como hoje pela manhã e concluo que o mesmo acabou de sair do banho - Obrigada - digo seca voltando a atenção para a paisagem - Por que fica tanto tempo sentada nessa janela ? - sua voz é calma.

- És o tempo que minha mente decide se me jogo ou não - falo risonha e vejo seu rosto fechar por completo - Estou brincando com sua cara - minto - Tudo parece tão calmo, né ? - seu corpo se aproxima e para na beirada da janela, fazendo meu braço encostar em seu peito nu - Mas não está - levanto a cabeça encarando seu rosto - Não vai amanhã, por favor - minha voz sai tão baixa quase como um pensamento que escapou de minha mente.

- Eu preciso, querida - seus dedos percorrem por meu rosto enquanto olha para meus lábios - E se você não voltar ? - minha garganta da um nó - Eu sei que Michael irá cuidar de você durante cada segundo - ele sorri com sinceridade, ambos sabiam que isso era a mais pura verdade.

- Mas e se eu não quiser que ele cuide de mim? - viro minhas pernas para sua direção, ainda permanecendo sentada, mas agora cara a cara - Eu sei que sabe se cuidar sozinha e não precisa de ninguém - ele sorri, não entendendo minha frase - Você não entendeu - sua sobrancelha se ergue - Eu não quero dormir com outra pessoa pela noite, nem conversar com outra pessoa até pegar no sono, ou ler durante o dia com outra pessoa - sou completamente sincera, ninguém sabia quando essa quarentena iria acabar, se o contágio iria se espalhar, ou se iria aguentar olhar para o homem que amo com outra todo dia, mas com Thomas era mais fácil de encarar os dias, eles se tornavam tão mais suportáveis.

- Eu irei voltar, prometo - sua mão vai ao meu queixo enquanto seu corpo se abaixa, deixando seu rosto a minha frente - Sabe que não pode prometer isso, Thomas - ele sorri e não entendo - Por que está sorrindo?  O assunto é sério - o alerto.

- Meu nome é tão lindo saindo dos seus lábios - seu sorriso é tão perverso - Thomas, você pode morrer amanhã e está me cantando ? - digo seriamente, indignada com sua imaturidade para o assunto - Eu não estou brincando, você não entendeu que pode ter um desses selvagens pelo caminho e te matarem, Thomas - meu tom de voz é grave e o vejo sorrir - Baby - seus dedos apertam meu queixo e seus olhos fitam os meus com tanta intensidade - Se me chamar de Thomas novamente, eu juro que te fodo inteira aqui nessa janela mesmo.

Sinto todos os pelos do meu corpo  se arrepiarem e minha respiração a errar o passo e o britânico percebeu isso, dando quase que uma espécie de coragem a esse seu lado.

- Se eu tiver que morrer amanhã - ele se ergue novamente me fazendo levantar a cabeça para o olhar - Adoraria que minha última lembrança seja meu corpo no meu de suas pernas - sua voz é tão grave, como se ele fosse outra pessoa nesse momento, seu olhar a me encarar de cima com tanta luxúria fazem arrepios pelo meu corpo - Você quer ser minha o tanto que quero ser seu? - as palavras são ditas com tanta cautela enquanto o mesmo se ajoelha a minha frente, agora me olhando por baixo.

Minha voz se perde entre meu corpo, como se nem força para isso tivesse - Eu te quero tanto, Gaia - seus dedos tocam minhas panturrilhas e vão subindo delicadamente pelas minhas coxas, parando a centímetros de minha virilha - Se soubesse tudo que imagino, querida - um beijo molhado é depositado no interior de minha coxa e joga a cabeça para trás respirando fundo e inclinando meu corpo mais para a direção de seu rosto quase que como uma súplica para que a última coisa que faça seja parar - Tantas coisas sujas, deusa - suas mãos sobem para meu quadril o apertando com tanta força que sabia a cor que  estaria o local no outro dia - Eu preciso que me permita fazer isso contigo, baby - seus olhos encaram os meus pela primeira vez e balanço a cabeça em um sim.

DILÚVIO • tom •Onde histórias criam vida. Descubra agora